|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BOXE
Título desvalorizado
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O assunto da semana no
mundo do boxe é o fato de
Evander Holyfield ter amanhã a
chance de ser o primeiro tetracampeão dos pesados. Um feito
inédito, histórico, que no passado
foi tentado por Muhammad Ali.
Mas agora é hora de pôr o provável feito de Holyfield em perspectiva. Qual seria o valor de um
cinturão obtido à custa de uma
vitória sobre (o desconhecido)
John Ruiz, que ascendeu nos rankings mundiais mais pelo trabalho de bastidores do polêmico
Don King do que por mérito?
Aliás, Ruinz, ooops, Ruiz, não é
tão desconhecido assim. O nocaute sofrido por ele em só 19 segundos para David Tua foi um dos
mais brutais nos últimos tempos.
Depois da derrota para Tua,
Ruiz ""redimiu-se" com vitórias
sobre desconhecidos e sobre o ex-campeão Tony Tucker, que aposentou-se logo depois. Para a Associação Mundial de Boxe, foi o
bastante para posicioná-lo em
primeiro do ranking mundial.
Pior, o cinturão pelo qual estarão lutando foi tomado no tapetão de Lennox Lewis. Tudo porque o britânico preferiu enfrentar
antes Michael Grant (que tinha
currículo superior ao de Ruiz,
com vítimas como Andrew Golota, Obed Sullivan e Lou Savarese).
Tudo bem, Ruiz era o desafiante oficial. Mas como Lewis já havia concordado em dar a ele uma
chance (após Grant), custava a
AMB, ou quem quer que estivesse
por trás da destituição, ter tido
um pouquinho de paciência?
E é bom lembrar que Holyfield
teve duas chances para tomar o
cinturão do inglês, mas não o fez
(empatou o primeiro combate e
perdeu por pontos na revanche).
Para mostrar que o ponto de
vista desta coluna é compartilhado por muitos, Lewis foi apresentado como o ""verdadeiro e indiscutível campeão dos pesos-pesados" antes de sua última defesa.
Mas não são só as circunstâncias que levaram à luta Holyfield-Ruiz que desvalorizam a possível
e provável conquista de Holyfield.
É só considerar que, à época que
Floyd Patterson tornou-se o primeiro bicampeão da categoria,
havia só uma versão do título.
Quando Ali conquistou o tricampeonato, já havia duas (AMB e
Conselho Mundial de Boxe).
Agora, Holyfield é beneficiado
por contar com três frações
(AMB, CMB e Federação Internacional de Boxe). Ou quatro, se a
Organização Mundial de Boxe
for considerada. Ou infinitas, se
ganharem credibilidade a Associação Internacional de Boxe, Federação Mundial de Boxe, Organização Internacional de Boxe,
Associação Nacional de Boxe etc.
Do ponto de vista histórico, porém, caso vença, Holyfield será de
fato considerado o primeiro tetracampeão, e ninguém poderá fazer
nada a respeito. Mas isso não vai
alterar em nada seu status atual
junto à comunidade pugilística.
Falando francamente, Holyfield não precisa disso. Basta ver
quem bateu (para ler seu cartel
profissional completo, basta ir à
página desta coluna na Internet:
www.uol.com.br/folha/pordentrodosesportes/indexsex.htm)
para saber que Holyfield é um futuro membro do Hall da Fama.
O título de papel que pode ganhar amanhã não significa muito, se comparado a tudo que já
realizou. Pior, o coloca, pela primeira vez, no papel de vilão.
Brasil 1
Com o desinteresse, ou medo, de vários rivais em potencial de enfrentar Acelino Freitas, o Popó, os interessados
em sua carreira sondam agora o ex-campeão dos penas
Goyo Vargas para sua próxima luta. Na preliminar,
Harry Simon defende o título
dos médios-ligeiros da Organização Mundial de Boxe.
Brasil 2
O leve Edson do Nascimento
e o cruzador Rogério Lobo,
que assinaram contrato com
Don King, viajam no próximo mês para Miami, onde
passam a morar e treinar.
Brasil 3
O galo Alexandre Silva tenta
o título latino pela OMB, vago, em 1º de setembro.
Brasil 4
No dia 18, Marcos Duarte tem
revanche com o ex-campeão
dos médios Jorge Castro.
E-mail eohata@folhasp.com.br
www.uol.com.br/folha/pensata
Texto Anterior: Contusão tira Karch Kiraly da Olimpíada Próximo Texto: + Esporte - Pense: Marketing esportivo começa a atrair mercado editorial do país Índice
|