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FUTEBOL
Técnico diz que dinheiro foi devido a entrevistas; africanos, a amistosos
"Operação Líbia" rendeu US$ 500 mil para Zagallo
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
A empresa Dar El Ssada, que representa a Federação de Futebol
da Líbia, diz que a entidade pagou, além de US$ 500 mil à CBF,
outros US$ 500 mil a Mario Jorge
Zagallo para a seleção brasileira
disputar não apenas um, mas dois
amistosos contra os líbios.
A Confederação Brasileira de
Futebol, que em 1995 confirmara
ter recebido US$ 500 mil para
marcar uma partida em Trípoli,
avisa que os US$ 500 mil pagos a
Zagallo eram de ""caráter pessoal".
"Ele recebeu US$ 500 mil para
dar entrevistas que serviriam de
base para um livro que os líbios
estavam escrevendo sobre sua vida", comentou Marco Antônio
Teixeira, por intermédio da assessoria de imprensa da CBF.
O diário "Lance!" publicou ontem que a Dar El Ssada depositou
em 12 de setembro de 1995 US$
500 mil para Zagallo na conta
10.569 do banco Alpha Bahamas.
O técnico confirmou à Folha ter
recebido a quantia, mas afirmou
que foi por entrevistas à imprensa
líbia e aos produtores de um documentário sobre sua vida.
Indagado se o documentário
saiu, disse não saber. "Não sei se
fizeram um livro, um filme, não
importa. Até porque, se fizeram,
eu não falo árabe e não ia entender nada. Se me pagaram US$ 500
mil, sorte minha. Ninguém tem
nada com isso. Só sei que não foi
para marcar amistoso para o Brasil. Quem fazia isso era o presidente da CBF. Minha função era
dirigir o time, dá para entender?"
Em 1995, a seleção brasileira ficou de disputar um amistoso contra a Líbia, que pagou, pelo jogo,
US$ 500 mil à CBF. Mas a partida
não ocorreu em 6 de setembro,
como havia sido combinado.
Segundo os brasileiros, o confronto não aconteceu por ter sido
adiado pelos líbios. "Depois, eles
desmarcaram mais duas vezes,
por isso não devolvemos o dinheiro [os US$ 500 mil]", disse
Marco Antônio Teixeira, novamente por intermédio da assessoria de imprensa da entidade.
Mas Ali Safatli, representante da
Dar El Ssada no Brasil, informou,
também por meio de sua assessoria, que até hoje a CBF deve dois
amistosos aos líbios: um pelo qual
foram pagos US$ 500 mil à entidade presidida por Ricardo Teixeira, outro pelo qual foram pagos US$ 500 mil a Zagallo.
Na época técnico da seleção, ele
teria ficado de acertar uma nova
data para o Brasil jogar em Trípoli
e, em seguida, uma outra para a
Líbia retribuir a visita, jogando no
estádio do Maracanã.
A federação líbia, que é comandada por Al Saadi Gaddafi, filho
do líder Muamar Gaddafi, presidente de honra da entidade, já
mostrou interesse em enfrentar o
Brasil em novembro, quando a
CBF ficou de marcar o segundo
amistoso da seleção pós-penta.
Os brasileiros, no entanto, dizem que a partida não será contra
a equipe dirigida pela família
Gaddafi, acusada pelos EUA de financiar o terrorismo, especialmente nos anos 80. Um dos nomes cotados para dirigir a seleção,
que está sem técnico, no amistoso
era justamente o de Zagallo.
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