São Paulo, quarta-feira, 11 de setembro de 2002

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FUTEBOL

Técnico diz que dinheiro foi devido a entrevistas; africanos, a amistosos

"Operação Líbia" rendeu US$ 500 mil para Zagallo

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

A empresa Dar El Ssada, que representa a Federação de Futebol da Líbia, diz que a entidade pagou, além de US$ 500 mil à CBF, outros US$ 500 mil a Mario Jorge Zagallo para a seleção brasileira disputar não apenas um, mas dois amistosos contra os líbios.
A Confederação Brasileira de Futebol, que em 1995 confirmara ter recebido US$ 500 mil para marcar uma partida em Trípoli, avisa que os US$ 500 mil pagos a Zagallo eram de ""caráter pessoal".
"Ele recebeu US$ 500 mil para dar entrevistas que serviriam de base para um livro que os líbios estavam escrevendo sobre sua vida", comentou Marco Antônio Teixeira, por intermédio da assessoria de imprensa da CBF.
O diário "Lance!" publicou ontem que a Dar El Ssada depositou em 12 de setembro de 1995 US$ 500 mil para Zagallo na conta 10.569 do banco Alpha Bahamas.
O técnico confirmou à Folha ter recebido a quantia, mas afirmou que foi por entrevistas à imprensa líbia e aos produtores de um documentário sobre sua vida.
Indagado se o documentário saiu, disse não saber. "Não sei se fizeram um livro, um filme, não importa. Até porque, se fizeram, eu não falo árabe e não ia entender nada. Se me pagaram US$ 500 mil, sorte minha. Ninguém tem nada com isso. Só sei que não foi para marcar amistoso para o Brasil. Quem fazia isso era o presidente da CBF. Minha função era dirigir o time, dá para entender?"
Em 1995, a seleção brasileira ficou de disputar um amistoso contra a Líbia, que pagou, pelo jogo, US$ 500 mil à CBF. Mas a partida não ocorreu em 6 de setembro, como havia sido combinado.
Segundo os brasileiros, o confronto não aconteceu por ter sido adiado pelos líbios. "Depois, eles desmarcaram mais duas vezes, por isso não devolvemos o dinheiro [os US$ 500 mil]", disse Marco Antônio Teixeira, novamente por intermédio da assessoria de imprensa da entidade.
Mas Ali Safatli, representante da Dar El Ssada no Brasil, informou, também por meio de sua assessoria, que até hoje a CBF deve dois amistosos aos líbios: um pelo qual foram pagos US$ 500 mil à entidade presidida por Ricardo Teixeira, outro pelo qual foram pagos US$ 500 mil a Zagallo.
Na época técnico da seleção, ele teria ficado de acertar uma nova data para o Brasil jogar em Trípoli e, em seguida, uma outra para a Líbia retribuir a visita, jogando no estádio do Maracanã.
A federação líbia, que é comandada por Al Saadi Gaddafi, filho do líder Muamar Gaddafi, presidente de honra da entidade, já mostrou interesse em enfrentar o Brasil em novembro, quando a CBF ficou de marcar o segundo amistoso da seleção pós-penta.
Os brasileiros, no entanto, dizem que a partida não será contra a equipe dirigida pela família Gaddafi, acusada pelos EUA de financiar o terrorismo, especialmente nos anos 80. Um dos nomes cotados para dirigir a seleção, que está sem técnico, no amistoso era justamente o de Zagallo.



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