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TÊNIS
Empresário prevê que brasileiro, que prefere surfar a aparecer na TV, atingirá fama mundial em 2 anos
Kuerten aguarda o estrelato em casa
ROBERTO DIAS
enviado especial a Nova York
Em dois anos, o brasileiro Gustavo Kuerten vai se tornar uma
estrela mundial. A previsão é de
seu empresário, Jorge Salked.
"A única coisa de que ele precisa
é tempo", diz o peruano Salked.
"Veja outros jogadores. (Pete)
Sampras tem muitos anos (12) de
carreira, (Andre) Agassi também
(14 anos). Até o (australiano
Mark) Phillippoussis tem mais
tempo no circuito do que ele (seis,
contra cinco)", argumenta.
A consolidação da imagem do
brasileiro -e de seu apelido, Guga, que tenta emplacar como sua
marca- não deve passar por um
intenso marketing extraquadra.
A razão principal talvez seja o
próprio comportamento do tenista. Se, dentro de quadra exibe
um lado extrovertido, fora dela
mantém-se discreto, caseiro.
Enquanto algumas figuras ascendentes do tênis, como a russa
Anna Kournikova ou as irmãs
Venus e Serena Williams flertam
com Hollywood, Kuerten recusa
convites, seja para aparições em
novelas da Rede Globo, seja para
participar de desfiles de moda.
"Faço apenas os filmes e as fotos
para meus patrocinadores. Já sobra tão pouco tempo. Então,
quando sobra, eu prefiro ficar em
casa, curtir, surfar. Acabo recusando quase todos os convites
que recebo", diz ele.
"Ele é muito profissional, sabe
exatamente o que tem de fazer,
suas responsabilidades com os
patrocinadores. Mas não tem de
ir a Hollywood. Tem é que ganhar
torneios", afirma Salked.
Em geral, Kuerten, no máximo,
se permite dedicar tempo aos jornalistas. Suas entrevistas coletivas
são seguidas por longas falas a rádios e televisões, um fato incomum no tênis.
Às vezes, comenta partidas do
Avaí, a equipe para a qual torce
em Santa Catarina. Mas são poucas suas idas a programas de TV.
Até hoje, foi a apenas dois: o "Jô
Soares Onze e Meia" e o "Programa Livre". O número poderá aumentar nas duas próximas semanas em que ficará no Brasil -ele
já estuda novos convites.
"A estratégia para desenvolver
sua imagem é cautelosa. A principal preocupação é não sobrecarregá-lo. Não podemos tirar seu
tempo para jogos e treinos. E tem
de ter cuidado para não desgastar
sua imagem", diz Salked.
De qualquer forma, a boa campanha no Aberto dos EUA -chegou às quartas-de-final- parece
ter sido uma peça-chave em seu
caminho para se consagrar como
um nome mundial.
Até esse torneio, o brasileiro era
um fenômeno sobretudo europeu. Desde 1997, quando venceu
o Aberto da França (Roland Garros), a mídia de lá o trata como
um ídolo. Como o continente
concentra os principais torneios
em saibro, seu piso favorito, acabou sendo lá que Kuerten venceu
também suas outras quatro competições -dois em 99.
O aumento de sua fama colocou
o tenista ao lado do astro do futebol italiano Roberto Baggio na
campanha européia da Diadora,
empresa italiana de material esportivo que patrocina os dois.
Mas, nos EUA, até 12 dias atrás,
a situação era diferente. Sem
grandes resultados nos torneios
daquele país, o brasileiro chegou a
esta edição do US Open quase ignorado pela mídia local, a despeito de ter atingido as quartas-de-final na grama de Wimbledon.
Mas, à medida que foi vencendo
no torneio, Kuerten acabou descoberto pelos norte-americanos.
Destacou-se sobretudo por seu
estilo peculiar na quadra -gritando sozinho ou para a torcida o
tempo todo- e por causa de seu
estilo "surfista". Ganhou espaço
nos principais jornais do país e
despertou interesse até da conceituada revista "Sports Illustrated".
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