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FUTEBOL
De olhos bem abertos
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Duas apostas que, ao que
tudo indica, perdi: que o
Santos ainda conseguiria encostar no Cruzeiro e que o Grêmio
escaparia (no campo, bem entendido) do rebaixamento.
Dois perigos que rondam o Brasileiro: o fim prematuro da fórmula dos pontos corridos e, pior
que isso, uma virada de mesa que
impeça o eventual rebaixamento
de fundadores do Clube dos 13.
A desculpa para o primeiro desses golpes seria o suposto "desinteresse" de um torneio em que um
clube dispara na liderança, como
o Cruzeiro agora.
Já o pretexto para a marmelada
salvadora seriam as pendengas
jurídicas envolvendo escalação irregular de atletas e perda de pontos nos tribunais. Nossos dirigentes adoram uma bagunça que justifique a frase: "Agora que melou
tudo, vamos começar de novo do
zero". Ou seja, ninguém cai.
Só que, neste ano, se houver virada de mesa, ela vai ter de ser gigantesca, pelo menos se os classificados para voltar à Série A forem
o Palmeiras e o Botafogo. Acomodar esses dois na primeira divisão
sem rebaixar ninguém há de ser
um desafio mesmo para a genialidade da cartolagem brasileira.
Podem me chamar de paranóico, mas, por via das dúvidas, convém ficar de olho.
A campanha contra os pontos
corridos segue de vento em popa
na Rede Globo. Quarta-feira, durante o jogo Cruzeiro x Flamengo,
foi a vez de o ex-árbitro e hoje comentarista José Roberto Wright
sair-se com a seguinte pérola: "No
ano passado, com o mata-mata,
houve interesse até a última rodada. Neste ano, que interesse vão
ter as rodadas finais, se o Cruzeiro está tão na frente dos outros?"
Esqueceu um detalhe: a última
rodada do Brasileirão do ano
passado interessava só aos dois
clubes finalistas; os outros 24 já
estavam parados, tendo prejuízo.
Não existe nada mais repugnante no campo da comunicação
do que profissionais que assumem sem o menor constrangimento, como bonecos de ventríloquo, a voz do patrão.
O São Caetano botou o Corinthians na roda quarta-feira, na
estréia de Júnior como técnico. O
resultado só não foi pior para o
alvinegro porque Warley, depois
de chapelar um zagueiro e driblar
o goleiro corintiano, chutou a bola para fora. Nem ele acreditou
na obra de arte que ia fazendo.
Outro que tomou um baile na
quarta foi o Flamengo, no Mineirão. O rubro-negro também escapou por pouco de uma goleada.
Só Alex finalizou com perigo
umas quatro ou cinco vezes.
Aliás, chamou a atenção o nervosismo do craque cruzeirense, que
queria ganhar à força as divididas e chutar todas as bolas a gol.
Com a dianteira ampliada, o
Cruzeiro, volto a dizer, só corre
um risco daqui para a frente: o da
acomodação. Só o salto alto pode
derrubá-lo do topo do pódio.
Tudo ou nada
De todos os clássicos estaduais
programados para este fim de
semana, o mais desinteressante
é o carioca: Vasco e Flamengo
não têm a ganhar ou perder. O
mais dramático é o Gre-Nal. Se
perder para o arqui-rival, o tricolor gaúcho dificilmente terá
forças para se levantar da lona e
lutar pela salvação. Se vencer,
valerá por uma ressurreição.
Grandes momentos
Quero me juntar à Soninha e ao
Torero no protesto contra o
anunciado fim do programa
"Grandes Momentos do Esporte", da TV Cultura. É o melhor
programa de esportes da TV
aberta, uma combinação exemplar de entretenimento, informação e cultura. Será que não
dá para a Fundação Padre Anchieta cortar custos de outra
maneira?
E-mail jgcouto@uol.com.br
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