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São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2003

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FUTEBOL

De olhos bem abertos

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Duas apostas que, ao que tudo indica, perdi: que o Santos ainda conseguiria encostar no Cruzeiro e que o Grêmio escaparia (no campo, bem entendido) do rebaixamento.
 
Dois perigos que rondam o Brasileiro: o fim prematuro da fórmula dos pontos corridos e, pior que isso, uma virada de mesa que impeça o eventual rebaixamento de fundadores do Clube dos 13.
A desculpa para o primeiro desses golpes seria o suposto "desinteresse" de um torneio em que um clube dispara na liderança, como o Cruzeiro agora.
Já o pretexto para a marmelada salvadora seriam as pendengas jurídicas envolvendo escalação irregular de atletas e perda de pontos nos tribunais. Nossos dirigentes adoram uma bagunça que justifique a frase: "Agora que melou tudo, vamos começar de novo do zero". Ou seja, ninguém cai.
Só que, neste ano, se houver virada de mesa, ela vai ter de ser gigantesca, pelo menos se os classificados para voltar à Série A forem o Palmeiras e o Botafogo. Acomodar esses dois na primeira divisão sem rebaixar ninguém há de ser um desafio mesmo para a genialidade da cartolagem brasileira.
Podem me chamar de paranóico, mas, por via das dúvidas, convém ficar de olho.
 
A campanha contra os pontos corridos segue de vento em popa na Rede Globo. Quarta-feira, durante o jogo Cruzeiro x Flamengo, foi a vez de o ex-árbitro e hoje comentarista José Roberto Wright sair-se com a seguinte pérola: "No ano passado, com o mata-mata, houve interesse até a última rodada. Neste ano, que interesse vão ter as rodadas finais, se o Cruzeiro está tão na frente dos outros?"
Esqueceu um detalhe: a última rodada do Brasileirão do ano passado interessava só aos dois clubes finalistas; os outros 24 já estavam parados, tendo prejuízo.
Não existe nada mais repugnante no campo da comunicação do que profissionais que assumem sem o menor constrangimento, como bonecos de ventríloquo, a voz do patrão.
 
O São Caetano botou o Corinthians na roda quarta-feira, na estréia de Júnior como técnico. O resultado só não foi pior para o alvinegro porque Warley, depois de chapelar um zagueiro e driblar o goleiro corintiano, chutou a bola para fora. Nem ele acreditou na obra de arte que ia fazendo.
 
Outro que tomou um baile na quarta foi o Flamengo, no Mineirão. O rubro-negro também escapou por pouco de uma goleada.
Só Alex finalizou com perigo umas quatro ou cinco vezes. Aliás, chamou a atenção o nervosismo do craque cruzeirense, que queria ganhar à força as divididas e chutar todas as bolas a gol.
Com a dianteira ampliada, o Cruzeiro, volto a dizer, só corre um risco daqui para a frente: o da acomodação. Só o salto alto pode derrubá-lo do topo do pódio.

Tudo ou nada
De todos os clássicos estaduais programados para este fim de semana, o mais desinteressante é o carioca: Vasco e Flamengo não têm a ganhar ou perder. O mais dramático é o Gre-Nal. Se perder para o arqui-rival, o tricolor gaúcho dificilmente terá forças para se levantar da lona e lutar pela salvação. Se vencer, valerá por uma ressurreição.

Grandes momentos
Quero me juntar à Soninha e ao Torero no protesto contra o anunciado fim do programa "Grandes Momentos do Esporte", da TV Cultura. É o melhor programa de esportes da TV aberta, uma combinação exemplar de entretenimento, informação e cultura. Será que não dá para a Fundação Padre Anchieta cortar custos de outra maneira?

E-mail jgcouto@uol.com.br


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