São Paulo, terça-feira, 11 de outubro de 2011

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LOS GRINGOS

PAUL DOYLE

Complacência


Pedir para Wayne Rooney manter sua agressão sob controle não é transformá-lo em urso de pelúcia

WAYNE ROONEY recebe menos cartões vermelhos do que deveria. Foi expulso seis vezes em sua carreira, computado o cartão vermelho após chutar um jogador de Montenegro, na sexta. Ele estava frustrado com a queda no rendimento da seleção, que se deteriorou mais após a perda de seu astro.
Para Rooney, foi uma atitude típica, mas ele em geral escapa de punições porque os árbitros ingleses raramente o expulsam (quatro dos cartões vermelhos que recebeu foram aplicados por estrangeiros).
Talvez os juízes da Inglaterra aceitem subconscientemente a tese da excepcionalidade de Rooney, pregada de forma incessante pela mídia. "Se sua agressividade for reprimida, ele não será um jogador tão efetivo" é o que muita gente costuma pregar na mídia, como Harry Redknapp, técnico do Tottenham, cuja onipresença na imprensa é tanta que parece questão de tempo para que apareça de topless na infame página 3 do jornal "Sun".
É um argumento estúpido, claro. Pedir que Rooney mantenha sua agressão sob controle não equivale a transformá-lo em urso de pelúcia. Mas Redknapp tem motivo para defender Rooney: seu plano é se tornar o próximo técnico da seleção inglesa. A maior parte da mídia gostaria de vê-lo como técnico da seleção, preferivelmente antes da Euro-12. Fabio Capello não foi perdoado pelo fiasco inglês na Copa-10.
Não existe chance alguma de a Football Association o demitir (principalmente porque isso sairia caro), mas isso não impede a campanha contra ele, ainda que demitir o italiano possa privar os paparazzi de uma de suas táticas favoritas: atribuir a culpa por todos os problemas ao estrangeiro.
Quem quer que dirija a Inglaterra na Euro-12 terá de encontrar alguém que substitua Rooney, ao menos temporariamente. A boa notícia é que há candidatos, entre os quais jovens promissores como Danny Welbeck e Daniel Sturridge. Na verdade, uma nova geração de jogadores ingleses está emergindo. A má notícia, porém, é que Welbeck, Phil Jones, Ashley Young, Chris Smalling, Jordan Henderson e Andy Carroll jogam em times errados.
Como revelaram Paul Scholes e Gary Neville após se aposentarem, os jogadores do Manchester United e do Liverpool mal conversam quando servem a seleção. A rivalidade é tão venenosa que a cooperação é quase impossível. Neste fim de semana, muitos dos astros da nova geração jogarão seu primeiro Liverpool x United. Isso pode ser o começo do fim de sua utilidade para a seleção inglesa.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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