São Paulo, domingo, 11 de outubro de 1998

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VÔLEI
Técnico Radamés Lattari já testou seis atletas, mas ainda não definiu quem será o principal atacante da seleção
Brasil persegue 'matador' para Mundial

JOSÉ ALAN DIAS
da Reportagem Local

É como se a um time de futebol faltasse como referência Batistuta, Ronaldinho, Klinsmann, Romário ou Alan Shearer. A 30 dias de sua estréia no Mundial, a seleção brasileira de vôlei ainda não sabe quem será seu homem de definição.
Desde que assumiu o comando da equipe, em janeiro de 97, Radamés Lattari cogitou seis nomes para a vaga. Chamado de "oposto" no jargão do vôlei, o atleta que atua nessa posição responde sozinho por um terço das ações de ataque.
Dos cotados, dois desistiram do Mundial (Marcelo Negrão e Gílson) e um voltou para sua posição original (o meio-de-rede Itápolis).
Os três que sobraram -Max, Joel e Roim- têm a Copa América, cuja final acontece hoje, e três amistosos com Cuba para selarem seu destino: ser o "matador" titular, um dos reservas ou mesmo cortado -já que apenas 12 disputam o torneio.
Lattari começou sua passagem pela seleção colocando, na Liga Mundial 1997, dois definidores em quadra, Max e Marcelo Negrão. Para ter os dois atuando, Lattari manteve Max, melhor jogador da Superliga, como oposto, e deslocou o campeão olímpico para ajudar no passe.
Insatisfeito, Negrão desentendeu-se com o técnico, pediu dispensa e não mais voltou ao time.
O Brasil terminou o torneio na quinta posição, repetindo a campanha dos "olímpicos" em 96.
Em novembro passado, sem Negrão e Max (que desta vez estava contundido), a seleção chegaria, no Japão, ao título da Copa dos Campeões -o primeiro da "Era Lattari"- tendo como titular Joel, 23, revelação pelo Banespa.
Na atual temporada, o problema, de fato, se agravou. Em sua convocação para a Liga Mundial, Lattari preteriu Gílson, 30, que viria a ser campeão e melhor jogador do campeonato nacional pela Ulbra.
Já sem Negrão e por hora sem Max e Joel (o primeiro alegou contusão e pediu dispensa, o segundo, foi operado do tornozelo), Lattari apostou em dois novatos no torneio: Roim, 23, e Itápolis, 22.
Depois de obter dez vitórias na fase classificatória, o Brasil foi eliminado nos playoffs ao perder para a Rússia e a Holanda; venceu apenas a mediana Espanha.
A formação com Roim e Itápolis rendeu até comentários do levantador holandês Peter Blangé, campeão olímpico em Atlanta-96: "Se o Brasil realmente tivesse um atacante de força, estaria na final".
Após a campanha na Liga e acuado pela possibilidade de só ter Max em boas condições no Mundial, Lattari teve de recorrer novamente para Negrão e Gílson.
O primeiro disse que só voltará em 99. Gílson enviou um velado pedido de dispensa, afirmando que uma lesão no ombro o impediria de treinar na mesma intensidade que o resto da equipe.
Agora, mesmo com apenas três opções, Lattari afirma que vai esperar para definir seu titular.
"O time-base tem o Max na posição. Mas se o Mundial fosse hoje, pela condição física dele, e pelo que o Joel tem jogado, o Max não seria o titular."
O novato Roim, reserva em seu clube, não pode ser dado como descartado. Lattari tem reafirmado que, para uma seleção com média de altura abaixo de Holanda e Rússia, é imprescindível contar com um jogador de 2,10 m.
"Tanto o Joel como o Roim são dois jogadores que vão ter muito futuro na seleção. Não parei para pensar quais serão os 12 do Mundial", disse o técnico à Folha, por telefone, em Salta, na Argentina.



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