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São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2003

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BASQUETE

Baixaria

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

Como em Cleveland bebê de até dois anos não paga ingresso, a família tomou proveito, e Earl Boykins não saiu do colo até o quinto aniversário. O policial William gabava-se de engabelar os bilheteiros, de passar o diminuto filho de graça pelas roletas. De preferência, no ginásio dos adorados Cavaliers, da NBA.
Já aos 4 anos o menino compartilhava a paixão do pai pelo basquete. Seu brinquedo favorito? Uma bolinha de tênis, que ele habilmente driblava com as mãos pelo assoalho do apartamento.
Uma década depois, Earl trocou os ângulos do quarto-sala-cozinha pelo asfalto das quadras públicas de Cleveland. Ele, com seu definitivo 1,65 m, e William, 1,72 m, formavam a menor dupla do torneio municipal da polícia. Na torcida, a mãe, Charlene, 1,50 m.
O menino não se intimidava com a desvantagem física. Pelo contrário, partia para cima da marcação gigante. Queria desmoralizá-la com técnica e velocidade. Mas não tolerava zombarias. Como é que é? Família de anões? Respondia com socos e pontapés.
Escolhido a dedo, o rigoroso colégio católico poliu a personalidade do adolescente. As brigas desapareceram. Mas não a raiva que se transforma em obstinação.
Em agosto, depois de ter rodado no semi-anonimato por cinco equipes, Earl Boykins, 27, finalmente foi recompensado. Assinou contrato com o Denver Nuggets: US$ 13,7 milhões e cinco anos.
Passadas as primeiras semanas do campeonato, o dinheiro parece bem investido. O armador cumpre com perfeição o difícil papel de espoleta. Sai do banco para mudar a dinâmica do jogo, atordoar os adversários com contra-ataques lancinantes. "Eles imploram para eu pisar no freio", vibra.
Boykins aparece na vice-colocação nos rankings de pontos (14,1) e assistências (2,7) do Denver, números excelentes para apenas 25,9 minutos por partida. Já desponta como candidato ao troféu de melhor reserva da temporada.
Mas não é sua produtividade que encanta o Pepsi Center. Nem a performance dos Nuggets, tradicional saco de pancadas da NBA, que, com três vitórias e quatro derrotas até ontem, faz o melhor começo de campanha em anos.
Boykins conquistou o torcedor simplesmente porque o representa nas quadras. É o segundo menor jogador em 58 anos de NBA.
Os demais atletas da liga norte-americana neste ano são pelo menos 12 cm mais altos do que ele.
Boykins tem 37 cm a menos do que o jogador "médio" da competição. Tem 46 cm a menos do que o brasileiro Nenê, seu companheiro de time no Colorado.
Tem, caraca, só 1 cm a mais do que a Deborah Secco! E, ainda assim, com muita boa vontade, pois, quando é oficialmente medido, o jogador da NBA calça aqueles supertênis, com quase uma polegada de salto de borracha.
Na balança, a façanha da miniestrela do Denver ganha ainda mais relevância. Com 60 kg, Boykins possui 12 kg a menos do que o segundo mais leve da NBA -ou 40 kg a menos do que o jogador "médio". É praticamente a metade do peso de Nenê (118 kg)!
Ah, quanto pesa a Deborah Secco? Espera que eu vou perguntar...

Altos e baixos 1
Também na tabela da NBA, tamanho não é documento. O time mais baixo, o Atlanta Hawks (1,98 m), perdeu cinco vezes em sete rodadas. Já o mais alto, o Los Angeles Clippers (2,04 m), conseguiu só uma vitória em três. Os dois estão entre os cinco piores do campeonato.

Altos e baixos 2
Yao Ming (Houston) e Shawn Bradley (Dallas) são os mais altos: 2,29 m. Shaquille O'Neal (LA Lakers) segue o mais pesado: 155 kg.

Altos e baixos 3
O menor jogador da história da NBA, Muggsy Bogues, 1,60 m, voltará ao basquete. A princípio, atuará como relações-públicas do Charlotte Bobcats, o 30º time da liga (inchada!) a partir do ano que vem.

E-mail melk@uol.com.br


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