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BASQUETE
Baixaria
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Como em Cleveland bebê
de até dois anos não paga ingresso, a família tomou proveito,
e Earl Boykins não saiu do colo
até o quinto aniversário. O policial William gabava-se de engabelar os bilheteiros, de passar o
diminuto filho de graça pelas roletas. De preferência, no ginásio
dos adorados Cavaliers, da NBA.
Já aos 4 anos o menino compartilhava a paixão do pai pelo basquete. Seu brinquedo favorito?
Uma bolinha de tênis, que ele habilmente driblava com as mãos
pelo assoalho do apartamento.
Uma década depois, Earl trocou
os ângulos do quarto-sala-cozinha pelo asfalto das quadras públicas de Cleveland. Ele, com seu
definitivo 1,65 m, e William, 1,72
m, formavam a menor dupla do
torneio municipal da polícia. Na
torcida, a mãe, Charlene, 1,50 m.
O menino não se intimidava
com a desvantagem física. Pelo
contrário, partia para cima da
marcação gigante. Queria desmoralizá-la com técnica e velocidade. Mas não tolerava zombarias.
Como é que é? Família de anões?
Respondia com socos e pontapés.
Escolhido a dedo, o rigoroso colégio católico poliu a personalidade do adolescente. As brigas desapareceram. Mas não a raiva que
se transforma em obstinação.
Em agosto, depois de ter rodado
no semi-anonimato por cinco
equipes, Earl Boykins, 27, finalmente foi recompensado. Assinou
contrato com o Denver Nuggets:
US$ 13,7 milhões e cinco anos.
Passadas as primeiras semanas
do campeonato, o dinheiro parece bem investido. O armador
cumpre com perfeição o difícil papel de espoleta. Sai do banco para
mudar a dinâmica do jogo, atordoar os adversários com contra-ataques lancinantes. "Eles imploram para eu pisar no freio", vibra.
Boykins aparece na vice-colocação nos rankings de pontos (14,1)
e assistências (2,7) do Denver, números excelentes para apenas
25,9 minutos por partida. Já desponta como candidato ao troféu
de melhor reserva da temporada.
Mas não é sua produtividade
que encanta o Pepsi Center. Nem
a performance dos Nuggets, tradicional saco de pancadas da NBA,
que, com três vitórias e quatro
derrotas até ontem, faz o melhor
começo de campanha em anos.
Boykins conquistou o torcedor
simplesmente porque o representa nas quadras. É o segundo menor jogador em 58 anos de NBA.
Os demais atletas da liga norte-americana neste ano são pelo menos 12 cm mais altos do que ele.
Boykins tem 37 cm a menos do
que o jogador "médio" da competição. Tem 46 cm a menos do que
o brasileiro Nenê, seu companheiro de time no Colorado.
Tem, caraca, só 1 cm a mais do
que a Deborah Secco! E, ainda assim, com muita boa vontade,
pois, quando é oficialmente medido, o jogador da NBA calça aqueles supertênis, com quase uma polegada de salto de borracha.
Na balança, a façanha da miniestrela do Denver ganha ainda
mais relevância. Com 60 kg, Boykins possui 12 kg a menos do que o
segundo mais leve da NBA -ou
40 kg a menos do que o jogador
"médio". É praticamente a metade do peso de Nenê (118 kg)!
Ah, quanto pesa a Deborah Secco? Espera que eu vou perguntar...
Altos e baixos 1
Também na tabela da NBA, tamanho não é documento. O time mais
baixo, o Atlanta Hawks (1,98 m), perdeu cinco vezes em sete rodadas.
Já o mais alto, o Los Angeles Clippers (2,04 m), conseguiu só uma vitória em três. Os dois estão entre os cinco piores do campeonato.
Altos e baixos 2
Yao Ming (Houston) e Shawn Bradley (Dallas) são os mais altos: 2,29
m. Shaquille O'Neal (LA Lakers) segue o mais pesado: 155 kg.
Altos e baixos 3
O menor jogador da história da NBA, Muggsy Bogues, 1,60 m, voltará ao basquete. A princípio, atuará como relações-públicas do Charlotte Bobcats, o 30º time da liga (inchada!) a partir do ano que vem.
E-mail melk@uol.com.br
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