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São Paulo, terça-feira, 11 de novembro de 2003

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FUTEBOL

Árvore e floresta

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Esse assunto já ficou chato, mas não há como não comentar a pesquisa publicada pela Folha no domingo. Rigorosamente, ela mostra que há uma divisão em São Paulo entre os que apóiam o sistema de pontos corridos no Campeonato Brasileiro e os que gostariam de ver de volta a fórmula com um grupo de classificados e finais em mata-mata.
A pesquisa é especialmente interessante e valiosa porque nenhum clube da Paulicéia, onde foi feito o levantamento, nutre esperanças de chegar ao título -embora o Santos, que não é da capital, mas nela tem grande torcida, ainda possa chegar lá. Estivesse o Corinthians no lugar do Cruzeiro, e os pontos corridos teriam provavelmente vencido de lavada.
A questão, no entanto, não é a superioridade de um sistema de disputa sobre o outro. Os dois têm suas vantagens e desvantagens. Esse Fla-Flu é, em grande parte, equivocado. É preciso olhar a floresta e não apenas a árvore. A floresta, no caso, é o calendário. Nele há espaço para competições com diferentes sistemas de disputa. As copas são torneios disputados em mata-mata e os Estaduais ou regionais também usam fórmulas eliminatórias com finais.
Já escrevi sobre isso, mas vou repetir. Há um erro grave no calendário em relação à Copa do Brasil, que deveria ser mais valorizada. É um equívoco excluir dela os clubes que jogam a Libertadores -em tese, os melhores. E isso só ocorre porque os dois torneios são disputados no mesmo semestre.
A Copa do Brasil é um Campeonato Brasileiro em mata-mata. Por que esvaziá-la? Essa seria, aliás, uma boa bandeira para a Globo Esportes, tão interessada em finais: a Libertadores passaria a ser disputada no mesmo semestre da Sul-Americana (com clubes excludentes) e a Copa do Brasil voltaria a ter a participação dos melhores. É simples e indolor.
 
O Cruzeiro é o time da performance, o Santos, o da alegria. Há alegria no Cruzeiro e há performance no Santos, mas as doses são diferentes. São equipes quase que complementares -as melhores do Brasil. No confronto direto, porém, a alegria foi uma tristeza e a performance uma alegria. A Raposa levou os dois jogos. Na Vila e no Mineirão. Um "detalhe" que faz toda a diferença.
 
Temos tido bons jogos na Série B, animados, corridos, com boas alternativas. Não dá, porém, para negar que em certos momentos prevalece a pelada, o bicão, a grossura mais exuberante. O que vemos neste momento no Brasil, somadas Série A e B, é muito clube para pouquíssimos craques.
 
Como Tostão, não acho que Emerson seja essa ruindade toda que muitos apregoam. É, a meu ver, um excelente reserva. Não vejo, porém, diante das inúmeras opções de qualidade disponíveis para formar o meio-campo da seleção, porque não experimentar outras alternativas. E por que o Elano e não o Robinho?

Flamengo bacana
Cometi aqui um ato falho na coluna da última terça-feira, embora possa ter passado despercebido pelo sentido geral da nota: escrevi que esqueço o time que me fez rir e chorar na infância e adolescência, o Flamengo. Obviamente, como era possível deduzir, NÃO esqueço. Mesmo porque tem sempre alguém lembrando-me dos vexames do "Mais Querido", como o último, anteontem, contra o Fortaleza. Sem querer diminuir o futebol cearense, convenhamos que uma goleada de 4 a 1 como essa seria inimaginável em outros tempos. Só repetindo a bem-humorada manchete esportiva de "O Globo" de ontem, que cita uma canção da Adriana Calcanhoto: "Cariocas são bacanas" -ou seja, ajudam todo mundo a se dar bem.

E-mail mag@folhasp.com.br


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