São Paulo, segunda-feira, 11 de dezembro de 2000

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VÔLEI
Os donos da bola

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Pelo que tudo indica, o mistério terminará amanhã: a FIVB, a Federação Internacional de Vôlei, vai anunciar quem são os atletas, os técnicos e as seleções do século. A lista dos indicados é um tanto discutível: esquece grandes nomes, como o do ex-técnico da Itália Julio Velasco e privilegia Brasil e Japão.
O Brasil é o único país com representantes em todas as categorias: melhor jogador (Renan), jogadora (Fernanda Venturini), técnico masculino (José Roberto Guimarães), técnico feminino (Bernardinho) e seleções (masculina e feminina).
A mais surpreendente é a indicação da seleção brasileira feminina, no período de 1994 a 1996, entre as melhores do século ao lado de Cuba (1992 a 2000), Japão (1962 a 1964) e a então União Soviética (1988 a 1992). A China, campeã olímpica e bicampeã mundial nos anos 80, ficou fora.
Sem dúvida, a seleção brasileira entre 1994 e 1996 era um grande time. O maior mérito foi sua modernidade: uma variedade de jogadas que nenhuma equipe possuía. A versatilidade das atletas era explorada ao máximo. Mas apesar disso, também não dá para negar, o time era muito inferior ao de Cuba naquele período.
Quem assistiu à decisão do Mundial de 94, em São Paulo, sabe bem disso: o Brasil foi vice-campeão em uma das finais mais rápidas da história. Perdeu por 3 a 0 das cubanas. Em três sets, só conseguiu assinalar 17 pontos.
O grande momento desse time brasileiro, comandado por Fernanda Venturini, Márcia Fu e Ana Moser, foi na Olimpíada de Atlanta, em 96. Mas por um tropeço inesperado da seleção do Caribe na primeira fase, Brasil e Cuba, favoritos para a final, acabaram se enfrentando na semifinal.
Dessa vez, o jogo foi equilibrado, mas Cuba, com Mireya Luis, Magaly Carvajal e Regla Torres, venceu o quinto set por 15 a 12. O Brasil ficou com o bronze olímpico, e essa geração se consagrou como a mais brilhante do vôlei brasileiro. Mas o ouro e a hegemonia novamente eram das cubanas.
A pergunta que fica é: será que uma seleção que não cumpriu o objetivo máximo do esporte, que é vencer uma Olimpíada ou Mundial, pode ser indicada como a melhor do século? Vale lembrar que, dos times relacionados, apenas o Brasil, no feminino, não tem nenhum desses títulos.
Já os italianos vivem uma situação oposta. O país com maior número de conquistas no masculino nos anos 90 concorre apenas como melhor seleção. Nem Júlio Velasco, técnico bicampeão mundial e vice-campeão olímpico, e nem atletas da "azzurra", como Giani, talvez o mais completo dos anos 90, são finalistas.
Entre os jogadores, apenas dois dos indicados estiveram presentes em Sydney: o holandês Peter Blangé e o argentino Hugo Conte. O favorito é o norte-americano Karch Kiraly: campeão mundial e bicampeão olímpico nos anos 80.
Mas se depender do voto argentino, quem leva a melhor, acredite se quiser, é o Brasil. Distante da rivalidade entre os dois países e do recente bate-boca entre Pelé e Maradona, Hugo Conte deu a seguinte declaração ao jornal "Olé", da Argentina: "Quem tem de ganhar? Para mim, o brasileiro Renan é o melhor".

Poder japonês
Depois do Brasil, os países com maior número de indicações aos prêmios da FIVB são Japão e a ex-União Soviética. Das seis categorias, os japoneses só não disputam a de melhor jogadora. A ex-União Soviética só está fora da disputa de melhor seleção masculina. Para quem não sabe, nenhum outro time masculino conquistou tantos títulos como o soviético: foram seis mundiais e três olímpicos.

Duelo brasileiro
O Modena, da brasileira Ana Flávia, levou a melhor sobre o Spezzano, de Hilma, na sétima rodada do Campeonato Italiano: venceu por 3 sets a 0 (25/17, 25/16 e 25/19). Com isso, o Modena completou cinco vitórias em sete jogos e está em terceiro lugar no torneio. Já o Spezzano soma cinco derrotas em sete partidas e está em nono. O liderança é do Reggio Calabria, da russa Evguenia Artamonova.

E-mail cidasan@uol.com.br



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