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VÔLEI
Os donos da bola
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Pelo que tudo indica, o mistério terminará amanhã: a
FIVB, a Federação Internacional
de Vôlei, vai anunciar quem são
os atletas, os técnicos e as seleções
do século. A lista dos indicados é
um tanto discutível: esquece
grandes nomes, como o do ex-técnico da Itália Julio Velasco e privilegia Brasil e Japão.
O Brasil é o único país com representantes em todas as categorias: melhor jogador (Renan), jogadora (Fernanda Venturini),
técnico masculino (José Roberto
Guimarães), técnico feminino
(Bernardinho) e seleções (masculina e feminina).
A mais surpreendente é a indicação da seleção brasileira feminina, no período de 1994 a 1996,
entre as melhores do século ao lado de Cuba (1992 a 2000), Japão
(1962 a 1964) e a então União Soviética (1988 a 1992). A China,
campeã olímpica e bicampeã
mundial nos anos 80, ficou fora.
Sem dúvida, a seleção brasileira
entre 1994 e 1996 era um grande
time. O maior mérito foi sua modernidade: uma variedade de jogadas que nenhuma equipe possuía. A versatilidade das atletas
era explorada ao máximo. Mas
apesar disso, também não dá para negar, o time era muito inferior ao de Cuba naquele período.
Quem assistiu à decisão do
Mundial de 94, em São Paulo, sabe bem disso: o Brasil foi vice-campeão em uma das finais mais
rápidas da história. Perdeu por 3
a 0 das cubanas. Em três sets, só
conseguiu assinalar 17 pontos.
O grande momento desse time
brasileiro, comandado por Fernanda Venturini, Márcia Fu e
Ana Moser, foi na Olimpíada de
Atlanta, em 96. Mas por um tropeço inesperado da seleção do Caribe na primeira fase, Brasil e Cuba, favoritos para a final, acabaram se enfrentando na semifinal.
Dessa vez, o jogo foi equilibrado, mas Cuba, com Mireya Luis,
Magaly Carvajal e Regla Torres,
venceu o quinto set por 15 a 12. O
Brasil ficou com o bronze olímpico, e essa geração se consagrou como a mais brilhante do vôlei brasileiro. Mas o ouro e a hegemonia
novamente eram das cubanas.
A pergunta que fica é: será que
uma seleção que não cumpriu o
objetivo máximo do esporte, que é
vencer uma Olimpíada ou Mundial, pode ser indicada como a
melhor do século? Vale lembrar
que, dos times relacionados, apenas o Brasil, no feminino, não
tem nenhum desses títulos.
Já os italianos vivem uma situação oposta. O país com maior número de conquistas no masculino
nos anos 90 concorre apenas como melhor seleção. Nem Júlio Velasco, técnico bicampeão mundial
e vice-campeão olímpico, e nem
atletas da "azzurra", como Giani,
talvez o mais completo dos anos
90, são finalistas.
Entre os jogadores, apenas dois
dos indicados estiveram presentes
em Sydney: o holandês Peter
Blangé e o argentino Hugo Conte.
O favorito é o norte-americano
Karch Kiraly: campeão mundial e
bicampeão olímpico nos anos 80.
Mas se depender do voto argentino, quem leva a melhor, acredite se quiser, é o Brasil. Distante da
rivalidade entre os dois países e
do recente bate-boca entre Pelé e
Maradona, Hugo Conte deu a seguinte declaração ao jornal
"Olé", da Argentina: "Quem tem
de ganhar? Para mim, o brasileiro
Renan é o melhor".
Poder japonês
Depois do Brasil, os países
com maior número de indicações aos prêmios da FIVB
são Japão e a ex-União Soviética. Das seis categorias, os japoneses só não disputam a de
melhor jogadora. A ex-União
Soviética só está fora da disputa de melhor seleção masculina. Para quem não sabe,
nenhum outro time masculino conquistou tantos títulos
como o soviético: foram seis
mundiais e três olímpicos.
Duelo brasileiro
O Modena, da brasileira Ana
Flávia, levou a melhor sobre o
Spezzano, de Hilma, na sétima rodada do Campeonato
Italiano: venceu por 3 sets a 0
(25/17, 25/16 e 25/19). Com isso, o Modena completou cinco vitórias em sete jogos e está em terceiro lugar no torneio. Já o Spezzano soma cinco derrotas em sete partidas e
está em nono. O liderança é
do Reggio Calabria, da russa
Evguenia Artamonova.
E-mail cidasan@uol.com.br
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