São Paulo, quinta, 12 de fevereiro de 1998

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BEISEBOL
Paranaenses passam do estilo japonês para o cubano com ajuda de técnicos de fora
Cuba muda cara do esporte no Paraná

JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina

A importação de técnicos de Cuba, iniciada em 1992 pela CBBS (Confederação Brasileira de Beisebol e Softbol), começa a dar resultados no Paraná: o estilo defensivista herdado da escola japonesa começa a ceder espaço à agressividade cubana.
Segundo Carlos Kussano, 52, diretor da Acel (Associação Cultural e Esportiva de Londrina), a evolução do beisebol no norte do Paraná e em Curitiba se deve aos treinadores cubanos.
O entusiasmo pelo novo estilo levou a Acel, que comanda o beisebol em Londrina (379 km ao norte de Curitiba) a solicitar à CBBS outro treinador cubano ainda para este ano.
No ano passado, o cubano Angel Ortega foi o responsável pelas dez divisões do beisebol mantidas pela entidade. Além de Ortega em Londrina, treinadores cubanos dirigiram as equipes de Maringá, Assaí e Curitiba. Kussano aponta como resultados imediatos a contratação de seu filho, Thiago Kussano, 17, pelos Yankees de Nova York. Thiago recebeu luvas de US$ 30 mil e irá receber US$ 850 por mês a partir de fevereiro.
Segundo Kussano, Thiago será preparado nos Estados Unidos para participar da liga americana profissional a partir de 1999. Ele é o primeiro atleta do sul do país a ser ""exportado".
Kussano disse que seu filho, que atua na terceira base, despertou a atenção dos olheiros americanos pela força na rebatida. ""Essa técnica ele aperfeiçoou com o apoio do estilo cubano de atuar."
Difundido no Paraná principalmente entre a comunidade japonesa, o beisebol reúne cerca de 2.500 praticantes no Estado. Somando o beisebol e o softbol (praticado por mulheres e veteranos), o número sobe para 5.000.
Os campeonatos no Estado contam com a participação de equipes paulistas, notadamente das regiões noroeste, da Sorocabana e da Mogiana. Ao contrário de São Paulo, onde é cada vez maior a participação de brasileiros, o beisebol no Paraná ainda está restrito a descendentes de japoneses.
Essa ""exclusividade japonesa" está provocando problemas. Equipes como as de Nova Esperança (noroeste do PR) e Assaí (norte), fortes na década passada, estão em declínio em razão da imigração de dekasseguis, os descendentes que vão trabalhar no Japão.
Kussano atribui a pequena presença de não-descendentes nas equipes paranaenses ""à exigência disciplinar dos japoneses". E brinca: ""O garoto até suporta o esquema rígido, os pais é que não suportam perder seus filhos para o beisebol nos fins-de-semana".



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