São Paulo, domingo, 12 de março de 2000


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São Paulo e Palmeiras fazem o clássico da rodada do Paulista
Dois grandes, dois árbitros, a primeira vez

Caio Guatelli/Folha Imagem
O meia Alex, o maior astro do Palmeiras, tenta controlar bola no treino para o primeiro clássico do Paulista, contra o São Paulo, no Morumbi



Após críticas dos jogadores dos dois times na estréia, a dupla arbitragem, aprovada pela Fifa em caráter experimental em 1999, tem hoje, no Morumbi, o grande teste no Brasil


da Reportagem Local

O sistema de dupla arbitragem do Paulista-2000 passa hoje por seu primeiro grande teste no clássico entre São Paulo e Palmeiras, às 16h, no estádio do Morumbi.
Será o primeiro jogo envolvendo rivais tradicionais do futebol brasileiro com dois juízes. Alfredo Santos Loebeling e Antonio Perin, escalados para a partida, terão a missão de controlar os nervos dos jogadores e dos técnicos em um jogo que costuma ser tenso.
A dupla terá de enfrentar a desconfiança dos jogadores do São Paulo, que reclamaram do novo sistema após a vitória por 2 a 0 sobre o Botafogo, na estréia do time na competição, na quarta-feira.
Segundo os são-paulinos, os juízes Sálvio Spínola e Robério Pires deixaram de apitar várias faltas para que a partida tivesse mais tempo de bola em jogo.
"O Raí lançou isso, mas 90% dos jogadores que eu ouvi gostaram da experiência. Vamos analisar o que os jogadores do São Paulo falaram e ver se algo pode ser melhorado", disse Eduardo José Farah, presidente da Federação Paulista de Futebol.
A International Board, entidade que regulamenta o futebol, liberou experiências com dois árbitros em uma mesma partida a partir do segundo semestre do ano passado. O Brasil foi um dos poucos países autorizados pela Fifa a testar a nova regra.
Porém a Confederação Brasileira de Futebol não quis experimentar a novidade no Campeonato Brasileiro. Farah, que vem testando várias regras no Paulista nos últimos anos, aproveitou a brecha e vem conseguindo espaço com a inovação.
Os primeiros números de jogos com dois árbitros apresentados por Farah à Fifa mostram mais tempo de bola em jogo, mas a nova regra ainda não convenceu.
No Palmeiras, os jogadores também estranharam a novidade na estréia contra o Guarani.
O zagueiro Argel revelou ter ficado confuso com dois árbitros em campo no empate em 1 a 1 com o time de Campinas.
"Em uma ou duas vezes, eu perdi a percepção da jogada. Não estou acostumado a ter um juiz tão perto de mim", disse Argel. Ele acabou desviando uma bola chutada por Gustavo, que resultou no gol de empate do Guarani quase no final da partida.
Enquanto os são-paulinos reclamam do aumento do tempo de bola em jogo, o goleiro palmeirense Marcos acredita que seu time possa tirar proveito da situação. "Hoje, o jogo está mais corrido. Temos um esquema de reposição rápida de bola para surpreender o adversário quando o Rogério (goleiro do São Paulo) bater faltas", afirmou Marcos.
Além de se adaptarem ao novo sistema de arbitragem, os jogadores do São Paulo precisam provar que são capazes de disputar um clássico evitando receber cartões amarelos e vermelhos, mas sem afrouxar na marcação.
Pelo menos, essa é a vontade do técnico Levir Culpi. Ele exige que o time repita o "fairplay" apresentado contra o Botafogo, quando os são-paulinos não levaram nenhum cartão amarelo.
"Acho que é um reflexo do que tenho pedido a eles", disse o treinador, que multa os jogadores que forem expulsos. No Rio-São Paulo, ele chegou a ameaçar dar a mesma punição para os atletas que recebessem cartão amarelo.
Mas a equipe considera praticamente impossível a missão de não receber amarelos contra o Palmeiras. ""Contra o Botafogo, o jogo foi calmo. Mas um clássico é sempre nervoso e cheio de discussões. Fica difícil evitar o cartão", afirmou o volante Edmílson.

Dúvidas
O Palmeiras tem alguns problemas para o clássico. O zagueiro Roque Júnior, que sofreu uma contratura muscular na final do Rio-São Paulo, contra o Vasco, está praticamente vetado. Índio deve atuar em seu lugar de novo.
O goleiro Marcos, com dores musculares, deixou o campo no jogo com o Guarani e não tem presença garantida hoje. Caso não jogue, Sérgio o substitui.
O volante César Sampaio e o zagueiro Argel também reclamaram de dores nos últimos dias, mas têm lugar certo na equipe.
Scolari não confirmou a equipe, mas Arce deve começar jogando, com Rogério ficando no banco.
No São Paulo, o atacante França se recuperou de contusão no tornozelo direito e volta ao time (leia texto abaixo).
Raí, que marcou um gol contra o Botafogo e iniciou a jogada em que Evair fez o outro, deve permanecer na reserva.


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