São Paulo, domingo, 12 de março de 2000


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FUTEBOL
Dirigentes estão descontentes com o desempenho da equipe, que não vence na Vila Belmiro há 4 meses
Santos quer evitar crise e quebrar tabu

FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Santos

O Santos tem dois objetivos na partida de hoje contra a Ponte Preta: evitar a deflagração de uma crise, em caso de resultado negativo, e voltar a ganhar na Vila Belmiro após quatro meses.
Dirigentes afirmam reservadamente que, se o time não ganhar, a crise será inevitável.
Nessa hipótese, a permanência de Carlos Alberto Silva no comando da equipe é duvidosa.
O treinador, contratado em dezembro, já esteve ameaçado de demissão no mês passado, após a eliminação na primeira rodada no Torneio Rio-São Paulo, mas foi mantido por decisão do presidente do clube, Marcelo Teixeira.
O dirigente, porém, definiu um prazo -cujo período não determinou- para dar ""padrão tático e técnico" à equipe.
O outro desafio que o Santos busca hoje é quebrar a sequência de insucessos nos jogos em casa.
Desde 30 de outubro de 1999, quando bateu o Grêmio por 2 a 1, pelo Campeonato Brasileiro, o Santos não consegue ganhar na Vila Belmiro.
Depois da derrota para os mineiros, a equipe jogou mais cinco vezes em seu estádio.
Empatou duas (Cruzeiro, pelo Brasileiro-99, e um amistoso com o Atlético-PR, neste mês) e perdeu três (Grêmio, pela seletiva para a Libertadores, e Botafogo-RJ e São Paulo, ambas pelo Rio-São Paulo deste ano).
O técnico Carlos Alberto Silva espera ultrapassar o obstáculo de hoje a fim de garantir tranquilidade a partir de amanhã, quando a equipe começa a preparação para o clássico contra o Corinthians, no próximo domingo.
Nesse jogo, ele pretende colocar em campo a formação que servirá de base para a equipe durante todo o campeonato, já com a presença do meia Valdo, recém-contratado do Cruzeiro, que começa a treinar amanhã.
Para hoje, Silva resolveu modificar o esquema tático defensivo adotado na estréia no Paulista, contra a Matonense, quando o time começou com três jogadores de marcação no meio-campo.
Com a inesperada escalação do colombiano Rincón, o técnico decidiu sacar o volante Claudiomiro e escalar dois meias adiantados (Robert e Caio).
"A equipe vai priorizar o ataque", declarou Silva.
O treinador admite que poderá ser xingado pelos torcedores se a equipe demorar a se acertar em campo, mas não vê alternativa a não ser esperar a sequência de jogos para o grupo ganhar força de conjunto.
"Doem muito determinadas hostilidades. Já sabíamos que isso ia acontecer. Mas não vou responder às críticas da torcida e da imprensa. Vou esperar que Deus me ajude, e, na semana que vem, o time-base comece a deslanchar", declarou.
Embora o time seja formado, na maior parte, por jogadores considerados "experientes", alguns demonstram preocupação com a eventual reação dos torcedores ao futebol da equipe, que ganhou dez reforços para a temporada e não conquista o título do Paulista desde 1984, quando bateu o Corinthians na final.
Para o goleiro Carlos Germano, o comportamento da torcida santista é semelhante ao dos torcedores do Vasco, seu ex-clube.
"Se em 15 ou 20 minutos o time não fizer gol, eles começam a xingar", afirmou.
De acordo com Carlos Germano, a melhor fórmula para evitar que a ansiedade do torcedor provoque intranquilidade na equipe é garantir a posse da bola pelo maior tempo possível.
"Com isso, não vamos nos desgastar tanto correndo atrás do adversário e teremos mais possibilidades de criar jogadas de gol", afirmou o goleiro.
O zagueiro Galván recorre aos tempos em que atuou pelo Racing (Argentina) como exemplo para os companheiros não se intimidarem com a pressão da torcida, que há 15 anos não vê o time conquistar um título de importância.
"Trinta e cinco anos sem ser campeão, e com craques no time. Você imagina como é a cobrança deles? É pior, bem pior", afirmou o zagueiro argentino.


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