|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Dirigentes estão descontentes com o desempenho da equipe, que não vence na Vila Belmiro há 4 meses
Santos quer evitar crise e quebrar tabu
FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Santos
O Santos tem dois objetivos na
partida de hoje contra a Ponte
Preta: evitar a deflagração de uma
crise, em caso de resultado negativo, e voltar a ganhar na Vila Belmiro após quatro meses.
Dirigentes afirmam reservadamente que, se o time não ganhar,
a crise será inevitável.
Nessa hipótese, a permanência
de Carlos Alberto Silva no comando da equipe é duvidosa.
O treinador, contratado em dezembro, já esteve ameaçado de
demissão no mês passado, após a
eliminação na primeira rodada
no Torneio Rio-São Paulo, mas
foi mantido por decisão do presidente do clube, Marcelo Teixeira.
O dirigente, porém, definiu um
prazo -cujo período não determinou- para dar ""padrão tático
e técnico" à equipe.
O outro desafio que o Santos
busca hoje é quebrar a sequência
de insucessos nos jogos em casa.
Desde 30 de outubro de 1999,
quando bateu o Grêmio por 2 a 1,
pelo Campeonato Brasileiro, o
Santos não consegue ganhar na
Vila Belmiro.
Depois da derrota para os mineiros, a equipe jogou mais cinco
vezes em seu estádio.
Empatou duas (Cruzeiro, pelo
Brasileiro-99, e um amistoso com
o Atlético-PR, neste mês) e perdeu três (Grêmio, pela seletiva para a Libertadores, e Botafogo-RJ e
São Paulo, ambas pelo Rio-São
Paulo deste ano).
O técnico Carlos Alberto Silva
espera ultrapassar o obstáculo de
hoje a fim de garantir tranquilidade a partir de amanhã, quando a
equipe começa a preparação para
o clássico contra o Corinthians,
no próximo domingo.
Nesse jogo, ele pretende colocar
em campo a formação que servirá
de base para a equipe durante todo o campeonato, já com a presença do meia Valdo, recém-contratado do Cruzeiro, que começa
a treinar amanhã.
Para hoje, Silva resolveu modificar o esquema tático defensivo
adotado na estréia no Paulista,
contra a Matonense, quando o time começou com três jogadores
de marcação no meio-campo.
Com a inesperada escalação do
colombiano Rincón, o técnico decidiu sacar o volante Claudiomiro
e escalar dois meias adiantados
(Robert e Caio).
"A equipe vai priorizar o ataque", declarou Silva.
O treinador admite que poderá
ser xingado pelos torcedores se a
equipe demorar a se acertar em
campo, mas não vê alternativa a
não ser esperar a sequência de jogos para o grupo ganhar força de
conjunto.
"Doem muito determinadas
hostilidades. Já sabíamos que isso
ia acontecer. Mas não vou responder às críticas da torcida e da
imprensa. Vou esperar que Deus
me ajude, e, na semana que vem,
o time-base comece a deslanchar", declarou.
Embora o time seja formado, na
maior parte, por jogadores considerados "experientes", alguns demonstram preocupação com a
eventual reação dos torcedores ao
futebol da equipe, que ganhou
dez reforços para a temporada e
não conquista o título do Paulista
desde 1984, quando bateu o Corinthians na final.
Para o goleiro Carlos Germano,
o comportamento da torcida santista é semelhante ao dos torcedores do Vasco, seu ex-clube.
"Se em 15 ou 20 minutos o time
não fizer gol, eles começam a xingar", afirmou.
De acordo com Carlos Germano, a melhor fórmula para evitar
que a ansiedade do torcedor provoque intranquilidade na equipe
é garantir a posse da bola pelo
maior tempo possível.
"Com isso, não vamos nos desgastar tanto correndo atrás do adversário e teremos mais possibilidades de criar jogadas de gol",
afirmou o goleiro.
O zagueiro Galván recorre aos
tempos em que atuou pelo Racing
(Argentina) como exemplo para
os companheiros não se intimidarem com a pressão da torcida, que
há 15 anos não vê o time conquistar um título de importância.
"Trinta e cinco anos sem ser
campeão, e com craques no time.
Você imagina como é a cobrança
deles? É pior, bem pior", afirmou
o zagueiro argentino.
Texto Anterior: Denúncias fazem presidente do São José pedir licença do cargo Próximo Texto: Rincón faz estréia na Vila Índice
|