São Paulo, domingo, 12 de maio de 2002

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ORIENTE-SE COPA 2002

E o pior juiz do mundo é...

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

S e você espera que eu escreva aqui quem é o pior árbitro do planeta ficará meio desapontado. Mas darei alguns candidatos ao prêmio (a Fifa, que elegeu o melhor jogador do século e elege agora o gol mais bonito, bem que poderia criar essa ""categoria").
A resposta para tal questão está na Copa do Mundo, é claro. O momento máximo do futebol é o palco com maior visibilidade para tudo, até para os juízes ruins.
Um árbitro que comete um erro bobo na pelada de segunda-feira à noite já ganha alguma notoriedade. Mas o que pode ser melhor (ou pior) para a carreira de um péssimo juiz do que cometer erros grosseiros em um Mundial, com bilhões de pessoas assistindo?
A mais comentada arbitragem foi a do suíço Gottfried Dienst, que validou gol na final da Copa-66 (a que o argentino Rattin foi expulso por não falar inglês) quando a bola não ultrapassou a linha do gol -o bandeirinha Bakhramov teria subornado com caviar membro da comissão de arbitragem para atuar na final.
As manobras de Paulo Machado de Carvalho em 1962 foram ""boas", mas a história lembrará sempre do juiz chileno Sergio Bustamante, que marcou falta fora da área em um lance que era pênalti e anulou gol legítimo da Espanha contra o Brasil (em 86 não deram um gol de Michel), ou do peruano Yamazaki, que fez um relatório bem favorável à seleção brasileira após a expulsão de Garrincha na semifinal -o bandeirinha uruguaio desapareceu, e o ponta-direita atuou na final.
As transmissões televisivas foram incrementadas com a tecnologia, mas a Fifa tratou de manter o juiz como astro, dando à figura mais odiada em campo (na maioria das vezes) total poder de decisão e o perdão para tudo.
Em 1982, o alemão Schumacher quase matou o francês Batiston em lance crucial do jogo, e o juiz holandês Charles Corver nem falta marcou. A TV mostrou perfeitamente. O israelense Abraham Klein foi xingado por brasileiros (bem favorecidos contra a URSS) por não marcar um pênalti em Zico e pelos italianos por anular gol legítimo. Tudo claro. Quatro anos depois, Maradona marcou com a mão na Inglaterra. Todo mundo viu, menos o árbitro tunisiano Ali Bennaceur. Show!
O futebol evoluiu em todos os sentidos, menos nos erros de arbitragem. No século 21, os juízes terão ainda mais autoridade (a Fifa os instruiu a não poupar cartões, por exemplo), e diversas câmeras, de vários ângulos, mostrarão novos erros para o mundo.
Simon (até agora só bem conhecido no Brasil) terá a chance de globalizar sua imagem. Márcio Rezende (Botafogo-95 e Copa-98), Renato Marsiglia (Corinthians-88 e Copa-94) e José Roberto Wright (Cruzeiro-87 e Copa-90) tiveram a chance, mas ficarão marcados só aqui no país.

E-mail rbueno@folhasp.com.br



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