|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
20 anos depois
Brasileiro coroa poder da CBF sobre os clubes
Duas décadas após criação, Clube dos 13 começa Nacional sem força política
Para dois dos fundadores, reunião dos grandes times, que buscava assumir o poder do futebol no país, "morreu e não foi enterrada"
RODRIGO BUENO
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1987, eles eram a força no
futebol. Com a CBF falida, os
maiores times nacionais formaram o Clube dos 13 e fizeram
a Copa União. Queriam o poder
sobre o Campeonato Brasileiro, cuja 37ª edição começa hoje.
Vinte anos depois, são seguidores de ordens. A CBF retomou o controle sobre o regulamento, enfraqueceu os clubes
em sua eleição e esmagou ligas
independentes. Restou aos times o dinheiro do Nacional.
Nem o vencedor da Copa
União, o Flamengo, é reconhecido como campeão brasileiro
de 1987 pela CBF. O Sport,
campeão do Módulo Amarelo
(segunda divisão para os grandes), é considerado o vencedor.
Com a Copa União em andamento, a confederação criou
um regulamento. Foi a primeira manobra da entidade para
minar a revolta dos clubes: previa o cruzamento dos vencedores dos módulos Verde (Flamengo) e Amarelo (Sport) para
decidir o campeão nacional.
O C13 não aceitou: tinha um
regulamento próprio. Eram
fundadores: Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians,
Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional,
Palmeiras, São Paulo, Santos e
Vasco. Hoje, são 20 clubes.
E sobram decepções a dois
idealizadores do C13: o são-paulino Carlos Miguel Aidar e o
rubro-negro Márcio Braga. Na
análise deles, a entidade perdeu o sentido e deveria acabar.
"Quando a CBF retomou o
espaço, o C13 morreu. Só não
morreu porque não foi enterrado", explica Aidar, que diz que a
entidade não atingiu seus fins e
identifica a sua decadência com
o início da década de 90.
Após se anunciar falida em
1987, a CBF fortaleceu-se dois
anos depois, quando o genro de
João Havelange, Ricardo Teixeira foi eleito com a promessa
de controlar os clubes.
No início, cuidou da seleção
brasileira. Fechou contratos
milionários e ganhou poder.
Neste período, os clubes controlavam o regulamento do
Brasileiro por meio dos Conselhos Arbitrais, conquista da revolução de 1987. E houve viradas de mesa para favorecê-los.
Depois disso, os clubes se enfraqueceram na política. Na
atual década, a CBF ignorou os
Conselhos Arbitrais. Usou um
artigo de seu estatuto para impor os pontos corridos.
"O básico para os clubes é a liga, que organiza o campeonato
profissionalmente. E não vai
acontecer", diz Márcio Braga.
"O C13 perdeu a direção. Foi
criado para ser um fórum político, e hoje não discute nada."
O último respiro foi em
2000, quando, por um imbróglio jurídico, o C13 voltou a organizar o Nacional, com a Copa
João Havelange. A competição
foi marcada por confusões.
Recentemente, os clubes tornaram-se secundários até na
eleição da CBF. É impossível
eleger um presidente sem
apoio de oito federações.
Só sobrou o lucro financeiro.
A Copa União teve o primeiro
contrato grande de TV: US$ 3,4
milhões/ano pagos pela Globo.
Também surgiram parceiros
como Coca-Cola e Varig.
Hoje, o contrato de TV do
Brasileiro, com a mesma emissora, chega a US$ 184 milhões
(R$ 300 milhões) por ano.
O presidente do C13, Fábio
Koff, não foi encontrado. A
CBF não quis se pronunciar.
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Frase Índice
|