São Paulo, sábado, 12 de maio de 2007

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20 anos depois

Brasileiro coroa poder da CBF sobre os clubes

Duas décadas após criação, Clube dos 13 começa Nacional sem força política

Para dois dos fundadores, reunião dos grandes times, que buscava assumir o poder do futebol no país, "morreu e não foi enterrada"


RODRIGO BUENO
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1987, eles eram a força no futebol. Com a CBF falida, os maiores times nacionais formaram o Clube dos 13 e fizeram a Copa União. Queriam o poder sobre o Campeonato Brasileiro, cuja 37ª edição começa hoje.
Vinte anos depois, são seguidores de ordens. A CBF retomou o controle sobre o regulamento, enfraqueceu os clubes em sua eleição e esmagou ligas independentes. Restou aos times o dinheiro do Nacional.
Nem o vencedor da Copa União, o Flamengo, é reconhecido como campeão brasileiro de 1987 pela CBF. O Sport, campeão do Módulo Amarelo (segunda divisão para os grandes), é considerado o vencedor.
Com a Copa União em andamento, a confederação criou um regulamento. Foi a primeira manobra da entidade para minar a revolta dos clubes: previa o cruzamento dos vencedores dos módulos Verde (Flamengo) e Amarelo (Sport) para decidir o campeão nacional.
O C13 não aceitou: tinha um regulamento próprio. Eram fundadores: Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, São Paulo, Santos e Vasco. Hoje, são 20 clubes.
E sobram decepções a dois idealizadores do C13: o são-paulino Carlos Miguel Aidar e o rubro-negro Márcio Braga. Na análise deles, a entidade perdeu o sentido e deveria acabar.
"Quando a CBF retomou o espaço, o C13 morreu. Só não morreu porque não foi enterrado", explica Aidar, que diz que a entidade não atingiu seus fins e identifica a sua decadência com o início da década de 90.
Após se anunciar falida em 1987, a CBF fortaleceu-se dois anos depois, quando o genro de João Havelange, Ricardo Teixeira foi eleito com a promessa de controlar os clubes.
No início, cuidou da seleção brasileira. Fechou contratos milionários e ganhou poder.
Neste período, os clubes controlavam o regulamento do Brasileiro por meio dos Conselhos Arbitrais, conquista da revolução de 1987. E houve viradas de mesa para favorecê-los.
Depois disso, os clubes se enfraqueceram na política. Na atual década, a CBF ignorou os Conselhos Arbitrais. Usou um artigo de seu estatuto para impor os pontos corridos.
"O básico para os clubes é a liga, que organiza o campeonato profissionalmente. E não vai acontecer", diz Márcio Braga. "O C13 perdeu a direção. Foi criado para ser um fórum político, e hoje não discute nada."
O último respiro foi em 2000, quando, por um imbróglio jurídico, o C13 voltou a organizar o Nacional, com a Copa João Havelange. A competição foi marcada por confusões.
Recentemente, os clubes tornaram-se secundários até na eleição da CBF. É impossível eleger um presidente sem apoio de oito federações.
Só sobrou o lucro financeiro. A Copa União teve o primeiro contrato grande de TV: US$ 3,4 milhões/ano pagos pela Globo. Também surgiram parceiros como Coca-Cola e Varig.
Hoje, o contrato de TV do Brasileiro, com a mesma emissora, chega a US$ 184 milhões (R$ 300 milhões) por ano.
O presidente do C13, Fábio Koff, não foi encontrado. A CBF não quis se pronunciar.


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