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KUERTEN 3 X 1 NORMAN
Campanha em que Kuerten revelou fase mística teve caminho pior, com mais jogos contra cabeças-de-chave, do que em 1997
Ajuda de "alguém" e viradas marcam taça
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Para ganhar o seu segundo título em Roland Garros, Gustavo
Kuerten contou com a ajuda de
"alguém", virou partidas que pareciam perdidas e teve um caminho mais difícil que na sua primeira conquista, em 1997.
Depois de partidas tranquilas
nas duas primeiras rodadas, contra o sueco Andreas Vinciguerra,
que se declarou fã do brasileiro, e
contra o argentino Marcelo Charpentier, com seu cabelo colorido,
Kuerten só enfrentou adversários
de nível elevado.
Contra dois deles, o russo Ievguêni Kafelnikov, campeão de
Roland Garros em 1996, e o espanhol Juan Carlos Ferrero, maior
revelação do tênis espanhol nos
últimos anos, só reagiu -perdia
para ambos por 2 a 1- após ter a
ajuda de "alguém".
Depois da partida contra Ferrero, o brasileiro explicou melhor a
sua fase mística.
"Esse alguém que me ajudou
pode ser o espírito brasileiro, todo
mundo que fica torcendo, de olho
na telinha, empurrando com o
olho cada bola que passa a meio
centímetro da linha", disse Kuerten, na última sexta-feira.
Contra Ferrero, o brasileiro
também teve outra ajuda, dessa
vez bem mais curiosa. No quarto
set, quando estava em situação
crítica na partida, recebeu uma
massagem em que o fisioterapeuta do torneio abaixou o calção de
Kuerten até a metade das nádegas, arrancando risos da platéia.
Com a ajuda de "alguém" e do
massagista, Kuerten superou um
dos caminhos mais difíceis de um
campeão de Roland Garros nos
últimos tempos.
No total, enfrentou quatro cabeças-de-chave -Magnus Norman, Ferrero, Kafelnikov e o
equatoriano Nicolas Lapentti. No
título de 1997, Kuerten enfrentou
três pré-classificados.
Além dos cabeças-de-chave, enfrentou agora, na terceira rodada,
quando perdeu seu primeiro set,
um ex-campeão do torneio, o
norte-americano Michael Chang.
Para levar seu segundo título, o
brasileiro superou dois traumas.
Dessa vez, ele foi eficiente nos
tie-breaks. No total, decidiu um
set, inclusive o último da final
contra Norman, dessa forma em
quatro oportunidades, saindo vitorioso em três.
Também superou um adversário com duas características que
costumam atrapalhar o desempenho do brasileiro. O espanhol Ferrero é mais jovem que Kuerten e
está entre os 20 melhores do mundo. Com jogadores assim, o brasileiro só havia vencido 46% dos
confrontos que disputou.
Muito popular na França, Kuerten foi atração em Roland Garros
desde o início da competição. Na
partida contra Charpentier, ainda
pela segunda rodada, atraiu uma
multidão para a pequena quadra
em que jogava, um fato raro no
torneio, em que geralmente apenas as duas quadras principais recebem lotação máxima.
Para chegar ao título de Roland
Garros, Kuerten disputou, no total, 27 sets, dois a menos que na
campanha de 1997.
Também terminou a competição como o jogador com o maior
número de aces (saques indefensáveis) -foram 75 no total.
A vitória sobre Norman ainda
propiciou a Kuerten superar outras marcas de sua carreira.
O brasileiro tem agora uma série invicta de 13 partidas, que começou no Masters Series de Hamburgo, também vencido por ele.
Antes, no circuito principal da
ATP, que não engloba os torneios
challengers, o brasileiro nunca
havia ficado mais de 11 jogos sem
uma derrota, como aconteceu me
1997, entre Roland Garros e o
Torneio de Bolonha.
Com o título da edição de 2000
do torneio francês, Kuerten também confirma a marca de melhor
tenista ainda em atividade na
competição a partir de 1990.
Além dos dois títulos no período, o brasileiro tem o melhor
aproveitamento de vitórias. Nas
22 partidas que disputou, Kuerten
ganhou 19, o que significa uma
eficiência de 86%.
Dessa forma, Roland Garros fica perto de ser o torneio em que
ele tem os melhores resultados.
Entre as principais competições
da ATP, essa marca fica com o
Masters Series de Roma, onde o
brasileiro ganhou 88% dos jogos
que já disputou.
A vitória de ontem também deixa Kuerten muito perto da Copa
do Mundo, que vai reunir no final
do ano, em Portugal, os oito melhores tenistas da temporada.
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