São Paulo, terça-feira, 12 de junho de 2001

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Com gaúcho, agasalho volta ao banco

DA REPORTAGEM LOCAL

Com Luiz Felipe Scolari, o estilo empolado de Wanderley Luxemburgo e Emerson Leão fica para trás. Sem o terno e a gravata de seus dois antecessores, volta à seleção o velho uniforme de treino, típico da era Zagallo.
Mas as semelhanças entre o novo treinador e o técnico da Copa-98 param por aí.
Scolari, afinal, é conhecido pelo temperamento forte e por exigir disciplina acima de qualquer coisa de seus comandados.
O treinador também é famoso por vigiar o comportamento de seus atletas fora do clube. Scolari costumava contar com a ajuda de informantes para saber o que seus jogadores faziam durante a noite. Não foram poucas as vezes em que puniu atletas por problemas disciplinares extracampo.
Sem meias-palavras, o técnico gaúcho também já entrou em conflito com a imprensa várias vezes. Em uma delas, quando dirigia o Palmeiras, Scolari chegou a agredir um repórter por não ter gostado de uma pergunta sobre a proibição da entrada de torcedores no treino -supostamente uma decisão do treinador.
Scolari também se irritou com uma gravação de sua preleção antes de um treino para uma partida decisiva contra o arqui-rival Corinthians na Libertadores-2000.
Na ocasião, o técnico incentivou os jogadores do Palmeiras a hostilizarem o então atacante corintiano Edílson, que, um ano antes, havia feito embaixadinhas na final do Paulista -em uma partida entre Corinthians e Palmeiras.
Edílson é, ainda hoje, um jogador com quem Scolari já declarou que não quer trabalhar.
Por causa da divulgação da preleção, o técnico fez "greve de silêncio". Só voltou a dar entrevistas quando a classificação do time já estava assegurada.
Scolari também já se envolveu em atrito com outros técnicos. Wanderley Luxemburgo foi seu desafeto mais famoso.
Os dois brigaram quando Scolari estava no comando do Grêmio. O novo técnico da seleção brasileira deu um tapa no ex-técnico do time nacional.
Ainda no Grêmio, Scolari mostrou um de seus artifícios para enganar os adversários.
Na final do Brasileiro-1996, contra a Lusa, o técnico, com o apoio do departamento médico do clube, mandou imobilizar o tornozelo do lateral-direito Arce.
Com isso, fez com que o jogador paraguaio fosse dispensado de uma convocação para a seleção de seu país. Ao mesmo tempo, surpreendeu o adversário.
Escondido, o atleta passou a semana que antecedeu a final treinando cobranças de falta -principal jogada dele. No dia da final, Arce estava em campo.
Gaúcho de Passo Fundo, Luiz Felipe Scolari começou no futebol profissional em 1967, aos 19 anos, como zagueiro no Aymoré (RS). Também jogou pelo Caxias, Novo Hamburgo, Juventude, Grêmio e CSA, time onde também começou a sua carreira de treinador. Já como técnico, Scolari passou por, entre outros, Juventude, Brasil de Pelotas, Goiás, Criciúma, Coritiba, Grêmio, Palmeiras e Cruzeiro.
Seu primeiro título de expressão foi em 1991, pelo Criciúma, quando conquistou a Copa do Brasil e iniciou sua fama de "copeiro". Voltou a vencer a Copa do Brasil com o Grêmio, em 94, e Palmeiras, em 98. Scolari também é bicampeão da Libertadores com esses dois times. Por eles, no entanto, perdeu as duas decisões do Mundial de Tóquio, sua maior frustração.
Ao deixar o Palmeiras, no ano passado, após a derrota para o Boca na final da Libertadores, transferiu-se para o Cruzeiro, onde só ganhou a Copa Sul-Minas.


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