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BASQUETE
Criança esperança
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Oi, meu nome é Gustavo.
Tenho 16 anos e sou jogador da categoria infanto-juvenil
de São José do Rio Preto.
Meu time disputa o campeonato da Federação Paulista e infelizmente está em penúltimo
lugar. Tivemos cinco jogos, perdemos os cinco. Amanhã, temos
nova chance de buscar a primeira vitória. Este está sendo o ano
mais difícil desde que o time se
formou, em 1998. Desde então,
já mudamos três vezes de nome,
clube e patrocinador. É a realidade atual do basquete aqui.
Na verdade, nós, jogadores, temos sorte em disputar a Federação este ano. Houve uma mobilização por parte dos pais, que
criaram uma associação para
garantir nossa participação no
campeonato e ajudar as outras
categorias. Devemos muito a esses pais e pessoas, que vão atrás
de patrocinadores e verbas.
Falei tudo isso só para mostrar
como faltam pessoas lutando
pelo basquete no Brasil e como
uma safra de novos e ótimos jogadores pode se perder devido à
falta de vontade de muitos.
Agora, esperamos retribuir
amanhã. Nosso time tem garra
e vontade, só conta com garotos
de Rio Preto, e nosso maior jogador não passa de 1,95 m. Mesmo assim, jogamos pau a pau.
Oi, aqui é o Gustavo de Rio
Preto. Bom, o sexto jogo foi inesperado. Tínhamos tudo para
vencer. Mas, como sempre (neste campeonato), não deu certo.
No final, eles fecharam bem a
defesa. Faltou um líder no nosso
time para pegar a bola e decidir.
Oi, é o Gustavo. O sétimo jogo,
contra Garça, lá em Garça, foi o
verdadeiro limite. No começo,
parecíamos dispostos. Nosso pivô até quebrou a tabela de acrílico no aquecimento, e tivemos
que mudar de ginásio.
O jogo em si foi muito ruim,
ninguém estava bem, a marcação estava péssima. No final do
primeiro tempo, a desvantagem
chegou a 29 pontos. Às vezes,
parecia que nosso time ia acordar, mas ficava só no "ia". No
ultimo quarto, com uma pressão pesada, roubamos várias
bolas e pegamos muitos rebotes.
Perdemos por 24 pontos.
Oi. Sábado era tudo ou nada.
Pegamos o Santo André, aqui
em casa. Houve até uma mudança de técnico. O novo treinador já foi campeão cadete há
quatro anos com um time daqui
de Rio Preto, que infelizmente
acabou (um daqueles jogadores
é o Alex, do Ribeirão Preto).
A mudança foi meio estranha.
Pegamos um ritmo mais pesado, meu jogo sumiu. Tomamos
uma vantagem logo no começo
de uns 25 pontos, que se manteve até o fim. Foi uma partida estranha, chata, a oitava derrota.
Oi, aqui é o Gustavo, de São
José do Rio Preto. Fomos para
cima do Banespa. Consegui jogar bem na defesa, o que compensou minha falta de iniciativa no ataque. Nosso time conseguiu virar no terceiro quarto e
acabou vencendo por oito pontos. Para mim, foi o meu melhor
jogo. Fiz somente três pontos. Só
que roubei muitas bolas e peguei muitos rebotes, tanto é que
eu estou totalmente machucado
do jogo. Meus joelhos estão ralados, meu braço, estourado, e,
um dia depois da partida, não
conseguia respirar fundo de
tanto que meu peito doía. E assim foi o fim do jejum.
Puericultura 1
Por conta do racionamento de energia, os clubes paulistas enxugaram em até 30% a rotina de treinos das categorias de base.
Algumas sessões são realizadas já no escuro. Isso é mau.
Puericultura 2
Também foram cancelados os jogos no início da noite. Os pais
corujas que me perdoem, mas a garotada vai se ver livre da
pressão de familiares corneteiros na "happy hour". Isso é bom.
Puericultura 3
A NBA e a WNBA acabam de anunciar um convênio com a Gatorade e a Nike para criar uma superliga infantil nos EUA. Escolas e comunidades de bairro receberão cartilhas (regras e dicas), num primeiro momento, e camisetas e bolas, num segundo, para turbinar -e unificar- seus torneios. Cerca de 21 milhões de
crianças norte-americanas entre 5 e 14 anos jogam basquete.
E-mail: melk@uol.com.br
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