FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MONTREAL

Irritados com o comportamento do novato Juan Pablo Montoya nas pistas -e fora delas-, os pilotos da F-1 ensaiam um movimento de boicote ao colombiano.
A partir da próxima etapa do Mundial, o GP da Europa, no dia 24, o piloto da Williams deve começar a sentir os efeitos do descontentamento dos adversários.
Na GPDA (Grand Prix Drivers Association, organização que congrega os pilotos de F-1), Montoya já conseguiu uma "façanha": arrumou intrigas com duas facções normalmente rivais.
Primeiro, com os dois irmãos Schumacher, com as provocações que fez a Michael e Ralf antes mesmo de a temporada começar.
O estopim, porém, foi sua briga com Jacques Villeneuve -tradicional adversário dos Schumacher- no último final de semana.
Chateado por ter sido fechado por Montoya em uma volta rápida, o canadense foi tirar satisfações e chegou a segurar o colombiano pelo colarinho antes de ser contido pelos outros pilotos.
O primeiro efeito do boicote foi imediato. Sempre cercada de sigilo, a GPDA deixou vazar a história da briga. Em Montreal, a agressão a Montoya foi confirmada. Na Europa, já se especula que a associação esteja encaminhando à FIA um pedido para que o comportamento do piloto nas pistas fique sob observação até o final do ano.
Das oito etapas disputadas, Montoya só terminou uma: o GP da Espanha, onde foi o segundo. Hoje ele ocupa apenas a décima colocação do Mundial, com seis pontos, atrás até da dupla da Sauber. Ralf Schumacher, seu companheiro de equipe, já venceu duas provas e ocupa o quarto lugar no campeonato (22 pontos).
Além da revolta dos outros pilotos, a falta de resultados pode complicar a vida de Montoya. Preso à Williams, Jenson Button, hoje na Benetton, pode ser chamado em 2002 para ocupar a vaga do colombiano. A seu favor, o inglês tem um ótimo relacionamento com Ralf, que deve renovar seu contrato nas próximas semanas.
Segundo o jornal inglês "The Sun", Frank Williams teria repreendido o colombiano após a discussão com Villeneuve. O dono da Williams teria dito que estaria disposto a rescindir o contrato de Montoya se uma situação semelhante se repetisse.

Brasileiros
Dentro de duas semanas, o Brasil deve voltar a ter cinco pilotos em uma corrida de F-1. Ricardo Zonta, que substituiu Heinz-Harald Frentzen em Montreal, anteontem, foi chamado para testar para a Jordan nesta semana, novamente no lugar do alemão.
Nunca, na história da F-1, o Brasil havia colocado cinco pilotos em um grid de largada: Zonta, Barrichello, Enrique Bernoldi, Tarso Marques e Luciano Burti.


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