São Paulo, sábado, 12 de junho de 2004

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Com técnico, atleta e sede, Eurocopa fala português

Anfitrião do maior torneio da Europa pela primeira vez, Portugal abre hoje a disputa com Scolari e sua patota no banco e Deco como uma das armas do time

RODRIGO BUENO
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"Com uma força, com uma força que ninguém pode parar/Com uma força, com uma fome que ninguém pode matar."
Do momento em que Portugal abrir a Eurocopa hoje, às 13h, contra a Grécia, até a decisão em Lisboa, no dia 4 de julho, quando a luso-canadense Nelly Furtado cantar o hino oficial da competição, o futebol europeu celebrará a temporada em que assistiu a uma verdadeira aula de português.
A simples escolha de Portugal como país-sede já foi suficiente para inserir a língua no mapa europeu do futebol. Pela primeira vez, o www.uefa.com, site oficial da Uefa, ganhava opção de leitura no idioma da "Terrinha" -a Fifa e a Conmebol ainda ignoram o português, por exemplo.
Mas o Brasil também ajudou: a presença de brasileiros foi notada nos times que venceram os títulos italiano, espanhol, inglês, francês, alemão, holandês e português.
No Porto campeão europeu e no Valencia campeão da Copa Uefa, a língua de Camões e Machado de Assis também falou mais alto, consagrando cinco atletas nascidos no Brasil.
E essa boa fase dos jogadores da ex-colônia pode ser de grande contribuição para Portugal. Além de ser comandada pelo técnico Luiz Felipe Scolari, a seleção do país-sede tem na reserva o meia Deco, naturalizado português, destaque do Porto -os brasileiros Flávio ""Murtosa" Teixeira, auxiliar, e Darlan Schneider, preparador físico, também integram a comissão técnica lusa.
Também a Alemanha pode tentar se beneficiar da atuação de um brasileiro: o camisa 10 Kevin Kuranyi, que nasceu no Rio.
Apostando no interesse a mais gerado pelos laços luso-brasileiros, as TVs nacionais farão a maior transmissão que o país já viu do torneio. Além do canal a cabo Sportv, que transmite as 31 partidas ao vivo, os principais jogos passarão na TV aberta, pela Record, algo que não ocorre desde 1992, quando a Globo mostrou a edição vencida pela Dinamarca.
Nada mal para um torneio que reúne craques como o francês Zidane, o espanhol Raúl, o inglês Beckham e o português Figo, entre outros astros, e que exigiu investimentos de 553 milhões (R$ 2,08 bilhões) só para a construção e modernização de dez estádios.
Em Portugal, a Eurocopa é vista como chance de provar a capacidade de superação de sua gente e oportunidade única de incrementar a indústria do turismo e atrair investimentos ao país. Mas alguns exageros podem comprometer o sucesso das previsões.
Em Braga, foi construído estádio para 30 mil pessoas -numa cidade de 70 mil habitantes. O gasto foi 180% superior ao previsto. Pelo plano inicial, 25% dos custos com estádios seriam da alçada do governo português, que também subsidiaria os juros. Mas até agora só 13% foram pagos.
O forte esquema de segurança do evento teve que ser ainda mais elaborado após atentado em Madri. São 16 países divididos em quatro chaves. O título significará um prêmio de mais de US$ 20 milhões, quase três vezes o que a CBF levou pela Copa. A Letônia, maior "zebra", já ficou com US$ 5 milhões só pela participação.


NA TV - Portugal x Grécia, às 13h, Record e Sportv; Espanha x Rússia, às 15h30, Sportv


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