São Paulo, domingo, 12 de junho de 2011

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Jogos tinham gracejos, fãs e até talento

DO ENVIADO A ARAGUARI

Numa época em que o conservadorismo predominava no país, assistir a 22 garotas correndo de calção e se atirando no gramado era algo inimaginável.
Ainda mais no interior de Minas Gerais.
"A curiosidade dos homens era demais. Em Uberlândia, tiveram que chamar a cavalaria para conter a multidão", conta a dona de casa Zalfa Nader, 66.
"A gente dava autógrafo em todo lugar. Os homens passavam o jogo mandando beijo, acenando, elogiando a gente. Mas tudo com muito respeito", lembra Darci de Deus Leandro, 68.
"Éramos meninas do interior que, de repente, faziam sucesso, viajando pelo país, chamando a atenção. Surgiam paqueras, namoros, troca de cartas. Era um tempo bom, muitas histórias", diz Heloísa Marques.
"Lembro um lance em que cabeceei, e uma colega matou a bola no peito. A torcida veio abaixo, jogava paletó pra cima", conta Zalfa.
E o futebol era pra valer, garantem. "No começo, a gente realmente não sabia absolutamente nada. Nada mesmo. Mas o treinador do Araguari foi ensinando tudo", afirma Heloisa. "Minha posição era armar. Eu fazia o que hoje faz o Kaká", relata a ex-jogadora.
"Chegou um momento em que tínhamos bastante noção tática. Eu jogava pela ponta esquerda. Hoje em dia nem existe mais a função que eu fazia", diz Haidée Dálias Dias, 66.
E sobram críticas sobre a falta de apoio ao esporte. "A CBF deveria dar mais atenção ao futebol feminino. Em outros países, na nossa época, o esporte já era valorizado", conclui Heloísa. (LR)


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