São Paulo, Sábado, 12 de Junho de 1999
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STOP & GO
A nova era

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Talvez apenas uma eventual quebra do jejum ferrarista consiga suplantar em importância o anúncio feito pela Ford, anteontem, em Montreal.
A aquisição da Stewart era dada como certa desde o lançamento do carro desta temporada, no início do ano, na Inglaterra. E o anúncio parece ter sido guardado para a corrida canadense por razões geográficas -o GP do Canadá é um dos únicos do calendário a merecer algum tipo de espaço na mídia norte-americana.
Ironia, a Ford, mais uma vez, assume o papel de pioneira na F-1. No final dos 60, foi a primeira grande montadora a investir na categoria, que decidiu deixar de lado o romantismo dos construtores europeus em troca da montanha de dinheiro proporcionada pela era profissional.
Desse tempo, só sobrou a Ferrari, mesmo assim graças à personalidade única do comendador, que soube preservar sua marca sob a proteção da Fiat.
O resto acabou sendo forçosamente compelido a associações com grandes fornecedores de motores. Quem não fez isso capitulou. E, da mesma forma, quem não seguir os passos de Stewart nos próximos anos também deverá capitular.
O escocês, na verdade, era figura frágil na F-1. Seu time, apesar de todas as boas intenções da família Stewart, tinha o orçamento por demais dependente dos investimentos da Ford.
Detentores de forte tecnologia, poderosos como Frank Williams e Ron Dennis não irão se dobrar facilmente, mas acabarão cedendo (se já não cederam) participações acionárias significativas de seus times -já existe até a informação de que os nomes McLaren e Williams serão precedidos em breve pelo nomes de seus respectivos fornecedores.
Não há o que fazer, reconheceu Stewart, ontem, no Canadá, no exato dia em que completou 60 anos. "Estou me sentindo como quando parei de correr. Com uma sensação estranha, mas seguro de ter feito a coisa certa."

NOTAS

Irvine 1
Líder nas especulações do mercado de pilotos para 2000, o irlandês andou batendo boca em público com Mika Hakkinen. De habilidade ao volante à qualidade de caráter, os elogios foram mútuos e pesados.

Irvine 2
A câmera instalada na Ferrari do irlandês registrou cena rara, ontem, durante o treino. Em plena pista, Irvine tirou a mão do volante e consultou as horas em seu relógio de pulso. Mais tarde, explicou que fez isso apenas para saber se haveria tempo de sobra na sessão para trocar de acerto no carro. Se o irlandês tem contrato com algum relojoeiro, o mesmo agradece.

Le Mans
O circuito francês abriga hoje e amanhã suas 24 Horas, a mais tradicional prova de longa duração do calendário. O investimento das fábricas européias neste ano foi pesado, mas a pole acabou com a Toyota, no carro liderado por Martin Brundle.


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