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TÊNIS
Made in USA
THALES DE MENEZES
COLUNISTA DA FOLHA
Bom, depois da gripe de Gustavo Kuerten, até que o torneio de Wimbledon teve um fecho
de ouro. Pete Sampras e Venus
Williams deram um caráter histórico à edição 2000 do evento.
Ele, ao se tornar o maior recordista de todos os tempos em títulos de Grand Slam. Ela, ao ser a
primeira negra a vencer o torneio
desde os anos 50.
A vitória de Venus significou
muito mais. Trata-se de uma injeção de vida nova no marasmo
que é o topo do tênis feminino nos
últimos anos.
A verdade é que a rivalidade
entre Martina Hingis e Lindsay
Davenport não conseguiu recuperar nem um pouco da atração dos
duelos de Steffi Graf contra Monica Seles ou de Martina Navratilova contra Chris Evert. Talvez porque nenhuma das duas consiga
uma empatia total com a platéia.
Hingis é muito enjoada, e Davenport reclama demais.
Venus, queira ou não, representa o "exótico" no circuito, uma
negra em um esporte de predomínio branco, uma mulher expansiva e divertida em um esporte sisudo. Uma conquista de Venus tem
um valor incalculável no processo
de popularização do tênis em todo o planeta.
E Venus ganhou porque joga
aberto, atacando, sem medo de
bater. Não tem a mesma precisão
de uma Hingis ou de outras campeãs de décadas passadas, mas
compensa isso com vigor. Hingis
seria imbatível se tivesse a mesma
agressividade de Venus Williams.
Por falar em imbatível, o mundo do tênis deu muitas voltas por
aí, mas, na hora da decisão, Pete
Sampras fez valer sua condição
de melhor de todos os tempos.
Patrick Rafter está numa ótima
fase na grama, como Andre Agassi sentiu na semifinal e talvez os
brasileiros sintam na Davis, mas
Sampras, quando joga à vontade
e sem contusões, parece ter sempre a resposta exata para quem o
ataca. Sempre que tentava atacar, Rafter era surpreendido por
uma resposta mortal.
Sampras é um daqueles fenômenos que fazem a mágica do esporte. Como Michael Jordan, Pelé, Ayrton Senna, Mark Spitz... As
pessoas que ficam tentando antecipar a decadência de Sampras
deveriam usar o tempo delas para
pedir a ele que retarde pelo maior
prazo possível sua retirada das
quadras. Ele é daqueles para ser
admirado, filmado e mostrado
aos netos. Joga uma barbaridade.
Enquanto o mundo reverencia
Sampras, os brasileiros treinam
na Austrália para o temido encontro com a equipe da casa nas
quadras de grama de Brisbane.
Aí chega a notícia da contusão de
Gustavo Kuerten, que pode tirá-lo da disputa das semifinais da
Copa Davis.
Bem, aí a porca torce o rabo. Se
Kuerten não jogar, as pretensões
brasileiras vão desmoronar. Com
ele na quadra a coisa já não seria
fácil. Enfrentar Patrick Rafter e
Lleyton Hewitt é difícil em qualquer lugar, muito mais ainda na
grama.
Há tempos, esta coluna errou
feio, na previsão de uma vitória
espanhola por 5 a 0 diante do
Brasil. Mas Kuerten jogou tudo, e
os brasileiros venceram na casa
do rival. Kuerten, Meligeni e até
mesmo André Sá têm chances de
escrever um momento histórico
no tênis. Mas vai ser uma pedreira, das piores.
Azarão
Uma perambulada pelos sites
noticiosos de tênis não registra uma única aposta na equipe brasileira no confronto de
Brisbane. Todos batem o
bumbo para uma possível final da Davis entre EUA e
Austrália. Bob Ledder, da Inglaterra, até coloca Kuerten
como "um tenista capaz de
vencer qualquer outro, em
qualquer situação", mas considera pouco para uma surpresa na Austrália. Pois é.
Duplas
Ainda Wimbledon. O público adorou as decisões de duplas. Estava a favor de Venus
e Serena Williams, que levaram o título. E aplaudiu com
carinho o sexto triunfo de
Mark Woodforde e Todd
Woodbridge. Os "Woodies"
têm cada vez mais dificuldade de concretizar sua aposentadoria. Agora, com o décimo Grand Slam, talvez queiram jogar mais um pouco.
E-mail thalesmenezes@uol.com.br
www.uol.com.br/folha/pensata
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