São Paulo, quarta-feira, 12 de julho de 2000


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TÊNIS
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THALES DE MENEZES
COLUNISTA DA FOLHA

Bom, depois da gripe de Gustavo Kuerten, até que o torneio de Wimbledon teve um fecho de ouro. Pete Sampras e Venus Williams deram um caráter histórico à edição 2000 do evento.
Ele, ao se tornar o maior recordista de todos os tempos em títulos de Grand Slam. Ela, ao ser a primeira negra a vencer o torneio desde os anos 50.
A vitória de Venus significou muito mais. Trata-se de uma injeção de vida nova no marasmo que é o topo do tênis feminino nos últimos anos.
A verdade é que a rivalidade entre Martina Hingis e Lindsay Davenport não conseguiu recuperar nem um pouco da atração dos duelos de Steffi Graf contra Monica Seles ou de Martina Navratilova contra Chris Evert. Talvez porque nenhuma das duas consiga uma empatia total com a platéia. Hingis é muito enjoada, e Davenport reclama demais.
Venus, queira ou não, representa o "exótico" no circuito, uma negra em um esporte de predomínio branco, uma mulher expansiva e divertida em um esporte sisudo. Uma conquista de Venus tem um valor incalculável no processo de popularização do tênis em todo o planeta.
E Venus ganhou porque joga aberto, atacando, sem medo de bater. Não tem a mesma precisão de uma Hingis ou de outras campeãs de décadas passadas, mas compensa isso com vigor. Hingis seria imbatível se tivesse a mesma agressividade de Venus Williams.
Por falar em imbatível, o mundo do tênis deu muitas voltas por aí, mas, na hora da decisão, Pete Sampras fez valer sua condição de melhor de todos os tempos.
Patrick Rafter está numa ótima fase na grama, como Andre Agassi sentiu na semifinal e talvez os brasileiros sintam na Davis, mas Sampras, quando joga à vontade e sem contusões, parece ter sempre a resposta exata para quem o ataca. Sempre que tentava atacar, Rafter era surpreendido por uma resposta mortal.
Sampras é um daqueles fenômenos que fazem a mágica do esporte. Como Michael Jordan, Pelé, Ayrton Senna, Mark Spitz... As pessoas que ficam tentando antecipar a decadência de Sampras deveriam usar o tempo delas para pedir a ele que retarde pelo maior prazo possível sua retirada das quadras. Ele é daqueles para ser admirado, filmado e mostrado aos netos. Joga uma barbaridade.
Enquanto o mundo reverencia Sampras, os brasileiros treinam na Austrália para o temido encontro com a equipe da casa nas quadras de grama de Brisbane. Aí chega a notícia da contusão de Gustavo Kuerten, que pode tirá-lo da disputa das semifinais da Copa Davis.
Bem, aí a porca torce o rabo. Se Kuerten não jogar, as pretensões brasileiras vão desmoronar. Com ele na quadra a coisa já não seria fácil. Enfrentar Patrick Rafter e Lleyton Hewitt é difícil em qualquer lugar, muito mais ainda na grama.
Há tempos, esta coluna errou feio, na previsão de uma vitória espanhola por 5 a 0 diante do Brasil. Mas Kuerten jogou tudo, e os brasileiros venceram na casa do rival. Kuerten, Meligeni e até mesmo André Sá têm chances de escrever um momento histórico no tênis. Mas vai ser uma pedreira, das piores.

Azarão
Uma perambulada pelos sites noticiosos de tênis não registra uma única aposta na equipe brasileira no confronto de Brisbane. Todos batem o bumbo para uma possível final da Davis entre EUA e Austrália. Bob Ledder, da Inglaterra, até coloca Kuerten como "um tenista capaz de vencer qualquer outro, em qualquer situação", mas considera pouco para uma surpresa na Austrália. Pois é.

Duplas
Ainda Wimbledon. O público adorou as decisões de duplas. Estava a favor de Venus e Serena Williams, que levaram o título. E aplaudiu com carinho o sexto triunfo de Mark Woodforde e Todd Woodbridge. Os "Woodies" têm cada vez mais dificuldade de concretizar sua aposentadoria. Agora, com o décimo Grand Slam, talvez queiram jogar mais um pouco.
E-mail thalesmenezes@uol.com.br
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