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Interesse comercial e desgaste de atletas encolhem a Copa dos Campeões
Europa se rende e enxuga o calendário
DA REPORTAGEM LOCAL
Três dias após o final da Copa
do Mundo, os principais clubes
do Brasil, o maior vencedor do futebol mundial, entravam em campo para mais uma competição do
inchado calendário do país.
Uma semana depois, a Europa,
continente que conquistou oito
dos 17 títulos do Mundial e que
abriga os principais atletas do planeta, resolveu adotar medidas para diminuir o excesso de jogos.
Ontem, Lennart Johansson,
presidente da Uefa, entidade que
comanda o futebol na Europa,
anunciou o enxugamento da Copa dos Campeões, principal torneio interclubes do planeta, a partir da temporada 2003/2004.
É um movimento inédito. Na
última década, especialmente, os
europeus viram seu calendário
apenas inchar, ano após ano, ao
condicionarem o futebol às exigências das emissoras de TV.
O torneio continuará sendo disputado por 32 equipes, em oito
grupos de quatro, mas a segunda
fase foi extinta -os 16 times que
passarem pela etapa inicial já entrarão nos mata-matas.
Com a alteração, os finalistas
disputarão 13 partidas -são 17
do atual formato-, se não jogarem a fase preliminar. ""A redução
de competição é de interesse, a
longo prazo, de todos: dos clubes,
dos jogadores, da torcida, dos
meios de comunicação, dos patrocinadores e do futebol europeu
em geral", disse Johansson.
A final da última edição do torneio, na qual o Real Madrid (ESP)
venceu o Bayer Leverkusen
(ALE), foi realizada só 16 dias antes do jogo de abertura da Copa.
Foi a 34ª partida oficial da equipe espanhola em 2002. No final
dos anos 80, um time de ponta da
Europa disputava uma média de
45 confrontos por temporada.
Além disso, o período entre o
término dos campeonatos nacionais do continente e o início da
disputa do Mundial foi o menor
das quatro últimas décadas.
Com isso, muitas estrelas chegaram "baleadas" aos campos asiáticos, já que jogaram muito e não
tiveram tempo para recuperação.
O principal dirigente europeu
destacou a questão dizendo que
"vários jogadores terminaram
contundidos pois estavam esgotados após tantas partidas". Johansson, porém, reconheceu que interesses comerciais pesaram na decisão da Uefa. "Temos razões para crer que o novo formato é um
produto mais atrativo".
Entre os motivos que fizeram a
entidade modificar sua principal
competição interclubes estão o
interesse do público e a capacidade econômica dos meios de comunicação para bancar os direitos de transmissão do torneio.
De acordo com Johansson, ""os
torcedores não conseguem absorver tantas disputas, e as empresas
de comunicação não têm como
pagar tantos eventos".
Até para a venda de direitos de
TV da Copa, o principal produto
do futebol, houve problemas.
A empresa suíça de marketing
ISL, parceira histórica da Fifa, faliu em 2001. Os direitos foram
comprados pelo grupo alemão
Kirch, que, após dificuldades para
revendê-los, também quebrou.
A participação da Uefa na redução do calendário dos clubes europeus não ficará restrita ao formato da Copa dos Campeões.
Na próxima reunião do Comitê
Executivo, em dezembro, deve ser
discutida a situação da Copa da
Uefa, outro torneio da entidade.
Johansson aproveitou para alfinetar o Mundial de Clubes da Fifa,
dizendo que não vai proibir a participação dos times europeus,
mas que não está muito entusiasmado. "Deixarei que eles decidam
se querem ou não jogar. Não é
proibido, mas, do ponto de vista
financeiro, não é nada vantajoso."
O torneio teve a primeira edição
em 2000, no Brasil -a segunda,
em 2001 na Espanha, foi cancelada por causa da quebra da ISL.
Com agências internacionais
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