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Por título, São Paulo renega base
Clube pode ser o 1º brasileiro campeão da Libertadores sem titulares pratas-da-casa
PAULO COBOS
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
O clube que é sinônimo de qualidade nas categorias de base pode
ser o primeiro time do país a ganhar a Taça Libertadores sem nenhum titular formado em casa.
Todos os 11 jogadores do São
Paulo que o técnico Paulo Autuori
vai mandar a campo na quinta-feira, no jogo decisivo contra o
Atlético-PR, começaram suas carreiras em outras agremiações.
Com exceção do goleiro Rogério, que trocou o Sinop-MT pelo
Morumbi ainda garoto, todos os
outros titulares são-paulinos chegaram ao clube já prontos.
E, para desgosto dos cartolas
que culpam a Lei Pelé pelas mazelas do futebol brasileiro, foi graças
a essa legislação que a opção do
São Paulo em trazer de fora em
vez de produzir jogadores em casa não teve nada de cara.
Amparados pela lei que acabou
com o passe há sete anos, os cartolas do Morumbi montaram um time com atletas que estavam, na
maioria dos casos, sem contrato,
casos de Josué e Júnior. Outros
chegaram, também de "graça",
depois de ganharem a liberdade
na Justiça, como Cicinho, que brigou nos tribunais com o Atlético-MG e hoje pode render mais de
5 milhões (cerca de R$ 14 milhões) ao São Paulo. Os poucos
que exigiram o pagamento de
multas rescisórias chegaram a
"preço de banana", como o uruguaio Lugano, que trocou seu país
pelo São Paulo por US$ 200 mil.
"O São Paulo nunca reclamou
da Lei Pelé. Para o clube, a lei é ótima, porque o São Paulo funciona
como uma grife. Todos os jogadores querem jogar no São Paulo. Isso é ótimo", comenta João Paulo
Jesus Lopes, diretor de planejamento do clube paulista.
Segundo o dirigente, o segredo é
fazer contratos longos, de três a
cinco anos, com jogadores que só
custam o salário para o clube.
"Foi dessa forma, explorando a
Lei Pelé, que montamos esse time", afirma Lopes sobre a equipe
que joga a Libertadores.
Quem chegou de fora reconhece a vantagem sobre quem começou no próprio São Paulo. "A Lei
Pelé dificulta para os clubes que
investem na base. Antes, você
preparava o jogador e ficava com
ele o tempo que quisesse", diz o
atacante Amoroso, que tem a
chance de ganhar a Libertadores
com menos de dois meses de clube. Ele completa seu raciocínio
afirmando que a legislação é melhor para quem tem fama.
"A Lei Pelé beneficia quem tem
currículo", acredita o atacante.
Com a contratação de Amoroso, Diego Tardelli, revelação são-paulina, perdeu a posição e foi para a reserva, onde estão outros
atletas crias do clube e que já estiveram no time titular, como Edcarlos, Fábio Santos, Alê e Renan.
Santo de casa
Ganhar uma competição importante sem "santos de casa" é
um fato raro tanto na história do
próprio São Paulo quando de outros clubes brasileiros que já tiveram o gosto de ganhar a Libertadores. Santos, de 1962 e 1963, Cruzeiro, de 1976, Flamengo, de 1981,
e Grêmio, de 1983, tinham praticamente metade de seus titulares
formados em suas bases.
Os campeões continentais do
país na década de 90 já tinham
mais "forasteiros", mas na maioria dos casos os craques do time
eram prata-da-casa.
O Atlético-PR, adversário são-paulino na decisão de quinta-feira, mescla jogadores de fora com
gente da casa, como o volante
Alan Bahia e o meia Fernandinho.
Na sua história, principalmente
nos anos 80 e 90, o São Paulo acumulou títulos com a força da prata-da-casa. No time bicampeão da
Libertadores em 1992 e 1993, brilhavam Cafu e Muller. O atacante
fez parte também da geração
"Menudos do Morumbi", que
deu um título brasileiro para o
clube em 1986.
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