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BASQUETE
Advogado de defesa
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Nem sempre o melhor jogador em quadra é aquele com
números mais expressivos na tabela de estatísticas da partida.
Mas o torcedor não costuma tomar esse cuidado. Geralmente se
satisfaz com a olhadinha no "box
score". Checa o total de pontos
-quando muito, confere também rebotes e assistências- e fecha o veredicto. Quanto maior o
algarismo, maior o elogio.
Inconformados com essa leitura
linear, alguns basqueteiros se dedicaram a buscar uma maneira
matemática de traduzir e resumir
toda a riqueza do esporte.
A procura do Santo Graal, contudo, jamais foi bem-sucedida.
Seja porque as fórmulas pecam
pela arbitrariedade (por que um
rebote vale o mesmo que um lance livre?). Seja porque sofrem com
um paradoxo: almejam a totalidade, mas consideram somente a
dúzia de fundamentos consagrada pelos estatísticos.
A quantificação no basquete
sempre priorizou ações ofensivas.
A NBA, por exemplo, computa a
pontuação dos atletas desde a primeira temporada, em 1947. Fundamentos defensivos, como desarmes e tocos, só começaram a
ser registrados 25 anos depois.
Ainda assim o fosso continua.
O que de mais eficiente pode se
querer do jogador no ataque? Que
faça a cesta. A isso os estatísticos
nunca ficaram desatentos.
O que de mais eficiente pode se
querer do jogador na marcação?
Que impeça o adversário de receber o passe -ou de tentar os pontos, obrigando-o a se desfazer esterilmente da bola. Isso, porém,
nunca pintou em "box scores".
Mas felizmente isso deve mudar. O site 82games.com anunciou que montará uma força-tarefa para verificar o desempenho
defensivo dos atletas da NBA.
Superambicioso, pretende radiografar todos os lances de todas
as partidas -e levantar quem
marcou o jogador que fez a cesta,
identificar quem desguarneceu a
retaguarda para tentar roubar
em vão a bola, revelar quem se
posicionou com precisão para cavar a falta ofensiva, apontar
quem executou o corta-luz que
ajudou o colega a pegar o rebote...
(O site, aliás, caça mão-de-obra.
Se você vê os jogos pela TV, possui
computador, curte a numeralha e
tem uma dose de cara de pau, inscreva-se no www.82games.com/charting.htm.)
Um "box score" defensivo permitirá visualizar instantaneamente a importância de jogadores como Bruce Bowen.
Selado o triunfo do San Antonio, o grande público doméstico
incensou o pivô Tim Duncan. Os
menos bocós aplaudiram a contribuição versátil do armador
Manu Ginóbili. Poucos atinaram
para o desempenho do ala.
Carmelo Anthony (Denver),
Ray Allen (Seattle), Shawn Marion (Phoenix) e Richard Hamilton (Detroit), válvulas de escape
ofensivas de suas equipes, todos
viram seus números caírem diante do "carrapato" nos playoffs.
As estatísticas atuais, contudo,
não reverenciam esse tipo de façanha, subtraem Bowen do pôster do título. Graças à inquieta
galera do 82games.com, quem
via no ala um reles coadjuvante
enfim reconhecerá um craque. E
os craques de hoje que se cuidem.
Retranca 1
Todo patrocinador aspira ao máximo de visibilidade -e a perspectiva de dois campeonatos nacionais paralelos só acentua essa preocupação. Por isso até faz sentido a opção pela reconhecida estrela do
treinador. Ainda assim, é triste constatar que Franca bata às portas
de Hélio Rubens toda vez que pinta dinheiro no caixa. Por que não
deu uma chance de verdade a alguém com idéias diferentes, nem que
sejam só um tiquinho mais modernas? Com um elenco despedaçado
e inadimplente, o técnico Chuí, também prata-da-casa, vinha realizando um trabalho inovador e interessante no clube.
Retranca 2
Voz mais estridente contra a liga independente dos clubes, Wellington Salgado (grupo Universo) assumiu uma vaga no Senado. Afe.
E-mail melk@uol.com.br
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