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Por mais pódio, Cacique Buck se torna "hermano"
Barco do Flamengo espera confirmação de regata no Pan para servir à Argentina
Modelo de fabricação alemã seria cedido para garantir
mínimo de participantes e a realização da prova do 8 com timoneiro, a mais clássica
MÁRVIO DOS ANJOS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Na garagem do Flamengo,
um barco empoeirado esperava
até ontem para saber que destino teria: servir ao Canadá ou à
Argentina. Mas a missão do Cacique Buck, porém, já era sabida: ajudar a garantir a realização da prova do oito com timoneiro, a mais clássica da modalidade. Exige sincronia, ritmo e
velocidade de oito remadores,
submetidos a um timoneiro.
Com 17,35 m de comprimento e 57 cm de largura, o modelo
de fibra de carbono e kevlar, fabricado na Alemanha, faz parte
da flotilha do remo rubro-negro desde 2000 e é o trunfo do
Brasil para aumentar a chance
de medalhas no esporte -justamente por permitir a chance.
Até ontem havia indecisões
sobre a participação do Canadá,
reticente em atuar, e da Argentina, que queria correr, mas
precisava de um barco. Eram
necessárias mais duas embarcações para haver regata, segundo as regras internacionais.
Brasil, Cuba e EUA esperam a
reunião que define tudo hoje.
Virgem em torneios internacionais, Buck está de sobreaviso para a Argentina. Se entrar, o
Canadá terá um barco da delegação brasileira, diz Rodney
Araújo, presidente da Confederação Brasileira de Remo.
Mais uma exceção na vida de
um barco que, em nome de uma
homenagem, quebrou uma tradição do Flamengo, em que todos os barcos têm nomes indígenas. Antes Cacique Pataxó,
coube ao nobre barco homenagear um dos maiores orgulhos
do remo nacional.
Buck era o apelido de Guilherme Augusto do Eirado Silva, remador e técnico responsável por cinco ouros do Brasil
em Pan-Americanos e sete participações olímpicas. Morto em
1996, aos 69, ganhou uma estátua na sede náutica do clube.
Uma situação no mínimo estranha para o timoneiro do Flamengo e da seleção, Nilton Silva Alonço, 58, o Gauchinho
-único do clube carioca-, um
dos mais íntimos profissionais
do barco de quase 100 kg.
"Ganhar daquele barco, ainda mais por levar o nome do
Buck, a gente não vê com bons
olhos", afirma o timoneiro, que
está no remo desde 1969 e, obviamente, conheceu a lenda.
"Tivemos altos e baixos, porque ele tinha temperamento
muito explosivo e eu também.
Mas, na água, sempre houve
muita confiança, o que nos levou a ótimos resultados em
Mundiais e Olimpíadas", recorda Gauchinho, que aparece
marcando o ritmo do oito com
timoneiro nacional desde 1986.
Para quem vive o remo do
Flamengo diariamente, o Pan
pode ser a honra que faltava a
um barco que, com sete anos de
uso, só disputou provas estaduais -todas sem que o Estádio de Remo da Lagoa, agora
reinaugurado, estivesse aberto.
Apesar da indefinição sobre a
realização da prova, a expectativa é grande. Os reparos no
casco devido ao desgaste da
água salobra da lagoa já começaram. Falta só a confirmação.
"Eu diria que é como se um
Porsche só tivesse disputado
alguns ralis", diz Denis Marinho, gerente-geral e remador
que conhece o potencial do Cacique Buck. "É um barco novo
ainda, normalmente esses barcos duram 12 anos. Se ele entrar
no Pan, vai ser uma prova à altura de sua majestade", declara.
As competições de REMO
ocorrem de 14 a 19 de julho
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