São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 2002

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FUTEBOL

O craque da rodada

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Começou a maratona. Muitos jogos, muitos gols, algumas revelações e, pelo visto, pouco futebol de qualidade.
Nas partidas que assisti dessa primeira rodada do Campeonato Brasileiro, à parte alguns belos gols, o que mais me deu prazer foi ver o são-paulino Kaká jogar.
Apenas um ano e meio depois de se profissionalizar, o garoto já parece ter a maturidade e a responsabilidade de um veterano. Foi o grande comandante da vitória tricolor sobre o Paysandu, no sábado.
As circunstâncias do jogo -o São Paulo teve um jogador a menos durante a maior parte do tempo- serviram para realçar a atitude de Kaká, que "chamou para si a responsabilidade", como se costuma dizer, e fez de tudo em campo: ajudou na marcação, armou, lançou, tabelou, driblou, surgiu para concluir. Só faltou o gol.
Mais do que a ausência do afoito Ameli -expulso no meio do primeiro tempo-, Kaká parecia disposto a compensar a lacuna deixada no time do Morumbi pelas saídas de França e Souza. Pode parecer exagero dizer isso, mas quem viu o jogo sabe que o garoto fez o papel dos dois, além do seu próprio.
Entrevistado depois da partida, foi taxativo: "Pode dar a bola para mim, que eu sei o que fazer com ela".
Sabe mesmo. Ao lado de Ronaldinho Gaúcho, Kaká é, por enquanto, o único craque consumado surgido no futebol brasileiro nos últimos anos.
Talvez surjam outros ao longo deste Brasileirão tão desfalcado de estrelas.
 

O Corinthians foi ao Mineirão e mostrou que é possível sobreviver à ausência de Ricardinho. Mas é inegável que, sem ele, fica tudo mais difícil.
Jogando no primeiro tempo um futebol desordenado, com poucas trocas de passes e ações organizadas, o Corinthians acabou beneficiado pelas circunstâncias: fez dois gols de bola parada (um escanteio e uma falta) e jogou boa parte do segundo tempo com um homem a mais (graças à expulsão do atleticano Nem).
A entrada de Fabinho no lugar de Luciano Ratinho deu mais robustez ao meio-campo corintiano, dificultando a criação de jogadas pelo Atlético e possibilitando algumas estocadas perigosas, geralmente com a subida repentina de um volante ou um lateral.
O que não se viu, entretanto, foi aquilo que garantia ao Corinthians, no primeiro semestre, uma superioridade categórica sobre os adversários: o controle enervante da posse de bola e a criação de um leque variado de jogadas ofensivas, sendo a mais perigosa delas a triangulação pela esquerda.
A equipe passou a depender mais dos lances individuais de seus jogadores. Sem Ricardinho, Gil, por exemplo, teve cortado seu elo com Kleber, e os dois praticamente não fizeram jogadas conjuntas. O atacante viu-se forçado a buscar sempre o drible, como um Denílson com menos inspiração.
 

O Santos conquistou uma vitória importante, mas não convenceu plenamente. Há ímpeto e disposição em seus jovens atletas, alguns evidentemente talentosos (como Diego e Robinho), mas falta um pouco de consistência e maturidade ao setor de meio-campo.
Talvez isso venha ao longo do campeonato, consagrando uma nova geração de "meninos da Vila".

Vaga para treinador
Os treinadores preferidos pelos internautas para substituir Scolari na seleção brasileira são Parreira, Oswaldo de Oliveira e Wanderley Luxemburgo. Parreira já disse não, Oswaldo acha prematuro... e Luxemburgo já está em plena campanha pelo cargo. Outros, como Tite e Geninho, correm por fora. São todos bons treinadores. Mas nem sempre é isso o que mais conta.

Mimado e confuso
Todo mundo já falou sobre o papelão de Ronaldo com a Inter. O que me chama a atenção na história é o desencontro de informações, que tem a ver com o fato de ele ter virado uma "entidade" que só se manifesta em seu site ou por meio de assessores e representantes. Será que um homem de 25 anos, que já morou na Holanda, na Espanha e na Itália, não é capaz de tomar decisões por conta própria e assumir a responsabilidade por elas?
Vaga para treinador Os treinadores preferidos pelos internautas para substituir Scolari são Parreira, Oswaldo de Oliveira e Wanderley Luxemburgo. Parreira já disse não, Oswaldo acha prematuro... e Luxemburgo está em plena campanha pelo cargo. Outros, como Tite e Geninho, correm por fora. São todos bons técnicos. Mas nem sempre é isso o que conta.
E-mail jgcouto@uol.com.br



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