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Para José Joaquín Puello, do Comitê Organizador, críticas minaram lucros dos Jogos, estimados em até US$ 70 mi
Santo Domingo sugere boicote brasileiro
DOS ENVIADOS A SANTO DOMINGO
O presidente do Comitê Organizador do Pan, José Joaquín Puello, dirigiu ontem críticas veladas
ao Comitê Olímpico Brasileiro.
Segundo o dominicano, a estratégia de marketing de Santo Domingo-2003 foi prejudicada por
queixas de comitês esportivos que
deveriam ser "amigos".
Questionado se as críticas à organização dos Jogos prejudicaram as finanças do evento, Puello
disse que a República Dominicana foi vítima de preconceito.
"Quando o país é grande, sua
imagem é melhor. Quando é pequeno, é pior. Tivemos que suportar e tolerar todo tipo de crítica, até de comitês que deveriam
ser nossos amigos."
Indagado pela Folha se falava
do COB e do seu presidente Carlos Arthur Nuzman, cujas declarações haviam ganhado repercussão internacional semanas antes
do Pan, Puello subitamente adotou expressão mais séria e perguntou: ""O que você acha?".
Na sequência, quando foi levado à discussão que o COB havia
colocado em dúvida a eficiência
da organização dos Jogos durante
teleconferência com esportistas,
Puello acenou com a cabeça.
Uma pessoa que o acompanhava chegou a aconselhá-lo a adotar
uma postura mais diplomática,
negando que o Brasil tivesse prejudicado os trabalhos do Copan.
"Não, deixe que publique assim.
[Com palavras] não estou afirmando ou negando que o Brasil
tenha nos prejudicado. Mas [com
minha atitude] será possível tirarem as conclusões", respondeu.
Semanas antes do início do Pan,
Nuzman havia dito que a ""organização era preocupante". A seguir,
relacionou uma série de dúvidas.
"Não sabemos se o sistema de
transporte da família pan-americana funcionará a contento nem
se o sistema elétrico suportará os
aparelhos de ar-condicionado".
Por meio de declarações a agências de notícias internacionais,
Puello contra-atacou ao afirmar
que o presidente do COB "não sabia do que estava falando".
Nuzman levou a melhor quando Mário Vázquez Raña, presidente da Organização Desportiva
Pan-Americana, lhe deu razão
-disse ainda que esta edição dos
Jogos foi a que mais trabalho deu.
O Brasil, ou, mais especificamente, o Rio, recebe daqui a quatro anos a próxima edição do Pan.
Apesar do pouco interesse de
empresas particulares em apoiar
o Pan, uma reclamação externada
pelo Copan na semana anterior
aos Jogos, a previsão local é que a
competição gere lucro. Em dinheiro, a entidade prevê que o lucro ficará entre US$ 60 milhões e
US$ 70 milhões, mesmo após ter
sido obrigada a distribuir ingressos gratuitamente para que os ginásios não ficassem vazios.
O Copan diz que um evento como o Pan jamais daria prejuízo.
Pelo planejamento da entidade,
está prevista a devolução de US$
25 milhões ao governo federal.
Os números devem ser totalizados em até um mês após o final do
Pan, que terminará no domingo.
A contabilidade será feita pela
Controladoria Geral da República. O Copan argumenta que essa
seria a garantia de que nenhuma
irregularidade financeira foi perpetrada pelas mãos do Copan.
"Nenhum dinheiro passou por
nossas mãos", diz Puello.
Por meio da assessoria do COB,
Nuzman afirmou que não pretende alimentar rixas com o Copan.
Mas declarou que mantém as críticas à organização, "feitas com o
intuito de que todas as falhas fossem corrigidas a tempo".
Desde o início do Pan, a organização foi alvo de protestos do Brasil, por vários motivos: o formato
errado da bandeira do país utilizada na abertura, as confusões
com o protocolo das cerimônias
de premiação que prejudicaram
atletas brasileiros, a postura inadequada dos seguranças e uma
confusão com o hino nacional.
A imprensa local defendeu o
Copan e veiculou matérias nas
quais os brasileiros são mostrados
como pessoas que só se lamentam.
(EDUARDO OHATA, GUILHERME ROSEGUINI E JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO)
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