São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2005

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Corinthians entrega suas revelações a conselheiro

Com indicação de diretores, André Campoy tem no clube 14 dos 20 atletas que representa

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Por orientação de seus diretores, o Corinthians entrega de bandeja as revelações do CT de Itaquera para um conselheiro que por dez anos foi diretor justamente de seu departamento amador.
Aliado do grupo político de Alberto Dualib, André Palomino Campoy, 49, trabalha com os ex-jogadores corintianos Marcelo Djian e Fabinho. Juntos, administram as carreiras de 14 atletas que têm vínculo com a equipe, entre profissionais e amadores.
Os jogadores do Corinthians preenchem mais da metade da carteira de clientes do trio, que tem cerca de 20 gerenciados. Jô e Coelho são os mais conhecidos.
A cúpula corintiana alega que tal situação não fere os estatutos do clube, tampouco é ilegal. Já a oposição classifica a participação de Campoy como antiética. Os opositores lembram que recente devassa do Conselho Fiscal constatou que empresas ligadas a conselheiros prestam serviços ao clube, sem concorrência.
São membros do Conselho Deliberativo com ligação umbilical ao presidente corintiano ou ao vice de futebol amador, Nesi Curi.
Campoy não foge à regra. No período em que atuou como diretor (de 1993 a 2003) ganhou a confiança de Curi, hoje considerado base de sustentação de Alberto Dualib no poder e que teve participação decisiva para a assinatura do contrato de parceria com a MSI. Campoy também votou favoravelmente ao negócio.
No departamento amador, a preferência pela empresa em que Campoy trabalha é escancarada. "Indicamos o Marcelo Djian aos jogadores porque ele trabalha de maneira correta. Ter ao seu lado alguém que conhece o clube, como o André, também ajuda", disse Manoel Evangelista, diretor de futebol amador, mais conhecido como Mané da Carne.
Ele não esconde que até influencia alguns atletas a deixarem seus agentes para virarem clientes da firma em que Campoy trabalha. "Estamos fazendo a cabeça do Rosinei para trabalhar com o Marcelo", declarou o diretor.
"Já ajudei o Rosinei a receber um aumento recentemente, sem ganhar nada por isso", afirmou Campoy, numa demonstração de sua influência no departamento.
Marcelo Robalinho, empresário de Rosinei, disse esperar "qualquer coisa" do clube.
A escolha de Djian, Campoy e Fabinho como empresários avalizados pelo Corinthians já havia sido revelada pelo lateral Coelho à TV Gazeta no último domingo.
Ele afirmou que não tinha empresário, mas que foi aconselhado a ter um por Andrés Sanchez, vice de futebol e considerado por ele um amigo da família. Em seguida Coelho passou a ser agenciado pelo trio. Sanchez, que disse ter feito a indicação quando era dirigente no futebol amador ao lado de Campoy, e Curi, têm outra versão. Alegam que o jogador pediu para que indicassem um procurador.
"A sugestão foi baseada na integridade que sempre norteou a carreira de Marcelo Djian como atleta do Corinthians", falou Curi.
Uma terceira versão é a de Campoy. "O Andrés me indicou ao Coelho depois que eu pedi para que ele fizesse isso", afirmou.
O relacionamento da diretoria com agentes é motivo de uma antiga polêmica no clube. "Acho um absurdo os diretores do Corinthians se envolverem com empresários, ainda mais com um que também foi dirigente e ainda é conselheiro. Até o Kia Joorabchian, que não conhece o clube, já reclamou que nas categorias de base já há empresários cobrando comissão", diz Rubem Gomes, conselheiro oposicionista.
Segundo Sanchez, trabalhar com Campoy dá mais segurança. "Por ser conselheiro, fica mais difícil fazer sacanagem, porque ele pode ser eliminado do conselho."


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