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Corinthians entrega suas revelações a conselheiro
Com indicação de diretores, André Campoy tem no clube 14 dos 20 atletas
que representa
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
Por orientação de seus diretores, o Corinthians entrega de bandeja as revelações do CT de Itaquera para um conselheiro que
por dez anos foi diretor justamente de seu departamento amador.
Aliado do grupo político de Alberto Dualib, André Palomino
Campoy, 49, trabalha com os ex-jogadores corintianos Marcelo
Djian e Fabinho. Juntos, administram as carreiras de 14 atletas que
têm vínculo com a equipe, entre
profissionais e amadores.
Os jogadores do Corinthians
preenchem mais da metade da
carteira de clientes do trio, que
tem cerca de 20 gerenciados. Jô e
Coelho são os mais conhecidos.
A cúpula corintiana alega que
tal situação não fere os estatutos
do clube, tampouco é ilegal. Já a
oposição classifica a participação
de Campoy como antiética. Os
opositores lembram que recente
devassa do Conselho Fiscal constatou que empresas ligadas a conselheiros prestam serviços ao clube, sem concorrência.
São membros do Conselho Deliberativo com ligação umbilical
ao presidente corintiano ou ao vice de futebol amador, Nesi Curi.
Campoy não foge à regra. No
período em que atuou como diretor (de 1993 a 2003) ganhou a confiança de Curi, hoje considerado
base de sustentação de Alberto
Dualib no poder e que teve participação decisiva para a assinatura
do contrato de parceria com a
MSI. Campoy também votou favoravelmente ao negócio.
No departamento amador, a
preferência pela empresa em que
Campoy trabalha é escancarada.
"Indicamos o Marcelo Djian aos
jogadores porque ele trabalha de
maneira correta. Ter ao seu lado
alguém que conhece o clube, como o André, também ajuda", disse Manoel Evangelista, diretor de
futebol amador, mais conhecido
como Mané da Carne.
Ele não esconde que até influencia alguns atletas a deixarem seus
agentes para virarem clientes da
firma em que Campoy trabalha.
"Estamos fazendo a cabeça do
Rosinei para trabalhar com o
Marcelo", declarou o diretor.
"Já ajudei o Rosinei a receber
um aumento recentemente, sem
ganhar nada por isso", afirmou
Campoy, numa demonstração de
sua influência no departamento.
Marcelo Robalinho, empresário
de Rosinei, disse esperar "qualquer coisa" do clube.
A escolha de Djian, Campoy e
Fabinho como empresários avalizados pelo Corinthians já havia sido revelada pelo lateral Coelho à
TV Gazeta no último domingo.
Ele afirmou que não tinha empresário, mas que foi aconselhado
a ter um por Andrés Sanchez, vice
de futebol e considerado por ele
um amigo da família. Em seguida
Coelho passou a ser agenciado pelo trio. Sanchez, que disse ter feito
a indicação quando era dirigente
no futebol amador ao lado de
Campoy, e Curi, têm outra versão.
Alegam que o jogador pediu para
que indicassem um procurador.
"A sugestão foi baseada na integridade que sempre norteou a
carreira de Marcelo Djian como
atleta do Corinthians", falou Curi.
Uma terceira versão é a de Campoy. "O Andrés me indicou ao
Coelho depois que eu pedi para
que ele fizesse isso", afirmou.
O relacionamento da diretoria
com agentes é motivo de uma antiga polêmica no clube. "Acho um
absurdo os diretores do Corinthians se envolverem com empresários, ainda mais com um que
também foi dirigente e ainda é
conselheiro. Até o Kia Joorabchian, que não conhece o clube, já
reclamou que nas categorias de
base já há empresários cobrando
comissão", diz Rubem Gomes,
conselheiro oposicionista.
Segundo Sanchez, trabalhar
com Campoy dá mais segurança.
"Por ser conselheiro, fica mais difícil fazer sacanagem, porque ele
pode ser eliminado do conselho."
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