São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2007

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guerra e paz

Parapan constrói ponte Bagdá-Rio

Evento, que começa hoje, terá três veteranos do Iraque

Comitê norte-americano tem projeto para incentivar a presença de ex-soldados nos Jogos paraolímpicos, que têm origem militar

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL RIO

Das trincheiras no deserto às pistas e quadras. Essa foi a trajetória de três atletas norte-americanos, Scott Winkler, Carlos Leon e James Stuck, que estão no Rio como parte da equipe paraolímpica de seu país. Representam a ponta-de-lança de um programa do Comitê Olímpico dos EUA para incluir o máximo possível de veteranos de guerra em Jogos para portadores de deficiência.
Juntamente com 1.300 atletas de 25 países, os norte-americanos começam amanhã a disputa do Parapan-Americano do Rio. A cerimônia de abertura será hoje, às 13h, na Arena Multiuso, na Barra da Tijuca.
Em sua terceira edição, o evento será realizado pela primeira vez na mesma cidade do Pan. Ontem, também fato inédito, houve o revezamento de uma tocha parapan-americana. Sua chama foi acesa no Monumento aos Pracinhas, no parque do Flamengo, homenagem aos soldados brasileiros mortos na Segunda Guerra.
É totalmente simbólico: as competições paraolímpicas surgiram como uma disputa de soldados veteranos dessa guerra, em 1948. A primeira Paraolimpíada foi em Roma em 1960.
É com a intenção de retomar essa origem que surgiu o "Programa de veteranos paraolímpicos" nos EUA, em 2003.
"Atualmente, temos um número muito baixo de veteranos na equipe. Historicamente, após o Vietnã e a Coréia, tínhamos vários em equipes paraolímpicas. E não havia um sistema para recrutá-los", justificou o diretor do programa no Comitê dos EUA, John Register.
Agora, a equipe americana recebe ex-soldados que estiveram no Oriente Médio, nas duas guerras do Iraque.
Register lutou na Guerra do Golfo, em 1991. Chegou às classificatórias norte-americanas para os 400 m com barreiras dos Jogos de 1988 e 1992, mas compromissos com o Exército o impediram de seguir adiante. Após a baixa, teria mais chances em 1996. Mas um acidente com uma barreira em um treino foi tão grave que o levou a ter a perna esquerda amputada.
A partir daí, tornou-se um atleta paraolímpico, na natação e no atletismo: ganhou uma medalha de prata. Aposentado, foi o dirigente que deu início ao programa para militares.
"Vamos buscá-los em visitas ao Departamento de Defesa, a hospitais e em outros locais onde há veteranos", explicou.
Caso se integrem ao projeto, os ex-soldados vão morar em centros de treinamento, com as despesas pagas. O objetivo futuro é que cerca de 15% da equipe paraolímpica dos EUA seja formada por militares, com até 220 deles no programa. Em Pequim, no ano que vem, devem ser até 15 atletas.
"É difícil atingir o nível paraolímpico", disse Register.
No Rio, o desafio acontecerá em dez esportes e sete sedes.


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