|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
foco
Veterana de dois Pans, nadadora, agora cega, cura depressão na água
DA SUCURSAL DO RIO
A nadadora Eliane Pereira
disputou dois Pans e quase ficou com o bronze em Winnipeg-67. Ela terminou os 100 m
peito em quarto lugar. Quatro
anos depois, em Cali, a ex-atleta do Fluminense e do Vasco
chegou novamente à final da
prova, mas não subiu no pódio.
A nadadora ficou em sexto lugar na mesma distância.
Agora, Eliane, 54, disputará
o seu terceiro Pan. Cega há
cinco meses, a nadadora competirá nas provas de B1 (sem
visão total) nos Jogos.
""Não estou mais atrás das
medalhas. Quero mostrar a
minha superação", disse Eliane, que entrará na piscina no
primeiro dia de disputa. Nadará a prova dos 100 m livre.
Ela também competirá nas
provas de peito (quinta e sexta), sua especialidade.
""Vou fazer o meu melhor,
mas não quero cobrança", disse a carioca, que começou a
perder a visão após ter sido
atropelada por uma bicicleta
no centro do Rio.
O acidente foi em 2004. Na
ocasião, ela sofreu descolamento de retina. ""Continuei
trabalhando normalmente.
Pouco tempo depois, as letras
começaram a ficar em cima
das outras quando lia o jornal.
Meses após, comecei a ter problemas para dirigir e fui perdendo a visão a cada dia", disse
a nadadora, que teve o seu quadro agravado por diabetes.
Professora de educação física no Parque Aquático Júlio
Delamare até enfrentar os primeiros problemas na visão,
Eliane não esconde que teve
dificuldade para superar o
trauma. ""Não é fácil. Entrei em
uma depressão profunda. Perdi todas as minhas referências.
Estou saindo desta com a ajuda da natação", disse a carioca,
campeã sul-americana nos
100 m peito nos anos 70.
Com três filhos e três netos,
a nadadora, que se submeteu a
quatro cirurgias sem sucesso,
só voltou a nadar neste ano.
""Só tive o diagnóstico de que
a minha cegueira era irreversível no início do ano. Foi um
golpe duro, mas contei com a
força de muita gente. Voltar a
entrar numa piscina foi muito
difícil. Chorei demais, mas
agora me sinto mais aliviada"",
disse Eliane, que chamou a
atenção no Mundial de Cegos,
neste mês, em São Paulo. Conseguiu duas medalhas nas provas de peito (prata e bronze).
Desde que voltou a nadar,
Eliane diz que se emociona
diariamente, mas não pretende abandonar as piscinas ""tão
cedo". ""Estou adorando voltar
a conviver com o ambiente de
competição. Ainda tenho uma
depressãozinha, mas estou vivendo muito mais feliz."
(SR)
Texto Anterior: Esporte é trilha para reinserção pós-guerra Próximo Texto: Basquete cria liga de clubes das Américas Índice
|