São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2008

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Rifa de bicicleta bancou salto de Ketleyn

DO ENVIADO A PEQUIM

"Priorizar o judô sempre foi minha escolha, e não tem como a gente sentir saudade do que não conhece." A explicação para o sucesso de Ketleyn Quadros é simples assim.
Desde cedo, ela percebeu que o caminho para vencer dependia de muita transpiração.
"Ela veio de longe, de família pobre. Foi em busca de algo e sabia que não poderia voltar atrás. Com ela não tem tempo ruim. É disciplinada e cumpre tudo à risca sem reclamar", diz Floriano Almeida, técnico de Ketleyn no Minas, onde atua desde o início de 2006.
No ano passado, depois de perder uma seletiva para o Mundial num domingo, ela voltou ao tatame na segunda.
"Estava de folga, mas nem quis saber", lembra Almeida, para quem a judoca ainda tem muito a evoluir tecnicamente.
Mais velha de três irmãs, a atleta procurou o clube mineiro para aprimorar seu treino.
Robert Rodrigues, técnico de Ketleyn no DF entre 2001 e 2005, conta que a aconselhou a procurar um clube com mais estrutura, onde os atletas visassem grandes competições.
Aceita em Belo Horizonte, ela precisou bancar a taxa de transferência da federação do DF para a mineira.
"Não tínhamos dinheiro, e a mãe da [judoca] Érika [Miranda] arrumou uma bicicleta, que rifamos para pagar a taxa. O cheque quem deu foi ela, porque eu não tinha cheque na época", conta a cabeleireira Rosemary Lima, mãe de Ketleyn. As famílias da leve e da meio-leve (cortada por lesão) são amigas, e as filhas dividem acomodação numa república.
Os momentos com a família são raros. "Ela, de vez em quando, passa um final de semana em Ceilândia. O mês inteiro, só em dezembro, quando tem férias", diz Rosemary, que fez uma vaquinha com amigos para comprar a passagem para ver a filha lutar na China.
Era a realização de um sonho que a garota expressara aos dez anos. Numa redação escolar, lembra a mãe, Ketleyn registrou que iria à Olimpíada.
Na época, ela já trocara as aulas de natação pelo judô. Estava matriculada para nadar no Sesi de Ceilândia. "Chegava cedo e ficava vendo o treino do judô, fascinada com as lutas. Acabei indo para o tatame", diz a flamenguista Ketleyn.
Fã de pagode e namorada de um jogador de futsal, a judoca tem pouco contato com o pai, que escolheu seu nome. "É meio ausente. Tenho duas irmãs, da minha mãe. Dele não sei quantos tenho."0 (LF)


Colaborou a Sucursal de Brasília


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