São Paulo, terça-feira, 12 de agosto de 2008

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MADE IN BRASIL

Lição de casa

PROGRAMA DO GOVERNO ENSINA ALUNOS DE UMA ESCOLA DE PEQUIM A CONHECER UM BRASIL IDÍLICO, ADOTÁ-LO COMO SEGUNDO PAÍS E TORCER POR RONALDINHO E CIA.

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM

Nas costas da camiseta preferida de Zhang Zi Hao, está escrito o nome de Ronaldinho sobre o azul e grená do Barcelona. O garoto chinês de nove anos é fanático pelo futebol brasileiro.
O fascínio pelo país de seu ídolo ficou ainda maior com a chegada dos Jogos Olímpicos. Não apenas porque a seleção poderá jogar em Pequim.
Zhang é aluno de uma das escolas que integram um programa do governo local sobre a Olimpíada. Cada instituição foi escolhida para torcer por um país e aprender um pouco sobre seus costumes e história.
Para a maioria, foi um mergulho em um mundo completamente desconhecido.
Yang Ning, professora e uma das coordenadoras da escola, não sabia bem ao certo onde ficava o Brasil quando recebeu a missão de ensinar os alunos.
Com pesquisas na internet e ajuda da Embaixada do Brasil, montou um panorama de informações básicas -recheadas de estereótipos- sobre o país. Yang diz não ter tido contato com informações negativas sobre o país, como a violência.
"A gente só ouvia falar de futebol e samba. Eu não conhecia nada da geografia do país, da história, da cultura...", conta a professora, que se encantou com as paisagens brasileiras.
Yang ajudou os alunos a fazerem um mural que enfeita a escola Zhong Guan Cun. Fotos do Carnaval, das cataratas do Iguaçu, de índios e comidas típicas dividem espaço com saudações ao Brasil em chinês.
Apaixonado pelo futebol, Zhang se tornou o aluno mais aplicado. Em um evento com Maurício de Souza, criador da "Turma da Mônica", encheu o cartunista de perguntas.
"Eu já sabia que o Brasil ficava na América do Sul e conhecia o futebol", diz, citando Inter, Flamengo, Corinthians, América e São Paulo, seu time brasileiro do coração.
"Agora, fiquei conhecendo muito mais. Sei que a capital é Brasília, que lá tem churrasco, samba, plantação de café", conta ele. As aulas, porém, deixaram algumas lacunas. Zhang, por exemplo, crê que o Rio é a maior cidade do país.
Assim como os colegas, o garoto também se interessou pelas manifestações culturais brasileiras. Uma das atividades foi assistir a uma apresentação de capoeira. "Eles nunca haviam visto de perto. Ficaram encantados", afirma Yang.
Na escola, os alunos têm aulas de basquete, vôlei, kung fu e taekwondo, mas é o futebol que faz mais sucesso. O local ostenta uma ampla pista de atletismo, com campo de futebol, cestas de basquete e redes de vôlei.
"Sonho em ser jogador. Aprecio a técnica dos brasileiros. Não há ninguém que jogue como eles", diz Zhang.
O contato com as informações sobre o Brasil deixou os alunos e a professora mais atentos a tudo que acontece nos Jogos. "Ficamos mais próximos do país. Isso cativou o interesse das crianças. Elas vêem alguém com a bandeira na TV e já ficam atentas", explica Yang.
Os olhos do pequeno Zhang já estão atentos. Ele ensinou aos pais tudo o que aprendeu. E não esconde a ansiedade. Sim, seu ídolo, Ronaldinho, pode jogar em Pequim.
"Eu acho que o Brasil vai ganhar, o basquete e o vôlei também são muito bons. Estou torcendo. Agora é como se fosse meu segundo país."


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