São Paulo, terça-feira, 12 de setembro de 2000

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SAÚDE
Vila Olímpica teme surto da gripe que já matou centenas


Vírus da doença, que leva o nome da cidade-sede dos Jogos Olímpicos, infecta um jogador de futebol da seleção italiana e mantém autoridades australianas em estado de alerta


DO ENVIADO A SYDNEY

Os ventos de Sydney devem carregar algo mais que os recordes do atletismo: o vírus da gripe australiana pode causar um surto nos próximos dias dentro da chamada família olímpica.
O médico Alan Hampson, especialista no assunto dentro da OMS (Organização Mundial da Saúde), já havia alertado que os Jogos vão acontecer muito próximo do período de pico da doença, que é de julho a setembro.
E, antes da competição começar, já existe um caso comprovado e vários atletas com suspeita da doença. A seleção de futebol da Itália foi quem teve a primeira baixa. O zagueiro Marco Zanchi, que atua na Juventus de Turim, foi contagiado na semana passada e é dúvida para a estréia de sua equipe contra a Austrália.
Outros três futebolistas italianos apresentaram estados febris, mas já se curaram. ""Os vestiários são gelados e muito fechados. Não dá para fazer o aquecimento dentro deles", reclamou o técnico da Azzurra, Marco Tardelli.
Segundo a chefe das enfermeiras da Vila Olímpica, Lise Cloughissy, muitos atletas, principalmente os africanos, estão apresentando sintomas da doença.
""Eles não estão acostumados a temperaturas mais baixas e sentiram a diferença quando desembarcaram aqui", afirmou ela.
Segundo Hampson, a concentração humana, o frio e o vento formam o ambiente ideal para o contágio da gripe. ""Os atletas são um grupo de risco ainda maior, porque na fase final de preparação seus organismos têm uma resistência menor", disse.
Os competidores têm à disposição na Vila Olímpica três médicos e três enfermeiras a qualquer hora do dia e da noite. "A maioria das consultas é de atletas. Os dirigentes parecem mais resistentes", disse a enfermeira Laima Wayne.
A recomendação dos organizadores de Sydney-2000 foi para que os esportistas fossem vacinados contra a gripe em seus países. Temendo o contágio, a delegação brasileira, por exemplo, imunizou todos os seus integrantes.
Mas um surto mesmo é difícil de prever. Os hospitais de Sydney ficaram lotados em agosto pelo aumento de casos de gripe.
A chamada gripe australiana ganhou notoriedade mundial no último inverno do hemisfério norte, quando matou centenas de pessoas nos EUA e na Europa.
A gripe é uma doença infecciosa e contagiosa causada pelo vírus Influenza. Já essa ""supergripe"" é causada por um vírus do subgrupo Sydney. Ela pode representar risco de morte se o paciente estiver debilitado e demorar a se tratar. O vírus foi identificado na Austrália em 1997.
(RODRIGO BERTOLOTTO)


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