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Um grande clássico e uma medida muito provisória
JUCA KFOURI
Colunista da Folha
No Morumbi, e não no Pacaembu, como rezam o bom senso e o
melhor gramado, Corinthians e
Palmeiras fazem seu oitavo duelo
nesta temporada.
Que o Corinthians está melhor
ninguém pode negar. Mas que os
elencos se equiparam também é
indiscutível.
A chance que o Palmeiras perdeu de marcar sua ressurreição
no domingo passado, diante do
Cruzeiro, está aí novamente, contra o arqui-rival. Do Corinthians
não se exige quase nada: apenas
que jogue tudo que pode.
A proposta de Medida Provisória enviada pelo Ministério do Esporte que está na mesa da presidência da República (que, aliás,
reluta em assiná-la e talvez decida convertê-la em projeto de lei
para ser aprovado pelo Congresso) limita-se a tratar da questão
das parcerias entre clubes e empresas e (perigo!) dos bingos.
O segundo item é suficientemente nebuloso para ser tema da
reportagem de Lúcio Vaz neste
domingo -que tem também a
minha assinatura muito mais por
uma delicadeza do repórter.
Quanto ao primeiro item, diz o
texto da proposta, no artigo 27,
parágrafo 1: ""Não poderão participar, de uma mesma competição,
entidades desportivas que se associarem ou forem gerenciadas por
idêntica sociedade civil de fins
econômicos, incluindo sua controladora ou controlada; sociedades comerciais admitidas na legislação em vigor, ou, ainda, aquelas
que vierem a ser constituídas por
entidades de prática desportiva
para a administração do desporto". Em bom português: o grupo
HMTF não poderá estar associado ao Corinthians e ao Cruzeiro
ao mesmo tempo, embora, inevitavelmente, vá surgir a questão de
que uma medida legal não pode
ser retroativa, e o grupo norte-americano celebrou seus contratos antes da nova ordem .
Porque nem mesmo o parágrafo
4 do artigo 27 parece abrandar o
que o diz o parágrafo 1: ""As entidades de prática desportiva poderão celebrar contratos de co-gestão, de patrocínio e de licenciamento de marca, observado o disposto no parágrafo 1".
Ou seja, estão abertas novas formas de associação que a Lei Pelé
não contemplava necessariamente, apesar de estar mantida a obrigatoriedade de os clubes se profissionalizarem até o dia 25 de março do ano 2000.
A medida mais esperada, no entanto, não está contemplada na
proposta do ministério, aquela
que permitiria que os contratos
entre atletas e clubes tivessem oito
anos de duração. Caiu na última
hora, sabe Deus por que -e uma
nova Medida Provisória sobre o
mesmo tema precisa esperar quatro meses para ser assinada.
O Conselho Consultivo do São
Paulo (o dos grandes cardeais do
Morumbi) se reuniu na quinta-
feira passada e resolveu fazer uma
moção de censura à entrevista de
Bastos Neto à ""Placar", além de
manifestar sua solidariedade ao
Palmeiras e ao Corinthians, assim
como aos jogadores atingidos pelas palavras do presidente tricolor.
Bela definição da revista espanhola de futebol ""Don Balón":
""Rivaldo, atualmente, é como o
tenista que chega a ser o número
um sem ganhar nunca um torneio
do Grand Slam".
Sem querer criar nenhuma crise
com o bravo samurai Eduardo
""Fighting" Ohata, soube que o
jornal, também espanhol, ""El
País", um dos mais respeitados do
mundo, não cobre boxe por não
considerá-lo um esporte.
Juca Kfouri escreve aos domingos, às terças
e às sextas-feiras
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