São Paulo, Domingo, 12 de Setembro de 1999
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Um grande clássico e uma medida muito provisória

JUCA KFOURI
Colunista da Folha

No Morumbi, e não no Pacaembu, como rezam o bom senso e o melhor gramado, Corinthians e Palmeiras fazem seu oitavo duelo nesta temporada.
Que o Corinthians está melhor ninguém pode negar. Mas que os elencos se equiparam também é indiscutível.
A chance que o Palmeiras perdeu de marcar sua ressurreição no domingo passado, diante do Cruzeiro, está aí novamente, contra o arqui-rival. Do Corinthians não se exige quase nada: apenas que jogue tudo que pode.
A proposta de Medida Provisória enviada pelo Ministério do Esporte que está na mesa da presidência da República (que, aliás, reluta em assiná-la e talvez decida convertê-la em projeto de lei para ser aprovado pelo Congresso) limita-se a tratar da questão das parcerias entre clubes e empresas e (perigo!) dos bingos.
O segundo item é suficientemente nebuloso para ser tema da reportagem de Lúcio Vaz neste domingo -que tem também a minha assinatura muito mais por uma delicadeza do repórter.
Quanto ao primeiro item, diz o texto da proposta, no artigo 27, parágrafo 1: ""Não poderão participar, de uma mesma competição, entidades desportivas que se associarem ou forem gerenciadas por idêntica sociedade civil de fins econômicos, incluindo sua controladora ou controlada; sociedades comerciais admitidas na legislação em vigor, ou, ainda, aquelas que vierem a ser constituídas por entidades de prática desportiva para a administração do desporto". Em bom português: o grupo HMTF não poderá estar associado ao Corinthians e ao Cruzeiro ao mesmo tempo, embora, inevitavelmente, vá surgir a questão de que uma medida legal não pode ser retroativa, e o grupo norte-americano celebrou seus contratos antes da nova ordem .
Porque nem mesmo o parágrafo 4 do artigo 27 parece abrandar o que o diz o parágrafo 1: ""As entidades de prática desportiva poderão celebrar contratos de co-gestão, de patrocínio e de licenciamento de marca, observado o disposto no parágrafo 1".
Ou seja, estão abertas novas formas de associação que a Lei Pelé não contemplava necessariamente, apesar de estar mantida a obrigatoriedade de os clubes se profissionalizarem até o dia 25 de março do ano 2000.
A medida mais esperada, no entanto, não está contemplada na proposta do ministério, aquela que permitiria que os contratos entre atletas e clubes tivessem oito anos de duração. Caiu na última hora, sabe Deus por que -e uma nova Medida Provisória sobre o mesmo tema precisa esperar quatro meses para ser assinada.
O Conselho Consultivo do São Paulo (o dos grandes cardeais do Morumbi) se reuniu na quinta- feira passada e resolveu fazer uma moção de censura à entrevista de Bastos Neto à ""Placar", além de manifestar sua solidariedade ao Palmeiras e ao Corinthians, assim como aos jogadores atingidos pelas palavras do presidente tricolor.
Bela definição da revista espanhola de futebol ""Don Balón": ""Rivaldo, atualmente, é como o tenista que chega a ser o número um sem ganhar nunca um torneio do Grand Slam".
Sem querer criar nenhuma crise com o bravo samurai Eduardo ""Fighting" Ohata, soube que o jornal, também espanhol, ""El País", um dos mais respeitados do mundo, não cobre boxe por não considerá-lo um esporte.


Juca Kfouri escreve aos domingos, às terças e às sextas-feiras


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