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TOSTÃO
Criatividade
Volto ao tema marcação no
futebol. Após as duas partidas
com a Argentina, ficou clara a
importância desse fundamento
no resultado de um jogo.
O torcedor deve estar se questionando: "Por que o Brasil
não atua sempre da maneira
como fez em Porto Alegre? Foi
um jogo atípico? É possível
unir, com frequência, marcação forte com criatividade?".
O grande problema de se utilizar a marcação por pressão é
o desgaste físico. Ninguém consegue executá-la bem durante
todo o jogo. No entanto, se a
equipe obtém uma
vantagem ao final
do primeiro tempo,
pode mudar sua
maneira de jogar
no segundo e usar
o contra-ataque.
Foi assim que
aconteceram os
dois últimos gols
do Brasil sobre a
Argentina, aproveitando a velocidade e a habilidade da dupla
Ronaldo-Rivaldo e o avanço
dos zagueiros argentinos.
Se a seleção repetir essa marcação com mais frequência,
seus excepcionais atacantes estarão sempre com a bola, próximos à área. No último jogo, o
time fez quatro, mas poderia
ter feito seis ou sete.
Rivaldo jogou da mesma maneira que sempre jogou na seleção. A diferença é que o Brasil
estava sempre com a bola, na
intermediária adversária.
Quando melhorar a sincronia, com o recuo do Ronaldinho para receber a bola e a entrada do Rivaldo na área, os
gols virão com mais facilidade.
Esse posicionamento é diferente de colocar o jogador do Grêmio mais atrás e o Rivaldo na
frente. Se o atacante do Barcelona atuar fixo como atacante,
será mais facilmente anulado.
Por outro lado, adiantando a
marcação da zaga e do meio-campo, serão abertos mais espaços na defesa do Brasil, que
tornar-se-á vulnerável. Será a
volta de resultados como 4 a 2,
5 a 4, 5 a 3 e das goleadas.
A equipe ficará mais eficiente, e os jogos, mais bonitos e
emocionantes.
O Brasil sempre teve dificuldades de unir dura marcação
com criatividade. Existe um
clichê de que o jogador que desarma muito é "grosso", e o
craque não pode correr atrás do rival, como se fosse impossível carregar e tocar
piano. Esse conceito
ficou mais evidente
após a divisão no
meio-campo do futebol brasileiro, entre
armadores ofensivos
e defensivos. Além
disso, atletas e técnicos gostam de falar
que o rival é que tem que se
preocupar em marcar o Brasil.
Há alguns anos, a marcação
por pressão vem sendo feita de
forma tímida e rara em todo o
mundo. A capacidade de realizá-la com mais frequência e
qualidade será a grande mudança no futebol nos próximos
anos. Essa poderá ser uma variação moderna do carrossel
holandês de 1974.
Os jogadores não podem permitir que o adversário domine
a bola a três metros de distância, posicione seu corpo e dê o
passe com tranquilidade.
No entanto, para executar
bem a marcação, não basta ter
vontade. É preciso treinar e torná-la um hábito, e não apenas
uma conduta excepcional. Esse
é meu velho sonho de jogador e
de comentarista.
"Clássico é clássico"
O Corinthians novamente
realizou uma grande exibição
contra o Cruzeiro, na última
quarta-feira. Rincón segue
dando aula de como deve jogar
um volante: preciso no passe e
na marcação. Quando não dá
para desarmar, ele recua e ocupa o espaço na frente dos zagueiros, dificultando a ação ofensiva da outra equipe.
O Palmeiras continua subindo de produção e não será surpresa se o time conseguir uma vitória. A equipe não pode cometer o mesmo erro do Cruzeiro, deixar os armadores do Corinthians dominarem a bola e
avançar até próximo à área.
O Corinthians está melhor,
mas, como diz o velho ditado:
"clássico é clássico". Que ele seja sem violência, dentro e fora
do campo.
Privatização e tecnologia
Telefonei para a Telemar, solicitando o serviço pago "Siga-me", que permite uma ligação
ser transferida automaticamente de um telefone para outro. Após um longo tempo seguindo as instruções de uma
gravação, a voz informou-me
que o serviço não podia ser feito, pois minha conta não havia
sido paga. Estranhei, porque o
pagamento é automático, e telefonei para o banco, que confirmou o débito. Um funcionário da instituição ligou para a
Telemar, que lhe informou estar tudo certo.
Tudo resolvido, liguei no outro dia, fiquei novamente um
longo tempo seguindo as instruções da impessoal voz gravada. No final, ela volta a repetir que o serviço não será efetuado, porque a última conta
não havia sido paga.
Depois de muitas conversas,
a Telemar reconheceu seu erro.
Enfim, poderia solicitar o serviço. A funcionária, e não mais
uma voz gravada, me explica
que a pessoa que ligar paga a
tarifa, e eu também. Se for interurbana, pago 50% do valor
-como se eu estivesse recebendo um desconto.
São as maravilhas da tecnologia e da privatização. Desisti
do serviço.
Espero agora um parecer do
Procon-MG sobre a legalidade
do pagamento de 50% a mais
nas tarifas interurbanas.
Tostão escreve aos domingos e às quartas-feiras
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