São Paulo, Domingo, 12 de Setembro de 1999
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FUTEBOL AMERICANO
Maior ídolo pára, e time ampara-se em corredor para obter o que nenhum outro conquistou
Sem "cérebro", Denver almeja o 1º tri

LUÍS CURRO
da Reportagem Local

Numa temporada da NFL (National Football League) que começa hoje com a ausência de dois grandes ídolos Äque anunciaram neste ano suas aposentadoriasÄ, o Denver Broncos tentará fazer história na liga profissional de futebol americano.
A equipe do Estado do Colorado, mesmo sem o quarterback John Elway, seu maior ídolo nos últimos 15 anos, espera poder obter um feito inédito: ganhar três títulos consecutivos.
Até hoje, desde a implantação do Super Bowl (partida decisiva confrontando o vencedor da Conferência Nacional e o da Conferência Americana, em 1966), cinco times tiveram a chance, e desperdiçaram, de registrar o famoso "three in a row" ou "threepeat" ("três na sequência"), já conquistados por equipes nos outros esportes profissionais de grande popularidade na América do Norte.
No basquete, nesta década, por exemplo, tanto a NBA (masculino) quanto a WNBA (feminino) tiveram equipes tricampeãs, com o Chicago Bulls, de Michael Jordan (1991 a 93 e 1996 a 98), e o Houston Comets, da brasileira Janeth Arcain (1997 a 99). Na NBA, entre 1959 e 66, foram oito os títulos seguidos do Boston Celtics.
No beisebol, o Oakland Athletics tem o tricampeonato mais recente da World Series (confronto decisivo da liga profissional), entre 1972 e 74. De 1949 a 53, o New York Yankees (atual campeão) chegou a ganhar cinco temporadas seguidas.
No hóquei, por fim, a Stanley Cup foi conquistada quatro vezes seguidas (de 1980 a 83) pelo New York Islanders, apenas para citar a última grande sequência.
Só a NFL não consagrou até hoje uma dinastia, a fixação na memória dos norte-americanos de uma equipe (e de seus jogadores) que marcou época, que foi tida por todos como imbatível.
Fizeram seu nome, com cinco títulos não-consecutivos cada, San Francisco 49ers e Dallas Cowboys, seguidos de perto pelo Pittsburgh Steelers, com quatro.
Neste campeonato, sem Elway, o ídolo maior, o "three-peat" do Denver Broncos estará nas mãos Äe, primordialmente, nos pésÄdo running back Terrell Davis.
Na verdade, nos dois últimos anos, esse corredor negro de 26 anos, 1,80 m e 95 kg, já "carregou o time" nas costas Äfez um total de 36 touchdows correndo.
Só que foi Elway, 39, loiro e de olhos claros, que, com sua liderança, lançamentos longos, arrancadas arrojadas e algumas viradas espetaculares nos placares Äenfim, o "cérebro" da equipeÄ, ficou com todas as glórias. Antes da chegada de Davis ao time, o quarterback, maior recordista de vitórias na NFL (148), teve o mérito de alcançar três Super Bowls (1986, 87 e 90). Mas falhou em todos. Só quando esteve amparado na segurança do jogo terrestre de Davis (2008 jardas em 98, recorde histórico da equipe) o Denver triunfou em decisões.
Com a aposentadoria de outro astro da liga, o também running back Barry Sanders, 31 (parou a 1.457 jardas de bater o recorde de 16.726 conquistadas por Walter Payton), que desistiu por cansar de perder no inoperante Detroit Lions, as atenções serão todas direcionadas para Davis.
Com uma linha de proteção confiável para as arrancadas dele, com recebedores eficientes e com uma defesa forte (foram mantidos quase todos os jogadores do ano passado), um novo sucesso dos Broncos ficará na dependência de o novo "cérebro" funcionar.
E é aí que fica a dúvida, pois os substitutos de Elway não demonstram muita confiabilidade.
O técnico Mike Shanahan esperava que o experiente Bubby Brister, 37, pudesse dar conta do recado, mas ele teve uma péssima pré-temporada e acabou, no último jogo preparatório, cedendo o lugar para o jovem Brian Griese, 24, que deve começar como titular
(concorre com Chris Miller, 34).
E fica com Brian Griese a última relação com o almejado "three-peat". Seu pai, o quarterback Bob Griese, ganhou dois Super Bowls pelo Miami Dolphins (1972 e 73), mas falhou ao tentar o tri.
A conferir: a estréia dos Broncos é amanhã à noite, em casa, justamente contra os Dolphins.


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