São Paulo, segunda, 12 de outubro de 1998

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JUCA KFOURI
Falta um 9

No melhor Campeonato Brasileiro dos últimos anos, o Palmeiras segue firme e a passos largos na direção de seu quinto título.
E se sofreu para derrotar o organizado time do Inter pode debitar a dificuldade ao árbitro que anulou um gol legítimo de Galeano.
Já o Corinthians desce a ladeira celeremente, especializando-se em tomar gols quando está jogando melhor que seu adversário e em ser incapaz de reagir depois de tomá- lo, como já acontecera antes e voltou a acontecer diante de um flamante Flamengo que ressurge a olhos vistos.
Reitere-se, aqui, o que aqui já foi escrito: falta ao Corinthians um centroavante, marca registrada de quase todos os campeões brasileiros -do Atlético-MG, o primeiro, com Dario, ao Vasco, o derradeiro, com Edmundo.
Assim foi também com o Vasco de Roberto Dinamite, o Inter de Flávio e de Dario, o São Paulo de Serginho e Careca, que também levou o Guarani a um título, o Flamengo de Nunes e Baltazar, outro que levou o Grêmio à glória, o Fluminense de Washington, o Coritiba do raçudo Índio, o Bahia de Charles, o Botafogo de Túlio, o Palmeiras de Evair e Edmundo ou mesmo de Leivinha, que se não era um centroavante típico era um goleador nato.
É verdade que o próprio Corinthians, de Neto, ganhou seu único título prescindindo de um grande centroavante, como o São Paulo de Raí, em 1991, ou o Grêmio de Paulo Nunes, em 1996, ou, ainda, o Vasco de Bebeto em 1989, e o Inter de 1979, com o príncipe Jair. Mas são as exceções.
E não é por outro motivo que o Santos de Viola mantém-se à frente do Corinthians, como a Lusa de Evair e Leandro.
Em regra, um campeão se faz com a volúpia de gols de um centroavante que, mesmo quando não é o artilheiro da competição, obriga a uma preocupação constante do adversário, o que, em relação ao Corinthians, se resume a não fazer faltas perto da área ao sabor de Marcelinho.
E foi a volúpia de gols que levou o Galo de Valdir e o Botafogo de Túlio a fazer o jogo mais espetacular de um campeonato repleto de espetacularidades.
Onde escrevi, na última sexta-feira, que comemorações obscenas "justificam" a violência dos insanos, leia, por favor, explicam.
E olhe lá.
Na coluna de amanhã responderei a carta de Zulaiê Cobra Ribeiro.



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