São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2008

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Torneios on-line turbinam tiro esportivo no Brasil

Sistema de stand virtual derruba gastos e faz esporte ganhar mais competidores

Com competições on-line, confederação brasileira da modalidade já contabiliza aumento expressivo de atletas nos campeonatos


GIULLIANA BIANCONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com um sistema on-line que custou R$ 20 mil à CBTE (Confederação Brasileira de Tiro Esportivo) para ser integrado ao seu banco de dados, a entidade vem mudando a dinâmica desse esporte no país.
Neste ano, os campeonatos brasileiros de provas que integram as modalidades carabina, pistola, tiro ao prato e trap estão sendo disputadas em stands virtuais montados em diversos Estados.
A inovação, sugerida pelo presidente da CBTE, Frederico Costa, deu novo ânimo ao tiro esportivo brasileiro.
Segundo o gerente de tecnologia da confederação, Mauricio Fernandes, houve etapas desta temporada, a exemplo da realizada no Ceará, em julho, que apresentaram aumento de quase 50% no número de atletas se comparadas aos torneios equivalentes de 2007.
"Conseguimos uma forma de fazer os atiradores descartarem custos. Eles não precisam gastar, a cada etapa, com passagens e hospedagem. Podem competir na sua própria cidade. Isso abre uma outra perspectiva para o esporte", afirma Frederico Costa.
Os stands virtuais são locais que abrigam atiradores que não se apresentam na base do campeonato. Nesses pontos há um árbitro da CBTE responsável por homologar as pontuações e digitá-las no sistema on-line.
Os resultados, assim que inseridos no sistema, são acessados em todos os locais de prova e exibidos em telões para que os atletas acompanhem como anda a performance de cada rival.
Atirador que representou o Brasil na Olimpíada de Pequim nas provas de pistola de ar 10 m, pistola livre 50 m e tiro rápido 25 m, Júlio Almeida é um dos que já comemoram a redução de gastos com competições.
"Na semana passada, houve a Copa Recife, uma disputa que valia pontos para o ranking nacional. Eu não gastaria menos de R$ 1.500 para competir em Pernambuco, mas só desembolsei a inscrição, que me custou R$ 50,00, e atirei no Rio de Janeiro, cidade onde moro."
Apesar da boa aceitação que vem tendo entre os atletas, as provas on-line não substituem totalmente as presenciais.
Há torneios, como a última etapas dos campeonatos brasileiros, que exigem a presença dos atleta na base. A intenção da CBTE é fazer com que os atiradores não deixem de sentir a pressão de disparar a arma com os adversários ao lado, já que em competições internacionais as provas ainda são presenciais.
Júlio Almeida, entretanto, defende que a disputa virtual também apresenta peculiaridades que podem abalar o emocional do atirador.
"Eu posso começar a prova sem saber se os meus principais adversários estarão lá, pois como é permitido se inscrever até minutos antes da competição, corro o risco de só saber quem está atirando quando os resultados aparecerem no telão, e isso sempre desperta uma enorme ansiedade", diz.


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