São Paulo, Domingo, 12 de Dezembro de 1999


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FUTEBOL
Entre os times que conquistaram o Campeonato Brasileiro, equipe mineira está na fila há mais tempo
Tabu de 28 anos desafia o Atlético-MG

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O Atlético-MG começa hoje, na partida contra o Corinthians, em Belo Horizonte, a luta para sair da fila de quase três décadas de espera por um segundo título do Campeonato Brasileiro.
O time mineiro é o ex-campeão brasileiro que há mais tempo aguarda por um novo título na competição: 28 anos, contra 21 anos do Guarani e 20 do Internacional de Porto Alegre.
Durante a semana, uma emissora de TV mineira exibiu uma cena, em preto-e-branco, do atual técnico e ex-meia-direita do Atlético-MG, Humberto Ramos, recebendo a bola, correndo até o fundo e cruzando para o centroavante Dario marcar de cabeça.
As imagens eram do gol do título de 1971, primeiro Campeonato Brasileiro a ser realizado e também o último a ser vencido pelo clube mineiro.
Desde então, a torcida do time aguarda que o lance se repita, com outros jogadores no lugar de Ramos e de Dario.
Durante esse período, o time mineiro sempre fez boas campanhas, mas sempre tropeçava nos momentos decisivos.
Só na década de 90, o Atlético-MG ficou quatro vezes entre os quatro melhores times da competição mais importante do país.
Marques, 26, atacante do Atlético-MG, diz que os jogadores têm procurado ficar alheios ao tabu. "Quem sofre com isso é a torcida. Nós estamos há pouco tempo no clube e não somos culpados pelo Atlético não ganhar há tanto tempo", disse o atacante, vice-artilheiro do time no Brasileiro-99 com oito gols marcados.
Dario, 53, atualmente comentarista de futebol na TV, afirma que, naquele dia, diante de milhares de torcedores que lotavam o estádio do Maracanã, ele parou no ar para cabecear o cruzamento de Ramos. "Só helicóptero, beija-flor e o Dadá param no ar", garante, repetindo uma das frases que o deixaram famoso.
Coincidentemente, Humberto Ramos, 49, meia-direita do Atlético e autor do passe para o gol do título em 71, assumiu a função de treinador do clube na última rodada da fase de classificação do Campeonato Brasileiro-99 e agora tem a oportunidade de vencer novamente o título.
Ramos enumera as coincidências entre as campanhas de 1971 e 1999. A decisão foi fora de casa, contra um time alvinegro e o dia era 19 de dezembro, a mesma data para a qual foi marcado o segundo jogo da série final do atual torneio contra o Corinthians.
"Tem mais uma coincidência: o Telê Santana (então técnico do Atlético-MG) estava iniciando sua carreira como treinador de um time principal", diz Ramos.
O técnico lembra que o Atlético-MG não era considerado favorito no início da temporada. "Também era um time sem grandes nomes, mas tinha um grande líder, Odair. Hoje temos o Gallo, que é o meu porta-voz dentro de campo", afirma o técnico.
Outra coincidência é o fato de o atual centroavante do time, Guilherme, ser o líder da artilharia do Brasileiro-99, com 25 gols, sete a mais do que Luizão, do Corinthians, o jogador que mais tem chance de alcançá-lo. Em 1971, Dario também foi o artilheiro do Campeonato Brasileiro.
Para o ex-jogador, que disputou e ganhou com a seleção brasileira a Copa de 70, as semelhanças terminam aí. "O Guilherme é mais técnico que o Dadá. Ele também bate pênalti e falta, o que eu não fazia", diz o artilheiro dos anos 70.
Em mais duas oportunidades, o Atlético-MG chegou à final, mas perdeu para o São Paulo, em 1977, e para o Flamengo, em 1980.
Para Dario, o Atlético-MG teria sido campeão nesses anos se não fosse por falhas de arbitragem e do regulamento da competição. "A água sempre corre para o Rio e São Paulo", diz o artilheiro.


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