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FUTEBOL
Entre os times que conquistaram o Campeonato Brasileiro, equipe mineira está na fila há mais tempo
Tabu de 28 anos desafia o Atlético-MG
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
O Atlético-MG começa hoje, na
partida contra o Corinthians, em
Belo Horizonte, a luta para sair da
fila de quase três décadas de espera por um segundo título do Campeonato Brasileiro.
O time mineiro é o ex-campeão
brasileiro que há mais tempo
aguarda por um novo título na
competição: 28 anos, contra 21
anos do Guarani e 20 do Internacional de Porto Alegre.
Durante a semana, uma emissora de TV mineira exibiu uma cena, em preto-e-branco, do atual
técnico e ex-meia-direita do Atlético-MG, Humberto Ramos, recebendo a bola, correndo até o fundo e cruzando para o centroavante Dario marcar de cabeça.
As imagens eram do gol do título de 1971, primeiro Campeonato
Brasileiro a ser realizado e também o último a ser vencido pelo
clube mineiro.
Desde então, a torcida do time
aguarda que o lance se repita, com
outros jogadores no lugar de Ramos e de Dario.
Durante esse período, o time
mineiro sempre fez boas campanhas, mas sempre tropeçava nos
momentos decisivos.
Só na década de 90, o Atlético-MG ficou quatro vezes entre os
quatro melhores times da competição mais importante do país.
Marques, 26, atacante do Atlético-MG, diz que os jogadores têm
procurado ficar alheios ao tabu.
"Quem sofre com isso é a torcida.
Nós estamos há pouco tempo no
clube e não somos culpados pelo
Atlético não ganhar há tanto tempo", disse o atacante, vice-artilheiro do time no Brasileiro-99
com oito gols marcados.
Dario, 53, atualmente comentarista de futebol na TV, afirma que,
naquele dia, diante de milhares de
torcedores que lotavam o estádio
do Maracanã, ele parou no ar para
cabecear o cruzamento de Ramos. "Só helicóptero, beija-flor e
o Dadá param no ar", garante, repetindo uma das frases que o deixaram famoso.
Coincidentemente, Humberto
Ramos, 49, meia-direita do Atlético e autor do passe para o gol do
título em 71, assumiu a função de
treinador do clube na última rodada da fase de classificação do
Campeonato Brasileiro-99 e agora tem a oportunidade de vencer
novamente o título.
Ramos enumera as coincidências entre as campanhas de 1971 e
1999. A decisão foi fora de casa,
contra um time alvinegro e o dia
era 19 de dezembro, a mesma data
para a qual foi marcado o segundo jogo da série final do atual torneio contra o Corinthians.
"Tem mais uma coincidência: o
Telê Santana (então técnico do
Atlético-MG) estava iniciando sua
carreira como treinador de um time principal", diz Ramos.
O técnico lembra que o Atlético-MG não era considerado favorito
no início da temporada. "Também era um time sem grandes nomes, mas tinha um grande líder,
Odair. Hoje temos o Gallo, que é o
meu porta-voz dentro de campo",
afirma o técnico.
Outra coincidência é o fato de o
atual centroavante do time, Guilherme, ser o líder da artilharia do
Brasileiro-99, com 25 gols, sete a
mais do que Luizão, do Corinthians, o jogador que mais tem
chance de alcançá-lo. Em 1971,
Dario também foi o artilheiro do
Campeonato Brasileiro.
Para o ex-jogador, que disputou
e ganhou com a seleção brasileira
a Copa de 70, as semelhanças terminam aí. "O Guilherme é mais
técnico que o Dadá. Ele também
bate pênalti e falta, o que eu não
fazia", diz o artilheiro dos anos 70.
Em mais duas oportunidades, o
Atlético-MG chegou à final, mas
perdeu para o São Paulo, em 1977,
e para o Flamengo, em 1980.
Para Dario, o Atlético-MG teria
sido campeão nesses anos se não
fosse por falhas de arbitragem e
do regulamento da competição.
"A água sempre corre para o Rio e
São Paulo", diz o artilheiro.
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