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O PERSONAGEM 2
Ramos teve premonição
ao assumir
do enviado a Belo Horizonte
e da Agência Folha,
em Belo Horizonte
Humberto Ramos bem que
tentou deixar o futebol.
Após se aposentar como jogador, virou corretor de imóveis e abriu uma empresa de
recursos humanos. Mas, no
começo do ano, recebeu o convite para ser supervisor de futebol do Atlético-MG, quando,
na época, Toninho Cerezo
-que ele acabou por eliminar
na semifinal- era o treinador.
Veio a demissão de Dario Pereyra na penúltima rodada da
primeira fase, e ele assumiu a
equipe. Mas, afirma, só aceitou
o cargo porque teve uma premonição.
(RB e CHS)
Folha - Como explicar seu
sucesso como técnico, chegando a uma final de Brasileiro com apenas seis jogos no
currículo?
Humberto Ramos - Olha, eu
não aceitaria o cargo para me
queimar, para nunca mais voltar a ele. Esse filme que estão
assistindo hoje, eu vi antes de
assumir o cargo. Eu vi na minha frente um time com característica de vencedor. E vi que
eu poderia ser vencedor.
Folha - Mas quando você se
convenceu totalmente que o
Atlético-MG poderia chegar à
final, podendo ser campeão?
Ramos - Foi depois da segunda vitória sobre o Cruzeiro, nas
quartas-de-final. Passei a acreditar fortemente no meu time
quando fizemos aquele 3 a 2
em nosso arqui-rival, que ainda era apontado como um dos
grandes favoritos para o título.
Folha - Alguns de seus atletas falam que o Corinthians é
o favorito. Você concorda?
Ramos - Não. Agora não há
mais favorito. Os dois times
chegaram à final e têm méritos
para serem campeões. Já revertemos duas vezes as vantagens
do rival. Por que não uma terceira vez?
Folha - O que você mudou
no time em relação ao trabalho de Dario Pereyra?
Ramos - Mudou pouca coisa,
afinal, aprendi muito com Dario. Mas dei muita ênfase na
motivação dos atletas. Por
exemplo, dei liberdade para o
jogador expressar em que posição queria jogar. O Valdir voltou a fazer o que gosta, que é
ser volante. Cláudio Caçapa e
Ronildo podem atacar.
Folha - Essa liberdade se estende para o convívio nos
treinos e na concentração?
Ramos - É a base de tudo. Se
você criar uma barreira, se
achar que é o chefão, vai tudo
por água abaixo. Na minha filosofia, punição é incompetência de quem comanda.
Folha - Muitos falam que a
união é chave do sucesso
atleticano. Acredita nisso?
Ramos - União sem talento
não leva a lugar nenhum. Aqui,
nós temos um propósito. Porém temos jogadores de valor,
que só não estão na seleção
porque estão fora do eixo Rio-São Paulo. É o caso do Marques. Depois temos atletas que
cresceram na hora da decisão.
É o caso do Ronildo, do Belletti.
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