São Paulo, Domingo, 12 de Dezembro de 1999


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FUTEBOL
Após brigas na primeira tentativa de votação, Polícia Militar fica hoje de prontidão na Vila Belmiro
Clima tenso envolve eleição no Santos

FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Santos

O risco de confronto físico entre integrantes das duas chapas que disputam hoje a eleição no Santos vai colocar em prontidão a Polícia Militar na cidade.
O tenente-coronel Renato Ferreira da Cruz, comandante do policiamento na cidade, afirmou que não haverá esquema especial, mas as equipes que estiverem patrulhando o bairro da Vila Belmiro estarão orientadas para pedir reforço em caso de aglomeração diante do estádio santista.
"Tenho uma cidade inteira para policiar, não posso me concentrar somente no Santos, mas essa eleição nos preocupa. Se pressentirmos alguma agressão, passaremos a deslocar pessoal para a Vila Belmiro", afirmou Cruz.
A eleição no clube paulista ganhou proporções semelhantes a de um pleito municipal. Os candidatos colocaram faixas e cartazes pelas ruas, e a disputa é assunto nos principais pontos de encontro de Santos.
No último dia 4, data para a qual estava originalmente marcada a eleição, houve confusão e troca de agressões entre integrantes das duas chapas que disputam o comando do clube.
A situação está representada pela chapa Tradição Alvinegra, encabeçada pelo atual vice-presidente do clube, José Paulo Fernandes, que tem apoio de Pelé, ex-jogador do time.
A chapa de oposição é a Novos Rumos, cujo candidato à presidência é Marcelo Teixeira, que já dirigiu o Santos.
A votação começa às 10h de hoje, mas a movimentação nos arredores do clube deverá ter início por volta das 8h.

Liminar
Na primeira tentativa de realizar a eleição, o presidente do Conselho Deliberativo, Florival Barletta, teve de deixar a Vila Belmiro escoltado pela polícia, pois estava sendo ameaçado por apoiadores das duas facções, inconformados com a suspensão da votação naquele dia.
O motivo da suspensão foi uma liminar (decisão provisória da Justiça) obtida nos tribunais pelo conselheiro Nelson Barros Rodrigues. Ele pleiteava sua inclusão na lista dos efetivos, o que automaticamente garantiria sua reeleição como conselheiro, independentemente da chapa vencedora.
Para fazer seu pedido à Justiça, Rodrigues se baseou no estatuto do clube, que prevê a efetivação do conselheiro após cinco mandatos consecutivos.
O impasse foi superado dias depois, com um acordo entre as duas chapas, fazendo com que Rodrigues e mais 61 conselheiros fossem registrados como suplentes de efetivo.
Com isso, ele retirou a ação na Justiça, o que garantiu a realização, hoje, da eleição.
O clima tenso que envolve o Santos, clube brasileiro de maior expressão internacional nas décadas de 60 e 70, ao lado do Botafogo-RJ, é fruto das campanhas irregulares da equipe, uma das mais tradicionais do país.
O Santos não ganha um título de expressão nacional há 15 anos. A última grande conquista do clube foi o Paulista de 84, conquistado com uma vitória sobre o Corinthians, no Morumbi.
Nesta década, o Santos deixou escapar, em 95, a chance de se sagrar, pela primeira vez em sua história, campeão brasileiro. O time foi derrotado pelo Botafogo-RJ no jogo final, em São Paulo.
Neste ano, o Santos ficou fora da final do Paulista e não se classificou para a segunda fase do Campeonato Brasileiro. O clube também foi eliminado do torneio seletivo para a Libertadores.


Colaborou a Reportagem Local

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