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São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2003

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FUTEBOL

Catracas

JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA

Neste último domingo, estava eu entrando na Vila Belmiro para ver Santos x Grêmio quando vi que um funcionário, em vez de passar os ingressos pela catraca eletrônica, apenas riscava-os com uma espécie de estilete.
Perguntei o porquê disso, e ele respondeu que a catraca estava quebrada. Fiquei ali por mais alguns instantes, até que apareceu um técnico para consertar a catraca e o funcionário voltou a passar os ingressos por ela.
Fui então procurar alguém do Santos para falar sobre isso, e dois rapazes se apresentaram como integrantes da equipe de ouvidoria do clube. Eu contei o que tinha visto. A resposta foi:
- As catracas não valem nada. Elas não contam os ingressos. Só servem para desmagnetizar. (Obs.: Segundo a BWA, empresa que fornece as catracas e os ingressos, a federação paulista e o próprio Santos, as catracas servem sim para fazer a contagem dos ingressos, ao contrário do que disseram os ouvidores.)
- Mas, se elas só desmagnetizam, como se sabe quantos ingressos foram vendidos?
- O pessoal dos guichês faz a contagem.
- Mas assim não é fácil acontecer um erro?
- Tem que ser desse jeito. Essas coisas eletrônicas e mecânicas sempre dão problemas.
Insatisfeito com a resposta, durante a semana pedi para entrevistar alguém do Santos. Estavam lá o funcionário da catraca, o ouvidor e o diretor de patrimônio Antonio Gouvêa, que afirmaram que as catracas quebram mesmo, tanto que a BWA manda vários técnicos por jogo para consertá-las (segundo o Santos, para esse jogo foram mandados quatro; segundo a BWA, mais ainda: sete). E a BWA afirmou que realmente aconselha-se que, quando as catracas quebram, sejam substituídas por um trabalho manual.
Mas aí eu me pergunto: de que vale um sistema eletrônico que acaba sendo substituído por um estilete?
E eu me respondo: nada.
Sem o controle de acesso eletrônico, a prestação de contas é feita com base no guichê. Ou seja, se um clube pediu 10 mil ingressos e devolve 6.000, é porque vendeu 4.000. Mas obviamente esse sistema antigo é muito frágil e pode ser driblado de várias maneiras, como erros na contagem, acrobacias aritméticas, devolução de bilhetes falsos, recebimento de mais ingressos do que o declarado etc...
Ou seja, sem passar pela catraca eletrônica, o sistema de segurança fica aberto, frágil como uma defesa que tenha um anão como zagueiro central.
O presidente da BWA, Bruno Balsimelli, diz que o problema deve ser resolvido no próximo Campeonato Paulista, quando será usado o sistema on-line.
Nesse sistema, que deixará o ingresso R$ 5 mais caro, haverá compras antecipadas e pela internet, postos de venda dentro e fora do estádio, cada comprador terá que fornecer seu CPF e só poderá levar três ingressos.
E, depois que você estiver com os ingressos na mão, por onde terá que passar? Pelas catracas.

Ramalhão
O Santo André começou o ano ganhando a Taça São Paulo de Juniores, ocasião em que desbancou o favorito Palmeiras de Vágner Love, Edmílson e Diego Souza. Depois, foi um dos classificados para o octogonal decisivo do Paulista. Caiu diante do poderoso São Paulo, mas hon- rou a participação. Na batalha final da Série C, obteve o acesso ao vencer, de virada, o Campinense, em Campina Grande. Agora, se superar o Ituano na final da Copa Estado de São Paulo, poderá acrescentar mais um título à sua galeria de troféus (título que vale um ingresso na Copa do Brasil). Cruzeiro à parte, poucas equipes terminam o ano com uma lista de feitos semelhante à do time do ABC. João Ramalho deve estar revirando no túmulo. Mas de felicidade.

E-mail torero@uol.com.br

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