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FUTEBOL
Catracas
JOSÉ ROBERTO TORERO
COLUNISTA DA FOLHA
Neste último domingo, estava eu entrando na Vila
Belmiro para ver Santos x Grêmio
quando vi que um funcionário,
em vez de passar os ingressos pela
catraca eletrônica, apenas riscava-os com uma espécie de estilete.
Perguntei o porquê disso, e ele
respondeu que a catraca estava
quebrada. Fiquei ali por mais alguns instantes, até que apareceu
um técnico para consertar a catraca e o funcionário voltou a
passar os ingressos por ela.
Fui então procurar alguém do
Santos para falar sobre isso, e dois
rapazes se apresentaram como
integrantes da equipe de ouvidoria do clube. Eu contei o que tinha
visto. A resposta foi:
- As catracas não valem nada.
Elas não contam os ingressos. Só
servem para desmagnetizar.
(Obs.: Segundo a BWA, empresa
que fornece as catracas e os ingressos, a federação paulista e o
próprio Santos, as catracas servem sim para fazer a contagem
dos ingressos, ao contrário do que
disseram os ouvidores.)
- Mas, se elas só desmagnetizam, como se sabe quantos ingressos foram vendidos?
- O pessoal dos guichês faz a
contagem.
- Mas assim não é fácil acontecer um erro?
- Tem que ser desse jeito. Essas
coisas eletrônicas e mecânicas
sempre dão problemas.
Insatisfeito com a resposta, durante a semana pedi para entrevistar alguém do Santos. Estavam
lá o funcionário da catraca, o ouvidor e o diretor de patrimônio
Antonio Gouvêa, que afirmaram
que as catracas quebram mesmo,
tanto que a BWA manda vários
técnicos por jogo para consertá-las (segundo o Santos, para esse
jogo foram mandados quatro; segundo a BWA, mais ainda: sete).
E a BWA afirmou que realmente
aconselha-se que, quando as catracas quebram, sejam substituídas por um trabalho manual.
Mas aí eu me pergunto: de que
vale um sistema eletrônico que
acaba sendo substituído por um
estilete?
E eu me respondo: nada.
Sem o controle de acesso eletrônico, a prestação de contas é feita
com base no guichê. Ou seja, se
um clube pediu 10 mil ingressos e
devolve 6.000, é porque vendeu
4.000. Mas obviamente esse sistema antigo é muito frágil e pode
ser driblado de várias maneiras,
como erros na contagem, acrobacias aritméticas, devolução de bilhetes falsos, recebimento de mais
ingressos do que o declarado etc...
Ou seja, sem passar pela catraca
eletrônica, o sistema de segurança
fica aberto, frágil como uma defesa que tenha um anão como zagueiro central.
O presidente da BWA, Bruno
Balsimelli, diz que o problema deve ser resolvido no próximo Campeonato Paulista, quando será
usado o sistema on-line.
Nesse sistema, que deixará o ingresso R$ 5 mais caro, haverá
compras antecipadas e pela internet, postos de venda dentro e fora
do estádio, cada comprador terá
que fornecer seu CPF e só poderá
levar três ingressos.
E, depois que você estiver com
os ingressos na mão, por onde terá que passar? Pelas catracas.
Ramalhão
O Santo André começou o ano
ganhando a Taça São Paulo de
Juniores, ocasião em que desbancou o favorito Palmeiras de
Vágner Love, Edmílson e Diego
Souza. Depois, foi um dos classificados para o octogonal decisivo do Paulista. Caiu diante do
poderoso São Paulo, mas hon-
rou a participação. Na batalha
final da Série C, obteve o acesso
ao vencer, de virada, o Campinense, em Campina Grande.
Agora, se superar o Ituano na
final da Copa Estado de São
Paulo, poderá acrescentar mais
um título à sua galeria de troféus (título que vale um ingresso na Copa do Brasil). Cruzeiro
à parte, poucas equipes terminam o ano com uma lista de feitos semelhante à do time do
ABC. João Ramalho deve estar
revirando no túmulo. Mas de
felicidade.
E-mail torero@uol.com.br
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