São Paulo, segunda-feira, 13 de janeiro de 2003

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Diferentemente dos rivais, Guga joga Grand Slam australiano embalado

Aberto para decolar

FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

O Aberto da Austrália, o primeiro Grand Slam do ano, é atualmente alvo de controvérsia por causa de suas peculiaridades.
Como o torneio é disputado na terceira semana da temporada na Oceania e sob intenso calor, os tenistas precisam iniciar a preparação antes das festas de fim de ano.
Os jogadores reclamam que o atual calendário é muito carregado e que sobra pouco tempo para recarregar as baterias.
Tal cenário, porém, não deve afetar Gustavo Kuerten, 26, que tem estréia prevista para a noite de hoje ou a madrugada de terça, contra o marroquino Hicham Arazi, o 101º do mundo.
Para esta temporada, o brasileiro afirma ter realizado ""a melhor preparação dos últimos cinco anos", o que já lhe rendeu no fim de semana o título do Torneio de Auckland. O planejamento para 2003 começou no início do mês passado, quando Guga se dedicou apenas aos treinamentos em Camboriú (SC), onde eram registradas altas temperaturas.
""Agora é o momento de olhar para trás e lembrar todo o trabalho. Foram 30 dias de muita atividade mesmo, todos puderam ver isso", afirmou ele, que também jogará sem a pressão de defender pontos no Aberto da Austrália.
Se Guga chega embalado ao Grand Slam, vários favoritos ao título na Austrália não se encontram na melhor forma física.
O mais afetado é o russo Marat Safin, que disputou o Masters, em meados de novembro, e a decisão da Copa Davis, encerrada em 1º de dezembro. Sua estréia neste ano aconteceu na semana passada, no Torneio de Sydney.
"Temos as férias mais curtas do que qualquer outro esporte. Os atletas não têm tempo para se recuperar e se preparar para a temporada", disse Safin, o terceiro do ranking, que abandonou o Torneio de Sydney nas quartas-de-final com problemas no ombro.
Além dele, Lleyton Hewitt (AUS), que terminou os dois últimos anos no topo do ranking da ATP e pode enfrentar Guga na terceira rodada do Aberto da Austrália, admitiu estar cansado e falou até em reduzir seu calendário.
O novato suíço Roger Federer, que jogou seu primeiro Masters em 2002, também sofre com o desgaste. Campeão em Sydney no ano passado, o número seis do mundo caiu na estréia neste ano.
Além do pouco tempo de descanso, a mudança climática do fim de uma temporada para o início da outra deve desafiar os tenistas na Austrália. O circuito da ATP termina no começo de dezembro, geralmente em quadras cobertas e no inverno do hemisfério Norte. A largada para 2003, por exemplo, foi dada no último dia 30 em países que registram altas temperaturas nesta época do ano. Na semana passada, alguns jogos no Torneio de Sydney foram disputados a 45C.
Martina Navratilova, ex-número um do mundo e três vezes campeã do Grand Slam, diz que jogar o Aberto da Austrália em janeiro é perigoso. "Alguém vai morrer antes que as coisas mudem, mas creio que ele deveria ser em fevereiro, pelo menos", escreveu Navratilova, 46, em um jornal australiano. "Adoraria jogar aqui, mas é muito quente em janeiro."
A discussão para uma eventual mudança no torneio ganhou força com uma entrevista do presidente da Federação Internacional de Tênis, Francesco Ricci-Bitti, para o jornal alemão "Die Welt". Ele disse que estuda marcar o Grand Slam em março, antecipando os Masters Series de Indian Wells e Miami para fevereiro. Mas não será uma tarefa fácil.
O presidente da Federação Australiana de Tênis, Geoff Pollard, disse que a mudança causaria transtorno logístico, já que que o circuito australiano (que inclui os torneios de Sydney, Canberra, Gold Coast e Perth) teria de acompanhar o Aberto.


Com agências internacionais

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