São Paulo, quinta-feira, 13 de janeiro de 2005

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FUTEBOL

Clube fecha 2004 com déficit superior a R$ 12 milhões e demite diretor

No vermelho, São Paulo perde fôlego para comprar

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

O São Paulo vendeu seu principal jogador em 2004, mas isso não foi suficiente para tirar o clube do do vermelho. A agremiação do Morumbi fechou o ano passado com déficit superior a R$ 12 milhões. Não à toa, o clube tem tido dificuldade para contratar atletas.
A sangria orçamentária provocou até uma crise na cúpula do Morumbi. Chafik Rayes, que ocupava o cargo de diretor de orçamento e controle, foi demitido pelo presidente Marcelo Portugal Gouvêa no final do ano passado. Rayes vinha criticando a política financeira do clube. Para o lugar dele, foi nomeado o conselheiro João Hercilio Bastos.
A justificativa para encerrar 2004 nessa situação é o rombo provocado pela área social e o pequeno caixa obtido pela venda de atletas. Em 2004, só Luis Fabiano foi negociado. A transação com o Porto, de US$ 9,5 milhões, rendeu ao clube cerca de US$ 8 milhões, descontando-se taxas cambiais, comissões e a porcentagem do atleta, que foi de 15%.
Segundo a diretoria, há necessidade de vender US$ 12 milhões para o clube não encerrar um ano no vermelho. Em 2003, as vendas de Kaká, Júlio Baptista e Kléber renderam cerca de US$ 14 milhões à equipe, que apresentou, em seu balanço financeiro, superávit de R$ 7,2 milhões.
Além do menor volume de transações de jogadores, a diretoria atribui à área social o ano negativo. Em 2004, o déficit, sem contar o futebol, foi da ordem de R$ 7 milhões. As equipes amadoras, como vôlei, também representam prejuízo. Só com as categorias de base do futebol, os gastos são de US$ 2 milhões anuais.
No ano passado, o São Paulo custou mais de R$ 90 milhões, R$ 19 milhões a mais do que o orçado. No mês passado, a diretoria pediu suplementação orçamentária de R$ 14 milhões ao Conselho Deliberativo do clube.
O futebol são-paulino, que até setembro apresentava déficit de R$ 37 mil, também terá orçamento mais enxuto em relação ao ano passado, quando gastou R$ 56 milhões. Em 2005, a previsão é de R$ 41 milhões. Nesta semana, o clube perdeu o meia Tcheco por causa de US$ 300 mil, valor pago pelo Santos para ter o jogador do Al-Ittihad por empréstimo.
"Não perdemos jogador por dinheiro. Só não podemos fazer loucuras. Nunca tivemos problemas em viabilizar dinheiro", diz o diretor de planejamento do clube, João Paulo Jesus Lopes.
"Todos os clubes são deficitários. Oxalá o presidente da República tome uma atitude em relação ao futebol. Algumas pessoas reclamam quando vendemos os melhores jogadores. Mas é a única maneira de sobrevivermos. Se alguém tiver um coelho na cartola, me avise", diz o vice de futebol do São Paulo, Juvenal Juvêncio.
O clube do Morumbi afirma também que a contribuição dos cerca de 6.000 sócios (R$ 70 mensais cada um) está defasada.


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