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Mãe ganhou celular e continua na miséria
DO "AGORA", EM BUENOS AIRES
A família de Carlos Tevez se divide em duas, e sua fortuna contempla apenas uma metade.
Indagada se Tevez ainda fala
com a mãe, a irmã Patricia diz
que, no dia 31, ele visitou as duas e
depois foi com amigos à praia.
"Eles se falam, é normal."
Mas ele dá ajuda? "Ah, ele nos
deu um celular. Todas as vezes
que vem aqui, ele avisa."
Hoje, a mãe,
Fabiana Martínez, conhecida
como Trina,
cuida de seu
atual marido,
que tem câncer
generalizado.
Trina teve
três filhos no
Fuerte Apache,
com um homem conhecido como José:
Javier, Patricia
e Carlitos.
No entanto
José morreu dois meses antes de o
jogador nascer. Patrícia diz que
foi um acidente, mas não esclarece. Segundo vizinhos, foi um tiroteio. O casal era conhecido por
usar drogas. A irmã nega.
Mas Trina não ficou sozinha e
logo se juntou a José Luis "Tivi"
Tevez, outro morador de Fuerte
Apache, e logo passam a viver
juntos na favela conhecida hoje
como Villa Matienzo, que também faz parte do bairro.
Segundo vizinhos, Tivi tinha
problemas com álcool, e a vida
dos dois era marcada por brigas.
Dessa relação nasceram mais sete
filhos, que vivem até hoje no local.
Quando Carlitos tinha entre 11
meses e um ano de idade sofreu
um grave acidente, quando uma
chaleira com água fervendo caiu
sobre seu corpo. Trina o socorreu
com uma coberta. O tecido grudou na pele do garoto e por isso a
cicatriz -que vai da orelha direita ao peito- ficou tão aparente.
É aí que sua família se divide. "O
que aconteceu é que minha mãe
sofreu um choque emocional e teve de fazer tratamento psicológico. Ele ficou quase um ano internado e, quando saiu, ela ainda estava meio louca. Foi aí que meus
tios ficaram com ele", diz Patricia.
Quando voltou para casa, Segundo, um pedreiro muito elogiado no bairro e irmão de Tivi, resolveu criar o menino. O garoto
ganhava uma família de verdade.
Segundo já vivia com Adriana
Martínez, irmã de Trina, que não
podia ter filhos e adotou o atleta.
Segundo e Adriana, que obteve
sucesso em um tratamento de fertilidade, tiveram mais quatro filhos: Daniel (atualmente com 17
anos), Miguel Ángel (13), Ricardo
Ariel (11) e Débora Gisell (7).
"A família do Segundo sempre
foi cheia de problemas e muitos
vivem no Fuerte Apache até hoje.
São um monte de irmãos, todos
meio errados: uns bebem, outros
sei lá o que fazem, e um que é louco", diz uma pessoa que viveu no
andar de cima da família Tevez.
"Mas o Segundo sempre fez de
tudo pelos filhos. Quando o Carlitos tinha uns seis anos e começava
a jogar futebol, o Gordo [apelido
de Segundo] pegava os moleques,
colocava-os em uma pequena caminhonete às seis da manhã e ia
trabalhar", conta a pessoa.
A reportagem tentou entrar em
contato com Segundo, mas ele
não quis dar entrevistas. Afirma
que não gosta de aparecer e que
atualmente está ressabiado pelo
tratamento que Carlitos recebeu
da imprensa argentina.
"Não querem saber dele como
jogador, só querem saber de fazer
fofocas e de inventar coisas
ruins", disse Gordo. Nos últimos
dias, ele dava atenção especial ao
filho Miguelito, que joga no Boca.
Para ele, as obras e a rotina sofrida de pedreiro ficaram para
trás. Porém a miséria ainda marca
a família anterior de Carlitos.
A irmã Patrícia mora com seus
quatro filhos num pequeno apartamento térreo no Fuerte Apache,
com muita sujeira e com um plástico preto no lugar de janela. Mas
tem pudor de mostrar onde a mãe
vive. "Melhor não. É uma casa
muito feia."
(APE)
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