São Paulo, quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TOSTÃO

Contratações e reforços


Por dez anos, Roberto Carlos foi o melhor lateral-esquerdo do mundo. No Corinthians, saberemos sua atual forma


É PRECISO separar contratação de reforço. Os clubes brasileiros contrataram muito, mas são pouquíssimos os reforços, desses que entram para melhorar o time. A maioria vai compor o elenco, como diz o chavão.
Entre as dezenas de contratações, surgirão poucos reforços, para "calar a boca dos críticos". Por outro lado, alguns considerados reforços vão fracassar. E há ainda os contratados para compor o elenco, para somar, outro chavão, que vão atrapalhar, subtrair. Vão ser piores do que se esperava. Esses devem ser os mais frequentes.
Os grandes clubes brasileiros estão copiando os europeus e formando quase que dois times, um para disputar a Libertadores ou a Copa do Brasil e outro para os Estaduais e o Brasileiro. Parece até que os clubes são muito ricos.
Basta um jogador, mesmo jovem, dizer que está cansado -alguns não querem jogar certas partidas- ou subir um pouco a taxa de lactato no sangue, exame importante na avaliação física dos atletas, para o técnico poupá-lo.
Por outro lado, com a contratação de muitos veteranos, na tentativa de repetir o fenômeno Petkovic, esses jogadores não podem jogar todas as partidas, mesmo se não estiverem fatigados. O que não se justifica é poupar jovens e veteranos somente por medo de contusões, como tem ocorrido. Há exceções.
Um dos pouquíssimos reforços contratados é Roberto Carlos, mesmo com 36 anos. Ainda mais que o Corinthians não tinha um razoável lateral-esquerdo.
Vi apenas, na íntegra, uma partida de Roberto Carlos, no Fenerbahce. Ele atuou muito bem. Dizem que estava jogando bem, mais como um lateral marcador que como um apoiador. O time turco jogava com duas linhas de quatro, e o armador pela esquerda (André Santos) é que avançava pela ponta. Hoje, no amistoso contra o Huracán, da Argentina, Mano Menezes começa a organizar o Corinthians.
Roberto Carlos foi o melhor lateral marcador e apoiador do mundo, por uns dez anos. Por causa dele e de Cafu, que também brilhou por um longo tempo, os adversários jogavam, contra o Brasil, preocupados em marcar os dois.
Diferentemente de Cafu, que atuou os 90 minutos de todas as partidas em seu limite técnico e físico, Roberto Carlos parecia se poupar, em muitos momentos, como se tivesse um desprezo pelo jogo. Seria uma maneira de recuperar as forças e surpreender o adversário? Será que ele ainda joga bem, como dizem, com 36 anos, porque se poupou mais durante a carreira?
Todos os laterais do Brasil, os bons e os ruins, passaram a imitar Roberto Carlos e Cafu, tentando defender e atacar. Raros fazem bem as duas coisas. Os europeus estão abandonando o lateral-zagueiro, que não passava do meio-campo, e, cada vez mais, copiam o estilo brasileiro, avançando os laterais, alternadamente. O problema é que eles não conseguem formar laterais que atacam e defendem bem.
Roberto Carlos não é mais, há muito tempo, o melhor lateral- -esquerdo do mundo nem é um ex- -jogador em atividade, como diria Paulo César Vasconcelos. Se jogar 50% do que já fez, será melhor do que os outros laterais, que atuam no Brasil ou fora.


Texto Anterior: Paulista-2010: Série A-2 começa hoje com nove partidas
Próximo Texto: Nelsinho Piquet correrá na Nascar nesta temporada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.