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longe de casa
Copa do Brasil desvirtua mata-mata
Um quarto dos participantes da 20ª edição, que começa hoje com 15 partidas, não deve jogar em seus estádios na 1ª fase
Arenas precárias e interesses comerciais
fazem clubes mandarem suas partidas até mesmo
fora de seus Estados
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na essência, a Copa do Brasil
é um mata-mata com cada clube jogando uma vez em seus
domínios. Mas, na prática, a
20ª edição, que começa hoje
com 15 jogos, não é nada disso.
Estádios precários, interesses da televisão e busca por
mais renda devem fazer com
que na primeira fase nada menos do que 16 times, ou exatos
um quarto dos 64 participantes, joguem fora dos estádios
em que costumam mandar
seus jogos. Destes, pelo menos
dez nem nas suas cidades vão
poder se apresentar.
O cúmulo vai acontecer com
o Barras, do Piauí, e com o Roraima, que nem em seus Estados de origem vão atuar.
Segundo a CBF, esses times
estão sediados em Estados que
não contam com campos aptos
para receber o torneio. O Barras, assim, vai pegar o Corinthians em Goiânia, distante
quase 2.000 quilômetros de
sua sede por via terrestre.
Viagem mais curta irá fazer o
Roraima, que elegeu Manaus, a
quase 800 quilômetros de Boa
Vista, para enfrentar o Náutico.
O River, do Piauí, também deve
jogar fora de seu Estado.
Mas não é só pela precariedade das arenas brasileiras que
muitos clubes da Copa do Brasil-08 deixaram suas cidades.
Os dois times sergipanos na
competição, o América e o Itabaiana, são do interior, mas
desde o início optaram por enfrentar, respectivamente Fortaleza e Vasco, em Aracaju.
O regulamento da competição não estipula capacidade
mínima para os estádios antes
das semifinais. A CBF, aliás,
prometia no regulamento da
edição de 2006 exigir arenas
com ao menos 5.000 lugares a
partir de 2007, mas ignorou sua
própria norma no ano passado
e também nesta temporada.
A influência da televisão
também evita que municípios
pequenos tenham a chance de
presenciar jogos da Copa do
Brasil, que tem o Fluminense
como atual campeão e segue
valendo vaga para seu campeão
na Taça Libertadores.
A tabela original previa o jogo
entre o Fast e o Santa Cruz em
Itacoatiara, no interior do
Amazonas. Mas, segundo a
CBF, por "compromissos contratuais com a TV Globo", o jogo precisava ser disputado às
21h45 (de Brasília). E, como o
campo de Itacoatiara não tem
hoje iluminação, o jeito foi
transferir o jogo para Manaus.
Fatores como esse fazem
com que a interiorização da Copa do Brasil causada por resultados obtidos dentro de campo
nos Estaduais tenha seus efeitos um tanto diminuídos.
Em 1989, na sua primeira
edição, 91% dos participantes
da competição eram de capitais
de Estados ou do Distrito Federal. Na competição que começa
hoje, esse índice fica em 55%.
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