São Paulo, sexta, 13 de fevereiro de 1998

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Justiça ameaça rebaixar o Araçatuba

da Reportagem Local

O Araçatuba, último colocado Grupo 2 da Série A-1, tem uma semana para quitar seus débitos com ex-jogadores e com o INSS ou será eliminado do Paulista e rebaixado à Série A-2.
Essa posição foi manifestada ontem pelo presidente do Tribunal de Justiça Desportiva do futebol paulista, Marco Polo del Nero.
O TJD, na segunda-feira, já havia condenado o Araçatuba ao rebaixamento.
Mas Del Nero suspendeu provisoriamente os efeitos dessa decisão alegando que o presidente do clube, Antônio Edwaldo Costa, o Dunga, manifestara ""boa vontade em fazer o clube pagar o que deve". A dívida passa de RÏ 700 mil.
Dunga se manifestou surpreso com a ameaça. ""Já fiz um monte de acordo com os jogadores, paguei tudo, e vem isso agora. É uma campanha para rebaixar o Araçatuba", afirmou.
Mas, segundo Del Nero, o Araçatuba fez acordo com alguns dos seus credores e está perto de fechar com o maior deles, o grupo de jogadores representado pelo Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo.
Mas Olavo Nogueira Ribeiro Jr., advogado do sindicato, negou que esteja próximo um acordo com o clube. ""Na quarta-feira, o Dunga se reuniu conosco, manifestou a intenção de pagar, mas disse que só poderia fazê-lo se a Federação Paulista de Futebol liberasse um dinheiro que estaria retendo."
Segundo Ribeiro, como na reunião não havia representantes da FPF, não foi possível estabelecer os termos de um futuro acordo.
""Se eles aparecerem com uma proposta concreta, somos os primeiros a ter interesse em aceitá-la", disse.
Dunga negou a negociação. ""O Araçatuba não negocia com esse sindicato fantasma, só faz acordo direto com os jogadores. Além disso, não reconhecemos as dívidas julgadas pela Justiça Desportiva, só apela Trabalhista."
Segundo o dirigente, foi o próprio presidente da FPF, Eduardo José Farah, que autorizou o clube a ignorar as dívidas (normalmente salários, luvas e prêmios atrasados) julgadas na esfera esportiva.
Del Nero, porém, disse que essa posição nem merece comentários.
""Quero que a conversa aconteça num nível alto", explicou.
O Araçatuba, apesar de estar na principal divisão do futebol paulista, não possui quase nenhum patrimônio.
Funciona em salas do estádio Adhemar de Barros, que pertence à prefeitura, que, além disso, destina verbas públicas ao clube todos os anos.
A grande maioria dos dirigentes e ex-dirigentes do Araçatuba é formada pela classe política. O presidente, o vice-presidente e o tesoureiro do clube são vereadores na cidade. (MARCELO DAMATO)


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