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Dinheiro de administrações municipais banca times e modalidades abandonados pelas equipes de futebol após a fuga de investidores que encheram cofres no final dos anos 90
Prefeitura Clube aproveita o vácuo do Futebol Clube
MARIANA LAJOLO
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Futebol Clube é coisa do passado. Agora, quem manda no esporte são as prefeituras.
Com investimentos milionários, municípios espalhados pelo
país tomaram o lugar dos ex-poderosos e hoje endividados times
de futebol no esporte brasileiro,
tanto nas modalidades individuais quanto nas coletivas.
Há apenas cinco anos, 16 dos times que disputavam as ligas nacionais de futsal, vôlei e basquete
eram ligados a grandes clubes, como Flamengo, Vasco e Corinthians, em um momento de euforia causado pelo dinheiro fácil de
patrocinadores, como ISL, Bank
of America e HMTF. Agora, apenas quatro equipes nessas ligas
são "boleiras".
Hoje, quase duas dezenas de
clubes nessas modalidades e no
handebol são mantidos por uma
prefeitura. Sem falar em times de
futebol que contam com apoio estatal, como em cidades que recebem royalties do petróleo.
Modalidades individuais, como
judô, taekwondo, tênis de mesa e
boxe, sobrevivem, principalmente, com verbas municipais, que
engordam a conta estatal do esporte -COB e federações são
bancados basicamente com recursos da Lei Piva.
E não são as capitais que estão
na frente dessa nova realidade.
Quem puxa a fila é a região do
ABC. Juntas, Santo André, São
Bernardo e São Caetano têm orçamentos para o esporte que superam R$ 30 milhões. Com um orçamento mais de quatro vezes
maior que o ABC, São Paulo destina R$ 46 milhões à pasta.
"Nós preenchemos o abecedário inteiro. De atletismo a xadrez,
onde tem esporte, São Bernardo
está fazendo", afirma o secretário
de Esporte José Fiorizi Piovesani.
A frase é exatamente a mesma
usada por seu vizinho, Mauro
Checkin, de São Caetano.
O município é o que tem o pé
mais fincado na elite nacional.
São dois times de basquete, dois
de vôlei e dois de handebol.
São Caetano destina 3,3% do orçamento para o esporte -cerca
de R$ 11 milhões. As equipes de
competição recebem 70%.
"O time principal traz o ídolo e
atrai o jovem para o esporte. Essa
é nossa política", afirma Checkin.
Seu vizinho São Bernardo também investe, mas por meio de
parceria. Destina R$ 600 mil por
ano -cerca de metade do custo
do time- ao vôlei do Banespa. O
clube também leva R$ 310 mil como auxílio ao time de futsal.
A cidade investirá neste ano
mais de R$ 2 milhões em repasse a
clubes ou entidades esportivas.
A outra letra do ABC, Santo André, disputou o Nacional de basquete e a Liga de handebol femininas. É também parceira do São
Paulo no futsal. Quem também se
mantém na elite é Suzano (SP),
que há mais de uma década ajuda
a tocar o time masculino de vôlei.
Exemplos também surgem no
Sul. O Paraná está no Nacional
masculino de basquete com Londrina, Santa Catarina, com Joinville. Blumenau mantém um time
na Liga feminina de handebol.
Para alguns, porém, o esporte
competitivo, às vezes pesa. Líder
entre os municípios que mais receberam dinheiro de royalties do
petróleo em 2004, Campos vê seus
times de ponta minguarem. A cidade já "suspendeu" os times de
basquete. O feminino de vôlei só
segue por patrocínio privado.
"Nosso objetivo não é vender
nossa marca. Queremos ser reconhecidos pelos projetos sociais",
afirma o secretário César Licurgo.
Com sua equipe, Campos gasta
cerca de R$ 70 mil por mês. A cidade, porém, quer voltar às quadras, mas só com ajuda.
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